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Educação

- Publicada em 04 de Dezembro de 2019 às 03:00

Avaliação revela quadro crítico do ensino brasileiro

Não chega a surpreender, mas a educação básica brasileira passa por uma crise generalizada. A constatação está na maior avaliação de educação básica do mundo, o Pisa, realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Conforme o levantamento, quatro em cada dez adolescentes não conseguem identificar a ideia principal de um texto, ler gráficos, resolver problemas com números inteiros e entender um experimento científico simples.
Não chega a surpreender, mas a educação básica brasileira passa por uma crise generalizada. A constatação está na maior avaliação de educação básica do mundo, o Pisa, realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Conforme o levantamento, quatro em cada dez adolescentes não conseguem identificar a ideia principal de um texto, ler gráficos, resolver problemas com números inteiros e entender um experimento científico simples.
O País se mantém entre as últimas colocações do ranking internacional nas três áreas avaliadas: leitura, matemática e ciência. E ainda é uma das nações com maior diferença de desempenho entre estudantes ricos e pobres.
Participaram da prova, realizada no ano passado, 600 mil estudantes em 79 países. No total, 597 escolas públicas e privadas fizeram a prova no Brasil, totalizando 10.961 alunos, sendo 72,3% matriculados nas redes estaduais de ensino. O exame é feito desde 2000, de três em três anos, com países membros da OCDE e convidados, como é o caso do Brasil. A China, representada pelas províncias de Pequim, Shangai, Jiangsu e Zhejiang, ficou em primeiro lugar dos rankings mundiais das três áreas.
A nota média do Brasil em leitura subiu de 407 para 413 pontos, entre 2015 e 2018. Apesar do avanço em relação à última edição não ser estatisticamente significativo, a tendência de aumento desde 2000 é considerada relevante pela OCDE.
Além disso, a amostra de alunos do Brasil cresceu muito nos últimos anos, o que, em geral, tenderia a baixar a nota do País. Isso porque o País tem aumentado nos últimos anos o índice de jovens de 15 anos na escola - idade em que o adolescente deve ingressar no ensino médio. A inclusão leva jovens de baixa renda a frequentarem a escola.
O relatório do Pisa destaca, logo nas primeiras páginas, o Brasil como um dos seis países em que "a qualidade da educação não foi sacrificada quando se aumentou o acesso à escola". Os outros são México, Albânia, Indonésia, Turquia e Uruguai. "Em países onde a inclusão aumentou, a manutenção dos resultados em um mesmo patamar pode ser em si um fato positivo", disse a analista de educação da OCDE Camila de Moraes, que é brasileira. 
 

Apenas 2% dos jovens conseguem distinguir fato de opinião

Além de cobrar interpretação e compreensão de texto, a prova incluiu competências necessárias para "construir conhecimento, pensamento crítico e tomar decisões bem embasadas", como explicou o relatório da OCDE. Os resultados mostram que só 10% dos jovens no mundo conseguem distinguir fato de opinião, habilidade considerada complexa pelo Pisa. No Brasil, esse grupo representa 2% e não inclui jovens de baixa renda. No ranking de leitura, o País ficou acima de cinco nações latinas: Argentina, Colômbia, Peru, Panamá e República Dominicana. Mesmo assim, metade dos estudantes não consegue chegar ao nível 2 de desempenho na área (os patamares vão de 1 a 6), considerado o conhecimento mínimo esperado para a idade. Isso quer dizer que os estudantes de 15 anos não entendem o propósito de um texto e não encontram informações que estão explícitas.

Mais de dois terços não chega ao nível básico em Matemática

Em Matemática, também houve melhora significativa nos resultados entre 2003, primeiro ano em que o Pisa destacou a área, e 2018. Entre 2015 e o ano passado, a nota do Brasil subiu de 377 para 384. No entanto, a pior posição no ranking do País é em Matemática, 70ª colocação, ficando atrás de Peru, Colômbia e Líbano. Mas ainda acima de Argentina, Panamá, Filipinas, entre outros. No Brasil, só 32% dos estudantes estão no nível 2, considerado básico, e acima dele. Ou seja, 68%, mais de dois terços, consegue, por exemplo, comparar distância de duas rotas ou converter preços em diferentes moedas. Entre os países da OCDE, o índice de jovens do nível 2 é de 76%. Entre os melhores resultados de Matemática estão os países asiáticos, como China, Cingapura, Hong Kong e Coreia do Sul. Na China, 16% dos estudantes estão no mais alto nível da disciplina, com raciocínio matemática considerado muito avançado. Entre os países da OCDE, só 2,4% chegam a esse patamar.

Weintraub chama resultado de 'tragédia'

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, classificou o desempenho do Brasil como uma "tragédia" e atribuiu os resultados "integralmente ao PT". "Este governo não tem nada a ver com este Pisa", declarou. O curioso em relação à crítica do ministro é que quem lidera todos os rankings é um país comunista, a China. O ministro defendeu a política educacional implementada pelo atual governo . "Quando olhamos as escolas militares e cívico-militares já existentes, o Brasil está acima da média da OCDE." Alunos de colégios militares custam três vezes mais do que os que estudam na rede pública normal.