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Geral

- Publicada em 11 de Novembro de 2019 às 03:00

Ultramaratonista cego percorrerá sozinho 226 km no Sul do Estado

Em 15 anos convivendo com a deficiência, foram mais de 30 provas pelo mundo

Em 15 anos convivendo com a deficiência, foram mais de 30 provas pelo mundo


MARCUS MACIEL/DIVULGAÇÃO/JC
Deivison Ávila
Já imaginou, aos 34 anos, de uma hora para a outra, perder totalmente a visão? Assim começou a história de superação do rio-grandino Vladmi dos Santos, ultramaratonista deficiente visual. Hoje, aos 49 anos, ele vai para a sua quarta ultramaratona Extremo-Sul. Serão 226 quilômetros pela praia, com largada na cidade de Chuí, na fronteira com o Uruguai, e chegada em Cassino, em Rio Grande. Em sua primeira participação, a prova foi suspensa por conta de um ciclone extratropical. Guiado pelo vento e pelo barulho do mar, a meta é bater o recorde mundial em autonomia para cegos - a marca já é dele, com 69 quilômetros sem guia.
Já imaginou, aos 34 anos, de uma hora para a outra, perder totalmente a visão? Assim começou a história de superação do rio-grandino Vladmi dos Santos, ultramaratonista deficiente visual. Hoje, aos 49 anos, ele vai para a sua quarta ultramaratona Extremo-Sul. Serão 226 quilômetros pela praia, com largada na cidade de Chuí, na fronteira com o Uruguai, e chegada em Cassino, em Rio Grande. Em sua primeira participação, a prova foi suspensa por conta de um ciclone extratropical. Guiado pelo vento e pelo barulho do mar, a meta é bater o recorde mundial em autonomia para cegos - a marca já é dele, com 69 quilômetros sem guia.
O esporte entrou na vida de Vladmi muito cedo. Aos sete anos, ele já gostava de correr, então começou a disputar algumas provas com distâncias variadas a partir dos dez anos. Aos 16 anos, ingressou na Marinha e passou a fazer parte da equipe de atletismo das Forças Armadas. Depois, começou a conciliar o esporte com o trabalho em um terminal de contêineres no porto do Rio Grande. Até que a vida lhe aplicou uma peça: uma degeneração macular gradativa foi tirando sua visão.
Foi então que um novo Vladmi nasceu. Pouco mais de nove meses após "reaprender a viver", o hoje ultramaratonista foi convidado por um amigo para voltar a correr. As primeiras voltas foram na pista do Exército, no Centro de Rio Grande. Amarrado por um cadarço, ele reiniciou as corridas. "Uma volta na pista foi a redenção na minha vida", recorda.
"Tive que trabalhar a minha autoestima e me reconstruir após passar por uma desconstrução com a perda da visão", lembra. A partir de então, ele precisava de algo para impulsionar sua vida, para que as pessoas não o vissem como "o coitado, o ceguinho". "Não perdi apenas a visão. Perdi a minha identidade. A partir desse momento, descobri quem são os amigos, os colegas e quem não é nada", lembra.
Pensando na filha - na época, com oito anos -, Vladmi queria provar a ela que poderia dar a volta por cima. O avanço no esporte foi gradual e constante. Depois das voltas na pista, vieram as pequenas distâncias, as corridas de rua, as meia-maratonas, as maratonas, até chegar nas provas de limite extremo. "Não adianta, o que me move é o meu limite. Não vejo mais graça em uma maratona", relata.
Para se tornar um atleta de alta performance, o rio-grandino tem uma dura sequência de treinos. Além do trabalho com fisioterapeuta na academia, Vladmi intercala corridas na rua e na esteira. Ele chega a correr uma maratona por dia (43 quilômetros) como treinamento.
O ultramaratonista conta que nem nos seus sonhos mais surreais imaginou que chegaria tão longe: já foram seis ultramaratonas em desertos - Atacama (Chile), por três vezes; Saara (África), Gobi (Ásia) e Antártida. São outras sete ultras de 24 horas, sendo cinco delas em montanhas. Para o menino que começou correndo de brincadeira aos dez anos e perdeu a visão aos 34, Vladmi é uma fonte de superação, inspiração e testemunho de perseverança.
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