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- Publicada em 22 de Abril de 2019 às 21:24

Hospitais ficam sem plantão policial em Porto Alegre

Para o Simers, desativação do serviço no Cristo Redentor é prejudicial à população

Para o Simers, desativação do serviço no Cristo Redentor é prejudicial à população


/CLAITON DORNELLES /JC
Igor Natusch
A presença de um posto da Polícia Civil no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, acabou sendo uma mão na roda para a babá Nathaniele Vieira, de 24 anos. Com o marido acidentado, ela precisava de um registro da ocorrência para justificar a ausência no serviço - o que foi obtido em menos de dois minutos, com o auxílio do inspetor de plantão. "Facilitou muito, não precisei ir até o Palácio da Polícia, foi tudo bem rápido", elogia.
A presença de um posto da Polícia Civil no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, acabou sendo uma mão na roda para a babá Nathaniele Vieira, de 24 anos. Com o marido acidentado, ela precisava de um registro da ocorrência para justificar a ausência no serviço - o que foi obtido em menos de dois minutos, com o auxílio do inspetor de plantão. "Facilitou muito, não precisei ir até o Palácio da Polícia, foi tudo bem rápido", elogia.
O caso ilustra apenas uma das utilidades dos postos policiais no Cristo Redentor e no Hospital de Pronto Socorro (HPS) - que passam por mudanças radicais na operação desde ontem, quando foi desativado o atendimento em regime de plantão. A partir de agora, e por tempo indeterminado, o registro de ocorrências será feito por delegacias volantes, a partir do chamado das unidades de saúde ao Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI) de Porto Alegre. Uma mudança que desagrada Nathaniele. "Os postos são importantes, não só para facilitar para quem mora longe, mas para nos dar segurança. Eu penso que (com essa mudança) o Estado não está realmente preocupado com o povo", lamenta ela, que reside na Glória.
A presença dos postos policiais nos hospitais atende a uma visão estratégica. As duas unidades são referência no atendimento de urgência, sendo destino imediato para casos de baleados, acidentes de trânsito e demais ocorrências graves. Assim, a disponibilidade de policiais civis ajuda a acelerar a investigação em casos de pessoas sem documentação ou de envolvidos com as disputas do tráfico de drogas, entre outras situações.
A justificativa da Polícia Civil para a alteração tem a ver com carências de pessoal. De acordo com a delegada Adriana Regina da Costa, diretora do Departamento de Polícia Metropolitana, a decisão ocorre após avaliação de dados estatísticos, que demonstraram uma média de 3 a 4 ocorrências diárias em cada hospital. No antigo regime de trabalho, cada agente ficava 24 horas no posto, folgando nos três dias seguintes - ou seja, quatro funcionários por hospital, oito no total. Diante da urgência em outros setores, a chefia de polícia decidiu repensar essa distribuição.
Adriana explica que, agora, a ideia é que as volantes sejam acionadas em casos de necessidade, com os antigos plantonistas sendo deslocados para o Palácio da Polícia e para as delegacias de pronto atendimento. Ela garante que os usuários não ficarão desassistidos e que os esforços de investigação preliminar não serão afetados. "Confiamos que é possível manter a mesma capacidade de atendimento, mas continuamos conversando com os hospitais e vamos acompanhar os resultados. Trata-se de uma mudança de filosofia, e estamos abertos a ajustes", acentua.
As explicações não convencem o vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Edson Machado. "Basta ficar alguns minutos parado na frente do HPS para ver a grande quantidade de vítimas de assalto, de acidentes de trânsito e de violência doméstica que dão entrada, o tempo todo. Essa alegação (de falta de demanda) é facilmente desmontada", afirma. Em sua visão, a decisão é um "evidente retrocesso", que "vai na contramão" dos anseios crescentes por segurança da população.
"Quantas notícias vemos, na própria imprensa, de pacientes internados que seguem vítimas de atos de violência? As unidades policiais propiciavam um pouco de segurança não apenas para a equipe de saúde, mas para os familiares e os pacientes. A vítima do assalto ou agressão podia fazer o registro na mesma unidade em que foi atendida. Pensamos que era preciso aumentar o número de agente, não limitar ainda mais", critica Machado.
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