O dinheiro mais curto na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), devido ao contingenciamento imposto pelo Ministério da Educação (MEC), afetou até a emissão da carteirinha de aluno. O cartão dá acesso a diversos serviços, como empréstimos em bibliotecas e restaurante universitário, e a prédios da instituição, por questão de segurança.
O Jornal do Comércio apurou que as últimas emissões foram feitas em 9 de agosto, atingindo parte dos novos alunos que ingressaram no segundo semestre. A assessoria de imprensa da Ufrgs informou que terminou o material para a produção dos cartões estudantis e não foi feita nova contratação devido ao contingenciamento de repasses. A universidade está conseguindo acessar menos de 60% da verba prevista para custeio.
O JC solicitou uma fonte para explicar a situação, mas a área de imprensa que confirmou o problema diz que não há prazo para normalizar a emissão. As universidades já tiveram promessa do MEC de que haveria liberação de recursos, mas até agora não houve maior fluxo. Se o quadro se mantiver, a Ufrgs diz que as dificuldades vão atingir o pagamento de luz e combustível.
Para contornar a falta de carteirinha, a instituição orienta que os novos alunos sem a identificação, entre os 2 mil que ingressaram no começo do mês, poderão usar o comprovante de matrícula para ingressar nos prédios, usar o RU e fazer empréstimos nas bibliotecas. A medida também vale para os que precisarem de uma segunda via do cartão.
No começo da semana, a
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) retirou o suco das refeições dos restaurantes na sede em Santa Maria e nos campi em Frederico Westphalen, Palmeira das Missões e Cachoeira do Sul. A medida serve para reduzir despesas. Caso não haja liberação de parte das verbas contingenciadas, a UFSM poderá restringir o acesso aos RUs, limitando a alunos inseridos em programas de benefício socioeconômico que não pagam pelas refeições. O segmento representa metade da demanda dos restaurantes.
A
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) começou o
segundo semestre sem verba de custeio para pagar despesas como água, luz, funcionários terceirizados e aluguéis. A instituição afirma que, até o momento, recebeu R$ 39 milhões do orçamento e que já utilizou os recursos.
Enquanto contingencia repasses em pleno ano letivo, o MEC também apresentou o
programa Future-se para criar alternativas de captação de verbas do setor privado e flexibilizar contratos, como abertura a organizações sociais (OSs), e ainda adotar indicadores de desempenho. O anúncio pegou de surpresa as universidades federais. O projeto está sendo submetido a uma consulta pública e terá de passar pelo Congresso Nacional.