Os bombeiros continuam as buscas por sobreviventes nos escombros dos dois prédios do condomínio Figueiras, na Muzema, que desabaram na manhã desta sexta-feira. De acordo com os bombeiros, 11 vítimas foram resgatadas, sendo duas já sem vida. Ao todo, até então, quatro mortes estão confirmadas. Cláudio Rodrigues, de 41 anos, que chegou a ser levado ao hospital, acabou não resistindo aos ferimentos e morreu. Ele foi socorrido junto com a esposa e a filha, Clara, de 10 anos. A menina, com ferimentos leves, já recebeu alta. Raimundo Nonato Bezerra, de 41 anos, também acabou morrendo no hospital no fim da tarde. A informação foi confirmada por parentes e bombeiros.
No local, moradores improvisaram macas para ajudar a socorrer as pessoas. Segundo a prefeitura, as duas construções eram irregulares, na região que é comandada pela milícia.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, estão envolvidos nos resgates 90 militares de 12 unidades, que atuam com apoio de drone, dois helicópteros e quatro cães farejadores.
O serralheiro Alan Santana chorava muito ao telefone, por volta de 12h20. Ele disse ter recebido a confirmação da morte de Isaac, um de seus primos desaparecidos, de 6 anos. Perto dele, uma mulher jogou as mãos para o alto e comemorou a confirmação de que seu parente estava vivo.
O vice-governador Cláudio Castro disse que há quatro famílias ainda sob os escombros do prédio. Ele informou que, até o momento, duas pessoas morreram. Seus corpos foram resgatados por moradores vizinhos antes da chegada do Corpo de Bombeiros.
"Ainda não temos o número do certo de vítimas. É um trabalho de investigação que está sendo feito ali, perguntando para as pessoas alguma informação. Tinha gente que não estava aqui, que estava na escola. Seria muito complicado, neste momento, e até leviano, falar em números".
Dois caminhões com homens do Exército dão apoio e segurança à operação de resgate dos Bombeiros.
Os resgatados foram levados para hospitais da região. Pelo menos Luciano dos Santos, de 38 anos, e Adilma Rodrigues, de 35 anos, e outras cinco pessoas ainda continuam no hospital. Adilma perdeu o marido, Claudio Castro, de 41 anos. A família tinha se mudado há uma semana.
Os bombeiros foram acionados às 6h45m da manhã desta sexta-feira, em apelos de emergência de moradores. O horário do trabalho, a intuição e até a burocracia salvaram a vida de alguns moradores e vizinhos. Alguns residentes não conseguiram sair a tempo: ao menos duas pessoas morreram e sete foram retiradas dos escombros com vida. Os moradores improvisaram macas para ajudar a socorrer pessoas.
A comunidade foi uma das mais afetadas pelo temporal de segunda-feira, que pode ter agravado falhas de infraestrutura denunciadas por moradores. Os bombeiros isolaram a área do desabamento pelo risco que outros edifícios fossem ao chão.
Em dezembro de 2016, reportagem do GLOBO mostrou que apartamentos com varanda gourmet e garagem com vagas cobertas eram vendidos por R$ 159 mil. Eram dezenas de edifícios novos, muitos irregulares e em construção. Em muitas áreas, algumas dominadas por milícias, a velha imagem de casas simples havia desaparecido. Enquanto se verticalizava, a paisagem na Muzema era de uma selva de pedra, de verdadeiras favelas de prédios.