Protestos e músicas carnavalescas marcaram o ato em defesa da Cinemateca Capitólio, realizado neste sábado (8), na praça Daltro Filho, no Centro Histórico de Porto Alegre. O evento, que lotou o local, contou com a presença de dezenas de profissionais da área audiovisual, representantes do meio artístico gaúcho, funcionários públicos e políticos, além de frequentadores da cinemateca. O ato, que começou às 16h, culminou com um abraço coletivo ao antigo Cine Capitólio e acabou logo antes da
chuva forte que caiu no Centro da Capital, em torno das 17h45.
Durante o ato, houve protestos contra o processo de contratualização do antigo Cine Capitólio, que prevê a terceirização da gestão do local por uma organização social, que assumiria os trabalhos por cinco anos, renováveis por outros cinco. A atriz Mirna Spritzer leu uma carta aberta em defesa da cinemateca, que já foi assinada por mais de 140 representantes do meio artístico e audiovisual brasileiro.
“A prefeitura quer delegar toda a gestão da cinemateca. Mas o local está em pleno funcionamento, com reconhecimento nacional e internacional de sua qualidade, e não há nenhum motivo para que o poder público se ausente de sua administração. A equipe atual de servidores está plenamente capacitada para cumprir sua missão, e não vemos economia do ponto de vista financeiro. Por que então entregar para particulares um serviço público que funciona?”, questiona o presidente da Associação dos Amigos do Cinema Capitólio (AAMICA), Luiz Antonio Grassi.
A AAMICA e outras entidades defendem a realização de uma audiência pública para que o tema do futuro do Capitólio seja discutido pela comunidade. “A gente entende que a cinemateca precisa de parceria para conseguir mais verbas", afirma a cineasta e presidente da Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do RS (APTC-RS), Daniela Strack. No entanto, ela defende que não há necessidade de colocar uma gestão de fora para o Capitólio. "Os servidores que lá trabalham estão entre os mais qualificados e reconhecidos do Brasil”, critica.
O edital que a prefeitura deve lançar para a contratualização da Cinemateca Capitólio deve prever, entre outros pontos, garantias de democratização do acesso, com sessões com cobranças de ingressos a preços populares e 30% da programação com entrada gratuita. A totalidade de receitas geradas em razão da parceria deverá ser aplicada na Cinemateca.
Na próxima terça-feira (11) deve ocorrer uma nova reunião entre entidades defensoras dos servidores da Cinemateca Capitólio e a Prefeitura Municipal para debater o edital. Os funcionários do Capitólio estão ligados à Secretaria de Cultura.
Segundo o secretário da pasta, Luciano Alabarse, todos os servidores serão mantidos, bem como a forma de funcionamento do local. “Apenas conversa e diálogo vão esclarecer esses pontos. Essas manifestações vêm do desconhecimento do tema. Contratualização é uma parceria do poder público com uma organização social, não se está entregando nada, vendendo nada, funcionários não são demitidos e os equipamentos seguem funcionando”, afirmou.
Alabarse lembra que as contratualizações são formas de gestão que já estão acontecendo em outras cidades. “Um bom exemplo que deu certo é o da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), que se tornou a orquestra mais importante do País sendo contratualizada com uma organização de sociedade pública”, lembra o secretário.