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- Publicada em 27 de Setembro de 2019 às 18:43

Cardiologista alerta para os riscos da hipertensão

 Domingos Vitola fala sobre fatores de risco e a importância da prevenção

Domingos Vitola fala sobre fatores de risco e a importância da prevenção


MARCO QUINTANA/JC
Gabriela Porto Alegre
No Dia Mundial do Coração, lembrado neste domingo, 29 de setembro, são poucos os motivos para celebrar. Apesar dos avanços no combate à doenças cardiovasculares, elas ainda ostentam a primeira posição entre as que mais matam no País. Ainda que especialistas salientem a importância do controle do colesterol, da hipertensão e da necessidade de manter atividades físicas regulares para afastar os riscos, a maior parte dos brasileiros negligencia esses aspectos de saúde. Em entrevista ao Jornal do Comércio, o cardiologista Domingos Vitola, do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, falou sobre a importância da prevenção, além de alertar para os fatores de risco das doenças cardiovasculares.
No Dia Mundial do Coração, lembrado neste domingo, 29 de setembro, são poucos os motivos para celebrar. Apesar dos avanços no combate à doenças cardiovasculares, elas ainda ostentam a primeira posição entre as que mais matam no País. Ainda que especialistas salientem a importância do controle do colesterol, da hipertensão e da necessidade de manter atividades físicas regulares para afastar os riscos, a maior parte dos brasileiros negligencia esses aspectos de saúde. Em entrevista ao Jornal do Comércio, o cardiologista Domingos Vitola, do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, falou sobre a importância da prevenção, além de alertar para os fatores de risco das doenças cardiovasculares.
Jornal do Comércio – De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças cardiovasculares. Somente no Brasil são 300 mil. Como prevenir esses casos?
Domingos Vitola – Nós temos os chamados fatores de risco de doenças chamadas cardiovasculares. Esses são fatores que precisam ser controlados. Um dos principais, que seria uma maneira de evitar a doença cardíaca ou a doença vascular como um todo, é tratando a hipertensão. O tratamento da hipertensão previne uma dilatação do coração, que vai produzir uma insuficiência cardíaca, que vai diminuir a perda ou o dano da retina no fundo do olho e vai diminuir o dano renal, que são as chamadas lesões em órgãos alvos. A pressão arterial elevada compromete o coração, rins, cérebro e retina. Então, mantendo a pressão controlada, já se pode evitar essas coisas.
JC – Além desses, quais são os outros fatores que levam ao adoecimento do coração?
Vitola – Hipertensão, diabete, tabagismo, a alteração de gorduras (colesterol, triglicerídios) e o histórico familiar. São cinco os fatores principais. São esses que vão fazer com que as pessoas tenham doenças cardiovasculares.
JC – No Brasil, segundo o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), cerca de 25% da população brasileira é diagnosticada com hipertensão. Quais são os sintomas dessa doença e como ela pode ser controlada?
Vitola – Para diagnosticar a hipertensão não pode se basear em sintomas. O que faz o diagnóstico do sintoma é a medida da pressão arterial. Então não dá para esperar para fazer o diagnóstico por sintoma. Tem que verificar a pressão, essa é a única maneira. É como a diabete, não dá para esperar os sintomas para fazer o diagnóstico de diabetes.
JC – Em quais faixas etárias essas doenças cardiovasculares prevalecem?
Vitola – Se considera como um fator de risco o sexo masculino acima de 45 anos e a mulher acima dos 55 anos. Mas há uma ressalva: a prevenção deve começar bem antes, desde a infância. Não dá para esperar os 45 anos ou 55 anos para tratar.
JC – Qual a importância de consultar um profissional antes que os problemas cardíacos aconteçam?
Vitola – A prevenção de tratar essas doenças o quanto antes possível é fundamental. E de prevenir que elas apareçam, também. O quanto antes o paciente tiver a estimativa de que é saudável e de que não está entre os fatores de risco, melhor. Aqui, por exemplo, nós temos vários pacientes na faixa etária dos 21 anos que vêm fazer exames e ver qual é o score de risco global, ou seja, qual é o risco que ele tem de desenvolver doenças a partir dos 40 anos. Para o paciente saber o risco que ele terá a partir dos 40 anos, ele vem antes. Quando se tem histórico familiar a necessidade é mais premente.
JC – Como evitar as doenças cardiovasculares nas crianças e adolescentes, principalmente numa era de fácil acesso a alimentos e bebidas açucaradas, atreladas a falta de atividade física?
Vitola – Uma coisa importante na saúde da criança e do adolescente é manter o controle do peso. Depois, procurar manter uma dieta equilibrada, uma dieta com consumo controlado de carboidratos, de gorduras e de proteínas, além de frutas e verduras. A dieta equilibrada é fundamental. Depois, como é que se vai prestar mais atenção na criança e no adolescente? A partir do histórico familiar de doenças e se tem um histórico de doença, de infarto, de pressão alta, de diabete. Aí se faz o acompanhamento necessário, dosando o açúcar, dosando as gorduras como o colesterol, o triglicerídeo e verificando a pressão arterial. Se formos analisar crianças ou um adolescentes hipertensos, a maioria deles serão obesos. Muitas vezes, o simples fato de controlar a obesidade já controla a pressão, evitando problemas maiores.
JC – Qual é o papel da atividade física na prevenção das doenças cardíacas?
Vitola – O exercício é apenas uma das coisas que utilizam, mas se tem várias outras. Não dá para achar que por fazer atividade física todos os dias você vai estar bem. Para controlar a pressão arterial, por exemplo, o exercício não é o suficiente. Claro, a atividade física ajuda a controlar os fatores que contribuem para a doença, mas ela isoladamente não é suficiente. Outros fatores, além da atividade física que podem contribuir, é diminuir o consumo do sal, reduzir o consumo de álcool – esse tem que ser consumido nas doses terapêuticas, que são 15 gramas para mulher e 30 para o homem.
JC – O estresse pode influenciar também nas doenças cardiovasculares?
Vitola – Também influencia. Não é o principal, mas influencia. Até porque indiretamente ele tende a aumentar a pressão arterial e liberar substâncias no organismo, que facilitam o aumento da pressão.
JC – Qual é a periodicidade que as pessoas devem procurar um cardiologista?
Vitola – Quando elas já tem o problema de saúde tem que ser com mais frequência. Em geral, os pacientes vem a cada três meses. Quando elas já tem o problema também depende do risco de saúde que se tem. O paciente hipertenso, por exemplo, vem ao consultório, ajusta a medicação e faz o acompanhamento domiciliar. A partir disso, vai controlando os exames a cada três meses, seis meses. As pessoas tem muito receio do diagnóstico. Tem pacientes que não aceitam que tem pressão alta ou que são diabéticos. O importante não é o rótulo do diagnóstico, porque essas doenças, se tratadas, não trazem sobrecarga. O problema maior é não tratá-las. O paciente tem que ter medo de não ser diagnosticado e tratado, e não do diagnóstico e do tratamento.
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