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- Publicada em 15 de Dezembro de 2019 às 21:04

Um exemplo do bem para salvar outras vidas

Alexsander da Silva relembrou os três anos recluso na antiga Febem

Alexsander da Silva relembrou os três anos recluso na antiga Febem


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Deivison Ávila
Manhã de sexta-feira. Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), zona Sul de Porto Alegre. Um jovem-senhor de 42 anos chega para conversar com cerca de 20 adolescentes, internos por diferentes delitos. Há exatos 25 anos, Alexsander Vinícius da Silva, na época, com 16, cruzou os portões da antiga Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), passou três longos anos, mas saiu para mudar a sua vida e, hoje, tentar recuperar outros jovens que, assim como ele, cometeram erros graves de conduta.
Manhã de sexta-feira. Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), zona Sul de Porto Alegre. Um jovem-senhor de 42 anos chega para conversar com cerca de 20 adolescentes, internos por diferentes delitos. Há exatos 25 anos, Alexsander Vinícius da Silva, na época, com 16, cruzou os portões da antiga Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), passou três longos anos, mas saiu para mudar a sua vida e, hoje, tentar recuperar outros jovens que, assim como ele, cometeram erros graves de conduta.
Durante este um quarto de século, Alex passou por muitas experiências até recuperar a dignidade e dar um Norte para a sua vida. Ele prefere não revelar o crime que provocou sua detenção. Aos jovens reclusos, deu detalhes, relembrou as péssimas condições na década de 1990 e as múltiplas oportunidades que cada um deles tem para não seguir no mundo do crime.
O retorno para Fase se deu a partir de um primo, motorista de aplicativo, que conduziu um dos defensores públicos que trabalham na Fundação. Ele lembrou da história de Alex e fez o meio-campo. A iniciativa de levar o ex-interno para contar sua história partiu do defensor público Rodolfo Lorea Malhão, que há quatro anos trabalha na Fase, e viu no encontro uma possibilidade de mostrar para os jovens que é possível tomar rumos diferentes, transformando a própria vida.
O hoje empresário voltou à Fase emocionado, planejando levar seu trabalho para motivar outras vidas a seguir o caminho do bem. "A minha história é igual a de muitos aqui. Só que nós temos a chance de mudar nosso destino. Pretendo voltar mais vezes aqui e promover oficinas para orientar outros jovens", conta. Essa foi a terceira vez em que Alex trocou vivências com os jovens infratores.
Ainda como interno, Alex encontrou pessoas, chamadas de "anjos" por ele, que acreditaram em sua mudança. A primeira que ele lembra de conversar na Febem era a monitora Cristine. Na época, ela cursava o curso de Terapia Ocupacional e já instigava a sua curiosidade. Nesta manhã de sexta-feira, ela estava sentada ao lado dos internos ouvindo uma pessoa que conseguiu mudar o destino a partir de seus exemplos. Em boa parte do bate-papo, ela chorava copiosamente.
Em 1994, como interno, ele fez o processo seletivo para a Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Se formou como técnico em contabilidade, trabalhou em uma lavagem de carros, conseguiu um trabalho com carteira assinada na sua área e, hoje, tem o seu próprio escritório na área contábil. Além de uma empresa que administra a atuação de profissionais da área do esporte.
Atualmente, Alex se apresenta como empreendedor, professor de Educação Física e empresário. Paralelamente, nunca abandonou a Capoeira. Desde os 12 anos, ele integra grupos e aposta na prática desta expressão corporal que mistura arte marcial, cultura popular, dança e música como esporte.
No último dia 26 de outubro, Alex deu mais um passo para realizar sonhos. Ele se formou na faculdade de Educação Física e já está aprovado para um novo curso, desta vez, uma pós-graduação. Ainda falta uma estrutura com um banco de dados para que o governo Estado saiba conduzir essas vidas e tratar melhor cada jovem que ingressa em uma Fundação ou ingressa em um presídio, futuramente. Enquanto isso, defensores públicos e pessoas como o Alex vão dando um pouco de si para tentar mudar outros destinos.
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