Foi o interesse pelo jogo e pela literatura russa que motivaram o médico oncologista Fabiano Ferreira a criar a Casa do Xadrez Sergei Belavenets. Mais do que um clube, a proposta foi de oferecer um local onde a competitividade no tabuleiro não fosse o único convite aos confrontos. Busca da autoconfiança e amor pelo xadrez também fazem parte do jogo.
O ambiente foi inspirado em cenários da Rússia dos anos de 1930, com mobiliário ornamentado e objetos antigos. Outro detalhe planejado propositalmente foi a acessibilidade para cadeirantes. O espaço foi inaugurado em setembro de 2018 e fica na rua Gonçalo de Carvalho, número 209, sala 401, no bairro Floresta.
O espaço tem duas propostas: receber jogadores de xadrez e interessados em aprender idiomas como russo e alemão. A lotação máxima da casa é de 25 pessoas, alternativa escolhida para todos terem conforto para jogar. Recentemente, o local passou a aceitar associações.
Ferreira conta que a ideia do clube surgiu de interesses pessoais. Durante a adolescência em Fortaleza, no Ceará, teve o primeiro contato com o esporte ao observar um amigo jogar. Desde então, tornou a prática um hábito e defende que a atividade expande a visão dos jogadores, tornando-os mais inteligentes e reflexivos."Sou um médico melhor por causa do xadrez", acredita o idealizador da casa.
O homenageado, Sergei Belavenets, fez parte de uma descoberta tardia de Ferreira. Colecionador de peças raras de campeonatos de xadrez, o médico encontrou no setor de artigos soviéticos um envelope vindo da guerra enviado pelo próprio Belavenets - terceiro melhor jogador de xadrez russo nos anos de 1930. O médico arrematou a carta no leilão do site Ebay.
Intrigado com a a relíquia que tinha em mãos, descobriu que a filha do competidor ainda era viva e entrou em contato, virando amigo de Liudmila Belavenets.
Ferreira com Liudmila, que veio a Porto Alegre para inaugurar a Casa do Xadrez. Foto: Casa do Xadrez/Divulgação
"Ela ficou muito surpresa que alguém do Brasil tivesse a carta do pai", conta Ferreira. A amizade com a filha do enxadrista fez ela vir para o Brasil, no ano passado, para a inauguração da Casa do Xadrez.
Ferreira diz que um dos focos do projeto é estimular a autoconfiança de crianças e jovens, contribuindo com o lado intuitivo que o jogo exige. "O que ajuda a preparar as pessoas para reagirem com equilíbrio e fidalguia nas vitórias e nas eventuais derrotas", ressalta.
O médico aponta ainda benefícios para a concentração, administração do tempo - já que no xadrez é preciso cuidar o relógio todo o tempo - e na aproximação da família.
A casa também funciona como espaço cultural, permitindo a realização de sarais, com a retirada das mesas. Entre os projetos futuros está a criação de xadrez para pessoas cegas.
As atividades acontecem de segunda à sexta, das 9h às 21h, e nos sábados, das 13h às 18h.
As mensalidades custam R$ 40,00 para estudantes, R$ 50,00 (individual) para residentes fora da região metropolitana, R$ 60,00 (individual) para residentes da região metropolitana e R$ 150,00 o passe familiar (pais e dois filhos até 18 anos). Não-sócios que queiram participar de alguma atividade devem pagar R$ 20,00 por turno no caso de estudantes e R$ 25,00 para não-sócios.