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Geral

- Publicada em 27 de Outubro de 2019 às 21:28

Pesquisador gaúcho busca apoio para estudo com canabidiol

Neurologista Jorge Luiz Winckler pretende acompanhar pacientes com Parkinson

Neurologista Jorge Luiz Winckler pretende acompanhar pacientes com Parkinson


ARQUIVO ULBRA/DIVULGAÇÃO/JC
Deivison Ávila
Com a liberação do canabidiol - substância extraída da Cannabis sativa, planta cultivada para a obtenção da maconha - para o uso em medicamentos, sob supervisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cresce o número de profissionais da área médica interessados em pesquisas. No Rio Grande do Sul, o neurologista e docente do curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) Jorge Luiz Winckler segue no aguardo de uma entidade parceira que possa fornecer a medicação para dar início ao projeto sobre os efeitos de pastas e óleos à base de cannabis em pacientes. No Estado, o estudo seria o primeiro.
Com a liberação do canabidiol - substância extraída da Cannabis sativa, planta cultivada para a obtenção da maconha - para o uso em medicamentos, sob supervisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cresce o número de profissionais da área médica interessados em pesquisas. No Rio Grande do Sul, o neurologista e docente do curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) Jorge Luiz Winckler segue no aguardo de uma entidade parceira que possa fornecer a medicação para dar início ao projeto sobre os efeitos de pastas e óleos à base de cannabis em pacientes. No Estado, o estudo seria o primeiro.
Notícias sobre saúde são importantes para você?
Jornal do Comércio - No que consiste e onde são encontradas as substâncias do canabidiol?
Jorge Luiz Winckler - O canabidiol é um derivado do cânhamo, encontrado também na marijuana. O cânhamo é uma planta da família da maconha, composta por uma pequena quantidade de tetraidrocanabinol (THC). O cânhamo é produzido em grande escala na Inglaterra para a fabricação de fibra de tecidos, a mais resistente encontrada na natureza. Dessa forma, o princípio ativo da erva não é psicoativo, não provocando sedação nem causando dependência.
JC - Quais são os principais usos do canabidiol?
Winckler - Ele pode ser usado para muitas patologias médicas. A principal é a epilepsia. O Parkinson também responde bem. Outros usos são para a redução de sintomas da esclerose múltipla, de efeitos colaterais de tratamentos quimioterápicos para câncer e de dores crônicas. Alguns estudos também apontam o canabidiol como um anti-inflamatório potente para o tratamento de Alzheimer.
JC - Em que estágio está o seu estudo?
Winckler - A nossa pesquisa, desenvolvida em parceria com a Ulbra, pretende acompanhar 120 pacientes com Parkinson. Desse total, 40 serão tratados somente com canabidiol; outros 40, com canabidiol com THC; e o último grupo, sem nenhuma medicação. O estudo foi implantado no início de 2018, com a presença de dois médicos norte-americanos, um deles proprietário de uma fábrica de canabidiol em San Diego, na Califórnia. A ideia inicial era essa empresa financiar o projeto com o fornecimento do medicamento para os pacientes, mas eles roeram a corda, paralisando o estudo. Estamos em busca de novos financiadores. Cada frasco de 60 ml tem um custo de US$ 200. A Ulbra disponibiliza verbas para estudos, mas vive um momento instável financeiramente.
JC - Como tratar as questões ideológicas e políticas que envolvem o canabidiol?
Winckler - De uma forma geral, os usuários da maconha querem que liberem tudo, mas existem diversos estudos que apontam os males do consumo da droga. Por exemplo, um adolescente que usa maconha pode desenvolver uma esquizofrenia refratária. Por outro lado, o uso medicamentoso é comprovado. Sou totalmente contra o uso recreativo e completamente a favor do uso medicamentoso. Mas ainda há um preconceito muito grande em relação ao uso controlado, já que a essência é encontrada na marijuana, normalmente tratada de forma pejorativa. Dessa maneira, o uso recreativo é sempre ligado ao medicamentoso, prejudicando o avanço de pesquisas.
JC - Tendo em vista o pragmatismo do atual governo federal, o senhor acredita que o uso medicamentoso sofre algum risco de retrocesso no País?
Winckler - Não acredito nisso, até porque o ministro da Saúde (Luiz Henrique Mandetta) é uma pessoa de mente aberta em relação ao canabidiol. Agora, a liberação do consumo recreativo e do cultivo, não ocorrerá no Brasil. Nem mesmo o plantio da cannabis para a extração do canabidiol será liberado. Com isso, a Inglaterra segue como a grande fornecedora mundial.
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