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saúde

- Publicada em 11 de Setembro de 2019 às 23:25

Ambulatório trans tem grande procura em Porto Alegre

Em quatro semanas, 65 pessoas passaram por consultas médicas

Em quatro semanas, 65 pessoas passaram por consultas médicas


/MARIANA CARLESSO/JC
O serviço é novo, mas a alta demanda já mostra que o primeiro ambulatório específico para pessoas trans em Porto Alegre chegou para ficar. Em quatro semanas de atendimentos, feitos às quartas-feiras, das 17h30min às 21h30min, 65 pessoas já passaram por consultas médicas, com uma média de 16 consultas por dia. A agenda para atendimento está lotada até a metade de novembro, mas é possível buscar consulta diretamente no local. Marcações podem ser feitas pelo WhatsApp (51) 99938-3572.
O serviço é novo, mas a alta demanda já mostra que o primeiro ambulatório específico para pessoas trans em Porto Alegre chegou para ficar. Em quatro semanas de atendimentos, feitos às quartas-feiras, das 17h30min às 21h30min, 65 pessoas já passaram por consultas médicas, com uma média de 16 consultas por dia. A agenda para atendimento está lotada até a metade de novembro, mas é possível buscar consulta diretamente no local. Marcações podem ser feitas pelo WhatsApp (51) 99938-3572.
O ambulatório funciona no segundo andar do Centro de Saúde Modelo (rua Jerônimo de Ornelas, 55, bairro Santana), onde, em horário comercial, operam equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF). São quatro salas para atendimentos e uma para procedimentos. O serviço é coordenado pela assessora técnica de Saúde Integral LGBTQI da prefeitura, Simone Ávila, por dois médicos residentes e por um grupo de residentes multiprofissionais - enfermeiro, assistente social, biomédico, médico sanitarista e farmacêutico - da Escola de Saúde Pública e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Este é o primeiro serviço específico para pessoas trans em Porto Alegre, uma população estimada em 0,5% dos habitantes da cidade, ou cerca de 7 mil pessoas. Antes da abertura do ambulatório, o atendimento era feito na atenção básica e, só depois, havia encaminhamento para as consultas demandadas. Agora, a fim de evitar constrangimentos e violências de diferentes tipos, que acabavam afastando as pessoas trans da rede, essa parcela da população pode buscar atendimento personalizado diretamente no ambulatório.
Das 65 pessoas atendidas nas quatro primeiras semanas, 54,8% eram homens trans, 37,1% mulheres trans, 6,5% não binárias (que não se identificam nem com as características intrínsecas ao gênero feminino, nem ao masculino) e 1,6% travestis. As principais demandas no período foram de início ou acompanhamento de hormonização, questões ligadas à saúde mental e consultas de saúde em geral. O espaço também disponibiliza exames, rodas de conversa, acolhimentos e encaminhamentos para atendimento psicoterapêutico e para cirurgia de redesignação de sexo ou adequações corporais no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A equipe também busca uma parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), para que seus residentes de psicologia ofereçam atividades terapêuticas e de escuta no próprio ambulatório.
 

Redução de barreiras, como apresentar nome de batismo, ajuda a evitar constrangimento

A ideia de criar um serviço voltado para pessoas trans se baseou em modelos já existentes em Florianópolis e no Uruguai, que visam reduzir as barreiras de acesso dessa população. "Muitas pessoas deixam de se consultar porque o sistema da atenção básica não inclui o nome social, então são chamadas pelo nome de origem, ou porque o médico as constrange a não fazer a hormonização. Tentamos reduzir ao máximo essas barreiras e evitar a patologização, sem tratar as pessoas trans como doentes", salienta Guilherme Lamperti Thomazi, residente de Saúde Coletiva e integrante da Política Integral LGBTQI do município.
Segundo Thomazi, o retorno das pessoas trans em relação ao novo serviço tem sido gratificante. "Uma pessoa disse que deveríamos dormir tranquilos, porque estamos oferecendo um atendimento que ela nunca tinha recebido na cidade", comenta. O ambulatório foi idealizado por Simone e pelo médico residente Vinicius Viccari, como parte da Política Integral LGBTQI a ser implantada. O serviço foi moldado com a orientação de quatro mulheres trans, dois homens trans e uma travesti.
Apesar de satisfeito com o resultado do novo ambulatório, Thomazi sonha com o dia em que não será necessário haver um serviço específico para pessoas trans. "Essa população deveria ser atendida junto com todo mundo, mas infelizmente ainda sofre muito preconceito e discriminação", lamenta.