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Geral

- Publicada em 19 de Junho de 2019 às 18:28

Morre Rubens Ewald Filho, crítico de cinema e comentarista do Oscar, aos 74 anos

Ele estava internado desde maio, quando sofreu um desmaio num shopping e caiu na escada rolante

Ele estava internado desde maio, quando sofreu um desmaio num shopping e caiu na escada rolante


FREDY VIEIRA/JC
O crítico de cinema Rubens Ewald Filho morreu nesta quarta-feira (19), aos 74 anos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Higienópolis, região central de São Paulo, desde maio, quando sofreu um desmaio num shopping da capital e caiu na escada rolante.
O crítico de cinema Rubens Ewald Filho morreu nesta quarta-feira (19), aos 74 anos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Higienópolis, região central de São Paulo, desde maio, quando sofreu um desmaio num shopping da capital e caiu na escada rolante.
Dono de uma memória prodigiosa, ele impressionou milhões de telespectadores, ano após ano, durante a transmissão da cerimônia do Oscar, quando enfileirava os nomes de uma infinidade de artistas ligados ao cinema, bem como seus vastos currículos.
Para o público brasileiro, uma das grandes atrações do Oscar, além do resultado em si, era conferir a inesgotável cultura cinematográfica de Rubens por meio de comentários não "apenas" enciclopédicos como marcados por tom pessoal inconfundível  - conforme evocado no livro O Oscar e eu.
A projeção alcançada por Rubens se deve ao seu perfil comunicativo e ao trânsito por diversas mídias - jornais, rádios, emissoras de televisão. Vale lembrar que registrou seu extenso conhecimento em muitos livros, popularizados como sólidas fontes de consulta, a exemplo de Os 100 melhores filmes do século 20, Os 100 maiores cineastas e, principalmente, Dicionário de cineastas.
A diversidade de Rubens fica comprovada na variedade de funções que exerceu ao longo do tempo. Dentro da crítica, terreno onde obteve a maior repercussão, escreveu sobre os lançamentos nas salas de cinema e também em vídeo, DVD e na TV. Levou seu patrimônio cinematográfico para a TV Globo, TV Cultura e o mundo da TV por assinatura (HBO, Telecine, TNT). Esteve à frente de alguns dos mais relevantes festivais de cinema do Brasil - como consultor do Projeto Paulínia Magia do Cinema / Polo de Cinema e curador dos festivais de Gramado e Paulínia.
Parece bastante, mas ele fez bem mais. Acumulou experiência em outros setores. Dirigiu montagens teatrais - como Hamlet-Gasshô, apropriação da peça de William Shakespeare; Querido mundo, de Miguel Falabella; e O amante de Lady Chatterley, de D.H. Lawrence. Trabalhou, raramente, como ator em Amor, estranho amor (1982), de Walter Hugo Khouri.
Escreveu roteiros de dois filmes, A árvore dos sexos (1977) - em parceria com Carlos Alberto Soffredini, Eugênia de Domênico e Mauricio Rittner - e Elas são do baralho (1977) - com Roberto Silveira e Adriano Stuart - , dirigidos por Silvio de Abreu, com quem, aliás, assinou a novela Éramos seis, adaptação do livro de Maria José Dupré, exibida no SBT.
Não parou por aí: colaborou, de maneira significativa, para a preservação da memória ao assumir a coordenação geral da Coleção Aplauso, composta por biografias de atores e diretores e publicações de roteiros.
Nascido em Santos, em 1945, Rubens não demorou a se interessar por cinema. Duas revistas o sensibilizaram particularmente: Filmelândia e Cinelândia. Desde os 11 anos, anotou em cadernos cada filme que viu, escrevendo os títulos e as informações básicas. Transitou por áreas distintas - Administração e Direito -, enfrentando, em casa, a oposição no que se refere ao desejo de trabalhar com cinema. Profissão, contudo, que terminou ajudando no sustento familiar.
Seja como for, o cinema se manteve em primeiro plano. Foi seduzido pelas produções a que assistiu na juventude, considerando as décadas de 1950 e 1960 como as mais promissoras. Recebeu influência de críticos como Moniz Vianna, Sérgio Augusto e, posteriormente, Rubem Biáfora.
Associado à difusão do cinema estrangeiro (além do Oscar, comentou o Globo de Ouro e o Screen Actors Guild Awards), Rubens, porém, acompanhou mudanças determinantes atravessadas pela produção nacional, a julgar pelo artigo que assinou (Brasil, onde está a graça?) para o livro O cinema brasileiro hoje, editado por Oliver Kwon e Steve Solot, com curadoria de Susana Schild.
Não há como resumir os feitos de Rubens Ewald Filho em poucas linhas, mas, de certo modo, uma expressão é suficiente para sintetizar toda a sua trajetória: paixão pelo cinema.
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