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- Publicada em 19 de Agosto de 2019 às 17:02

Sem dinheiro, universidade gaúcha corta suco nos restaurantes universitários

Retirada do suco do cardápio entrou em vigor nesta segunda-feira em seis unidades da universidade

Retirada do suco do cardápio entrou em vigor nesta segunda-feira em seis unidades da universidade


FELIPPE RICHARDS/UFSM/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
O suco em refeições dos restaurantes universitários (RUs) de uma das maiores universidades federais do Rio Grande do Sul é a mais nova vítima da contenção de verbas que o governo federal está impondo ao setor. Nesta segunda-feira (19), estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foram almoçar e não tiveram a bebida no cardápio. Não há previsão de quando e nem se o suco voltará às refeições no futuro. 
O suco em refeições dos restaurantes universitários (RUs) de uma das maiores universidades federais do Rio Grande do Sul é a mais nova vítima da contenção de verbas que o governo federal está impondo ao setor. Nesta segunda-feira (19), estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foram almoçar e não tiveram a bebida no cardápio. Não há previsão de quando e nem se o suco voltará às refeições no futuro. 
A medida foi decidida pela administração junto com a equipe de nutrição dos restaurantes. O corte do suco reduzirá os gastos do setor em R$ 350 mil até o fim do ano. No ano, são R$ 800 mil com a bebida. Para tentar amenizar o impacto da notícia, o setor de nutrição dos seis RUs - três em Santa Maria e outros nos campi de Cachoeira do Sul, Frederico Westphalen e Palmeira das Missões -, apelou a um argumento técnico.
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"A justificativa primordial para a retirada do suco seria o alto custo do item. Aliada a essa justificativa, temos o fato de que a ingestão de líquidos durante as refeições é um hábito que não é recomendado pelos profissionais da área da saúde, pois dificulta a digestão do alimento pelo nosso estômago", sustentaram os nutricionistas, em nota emitida pela instituição. “O Ideal é beber antes de comer ou ingerir líquidos aproximadamente uma hora após a refeição”, orienta ainda na nova realidade do cardápio. 
O pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFSM, Clayton Hillig, já avisou que, caso o Ministério da Educação (MEC) não libere as verbas - houve promessa de que faria isso até setembro-, mais restrições serão adotadas. "Temos recursos para manter o funcionamento dos restaurantes até a metade de outubro. Se não tiver descontingenciamento de verbas, vamos ter de restringir o acesso apenas aos estudantes com benefícios", adianta Hillig, que deve definir a medida até o fim de agosto. "Temos esperança de que o MEC descontingencie as verbas, por isso não tomamos ainda medidas mais drásticas."
Os restaurantes têm duas fontes de financiamento: verbas do programa federal de assistência estudantil, que não estão sendo represadas pelo governo, e recursos próprios. Em 2018, as 2 milhões de refeições servidas nas seis unidades custaram R$ 20 milhões, sendo que R$ 12 milhões vieram do programa federal e R$ 8 milhões do caixa da UFSM. 
Dos 25 mil alunos da universidade, 9 mil frequentam os RUs diariamente para café, almoço e janta. Desde 2015, cresce em 200 mil usuários por ano o fluxo. Quase metade (4,3 mil usuários) é de estudantes com benefício socioeconômico, que não pagam pelas refeições. Para os demais, o café custa R$ 0,50 e a refeição R$ 2,30. Na Ufrgs, a refeição para estudante sem benefício custa R$ 1,30.  
Segundo o pró-reitor, o futuro dos RUs depende da garantia de aporte de R$ 4 milhões próprios até dezembro. Outros R$ 6 milhões viriam pela assistência federal. Este ano o gasto com os restaurantes somou R$ 10 milhões, sendo que R$ 4 milhões foram próprios. A UFSM recebe R$ 25 milhões por ano para assistência, sendo que R$ 12 milhões vão para os RUs. O restante banca bolsas e a manutenção de quatro casas estudantis com total de 2.540 mil vagas - três são em Santa Maria (uma é a maior do Brasil e outra é indígena) e outras duas estão em Frederico Westphalen e Palmeira das Missões.
A universidade sofreu restrição em 34% do orçamento total de R$ 134 milhões para 2019, o que significa menos R$ 46 milhões para custeio, incluindo a despesa com pessoal. O pró-reitor citou que o funcionamento pleno da instituição vai até o próximo mês. Já ocorreram outros cortes internos, como em serviços terceirizados. Recentemente, a vigilância perdeu mais 18 seguranças. Com isso, são 36 no total na área, com demissão pela empresa contratada. 
Prevendo que a temporada de orçamento curto vai se manter em 2020, a UFSM já analisa outras saídas para tentar reduzir despesas dos RUs. O pró-reitor diz que a terceirização do fornecimento de refeições, que já é adotada em quatro das seis unidades, poderá ser estendida aos dois restantes - do campus de Camobi, que é o maior de todos, e o do Centro de Santa Maria. A equipe de Hiffig já visitou unidades da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que migrou para o formato de serviço, para conhecer a experiência.
As universidades e institutos federais em todo o País estão sendo alvo de restrição de orçamento desde o primeiro semestre. Protestos contra os cortes voltaram às ruas na semana passada. Outra investida do governo federal foi lançar o programa Future-se, que combina revisão de regras sobre repasses privados às instituições e autonomia universitária e ainda prevê adoção de índice de produtividade para acessar recursos. O projeto do programa precisará passar pelo Congresso Nacional.
Sessão pública na Ufrgs, no dia 16, rejeitou o Future-se, posição que será levada ao Conselho Universitário da instituição, que emitirá uma posição oficial se a Ufrgs vai ou não aderir ao programa. Reitores de instituições gaúchas também já indicaram que querem alterar itens da proposta.
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