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Direitos humanos

- Publicada em 20 de Maio de 2019 às 21:56

Usuários elogiam 'bandejão' provisório no Tesourinha

Almoço será gratuito por 60 dias, mas somente para a população de rua

Almoço será gratuito por 60 dias, mas somente para a população de rua


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Em funcionamento há uma semana, o formato provisório do Restaurante Popular, voltado para a população de rua, agradou aos usuários. Prova disso é que, diariamente, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra) tem notado aumento na procura pelo almoço. O serviço será oferecido durante 60 dias, das 11h30min às 13h30min, enquanto ocorre o processo licitatório de escolha da nova fornecedora do "bandejão", ou seja, almoço a preço popular para a população de rua.
Em funcionamento há uma semana, o formato provisório do Restaurante Popular, voltado para a população de rua, agradou aos usuários. Prova disso é que, diariamente, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra) tem notado aumento na procura pelo almoço. O serviço será oferecido durante 60 dias, das 11h30min às 13h30min, enquanto ocorre o processo licitatório de escolha da nova fornecedora do "bandejão", ou seja, almoço a preço popular para a população de rua.
Nesse período, as refeições são oferecidas no ginásio Tesourinha, e não no prédio da rua Santo Antônio. São gratuitas, e não a R$ 1,00, como de costume, mas apenas a população de rua tem acesso. A novidade foi comemorada por Jurandir Elias Medeiros da Silva, de 27 anos. "Continua a mesma coisa, a mesma quantidade de comida, mas ficou melhor, porque é gratuito", comenta.
O reciclador de latinhas, que costuma dormir embaixo do viaduto Otávio Rocha, descobriu o novo endereço indo até a prefeitura. As refeições estão sendo feitas dentro de uma carreta da Adra, que tem cozinha e lavanderia, e são servidas no refeitório do Tesourinha. "O atendimento está ótimo. Estão nos tratando como gente", observa ele, que mora na rua desde a infância.
De modo geral, Silva aprova os serviços oferecidos pela prefeitura à população de rua. Acha, porém, que falta acesso à cultura. "Tinha que oferecer dança, rock, para quem gosta, para desenvolver o pessoal que vem da rua. Ensinar a tocar algum instrumento", cita, revelando que gostaria de aprender a tocar acordeon. "Acho lindo." Além de acesso à cultura, reclama da falta de oportunidades para trabalhar.
Um homem, conhecido pelo apelido de "DJ", procurava saber, na fila para o almoço, onde poderia se cadastrar para receber a refeição - como o serviço está sendo destinado só para quem mora na rua, o controle tem sido mais rígido, e é preciso fazer um cadastro. "É a primeira vez que estou aqui, da primeira vez eu não tinha nem achado onde era. No outro, a localização era melhor", defende. DJ reclama do fechamento do Restaurante Popular, mesmo considerando o atendimento de lá "péssimo".
Para Hernany Oliveira Barbosa, de 38 anos, o serviço é um pouco melhor do que o prestado na rua Santo Antônio. "O lugar é bom. A comida é melhor, assim como o tempo de espera", avalia. Como muitos ainda não sabem onde o almoço é servido, é preciso aguardar menos tempo para comer.
Apesar de ter gostado da mudança, Barbosa acha o atendimento oferecido pelo município ineficiente. "Estão fechando muitas coisas", critica. Também desaprova o programa Moradia Primeiro, que oferece habitação para pessoas em situação de rua. "É uma burocracia. Me cadastrei há sete meses e nada", lamenta.

Entidade precisa de voluntários para servir comida

A Adra, que assumiu o desafio de cozinhar para a população de rua, servir a comida e limpar o local, além de administrar toda a logística envolvida, está em busca de voluntários para ajudar nos trabalhos. "No primeiro dia, tinha bastante gente, umas 30 pessoas, mas, depois, caiu para uma média de 15 voluntários. Está difícil", comenta o diretor da agência no Rio Grande do Sul, Landerson Serpa Santana.
A perspectiva de 60 dias de operação, com o apoio da prefeitura na disponibilização dos alimentos, de dois seguranças e de uma profissional para limpeza, tem preocupado a entidade. A Adra pede que interessados em atuar como voluntários entrem em contato pelo telefone (51) 98037-9548.
Segundo Santana, a empresa já elaborava o projeto Aquecendo Corações quando foi procurada pelo Executivo. "Eu já tinha em mente esse projeto, no qual queremos aquecer as pessoas com comida quente, roupa quente e calor humano, mas não tinha recursos. Quando o município nos perguntou se tínhamos como fazer o trabalho por 60 dias, aceitamos", relata. A ideia, entretanto, é não oferecer só comida, e sim um acolhimento mais integral, nos moldes do Aquecendo Corações.
A carreta opera em todo o Brasil, quando há necessidades emergenciais, e foi trazida de São Paulo. "É ótima, porque a cozinha dela eu sei que é limpa. E é autossuficiente, tem água, gerador, e posso mudá-la rapidamente de lugar, caso necessário", ressalta Santana. A intenção da Adra é manter o Restaurante Popular mesmo após os 60 dias de parceria com a prefeitura, independentemente de a entidade assumir o bandejão da Santo Antônio ou não. A agência já possui até endereço para os serviços, que devem começar em julho - avenida Cristóvão Colombo, 951.
Kim Marie Fegadoli Tosi, de 19 anos, mora no Canadá, mas, ao saber do chamado para voluntários, resolveu aproveitar as férias para ajudar no serviço em Porto Alegre. "(O trabalho voluntário) Ajuda a ver o mundo de uma forma diferente. Às vezes, reclamamos dos nossos problemas, até ver os problemas dos outros, aí os nossos ficam minúsculos", comenta. Natural de Curitiba, a estudante de Paramedicina preferiu oferecer ajuda em Porto Alegre, para "sair da zona de conforto".