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DE FRENTE PARA O GUAÍBA

- Publicada em 21 de Março de 2019 às 21:43

Os caminhos da água em Porto Alegre

Do Guaíba até a entrega de um produto final de qualidade, processo de tratamento exige diversos cuidados

Do Guaíba até a entrega de um produto final de qualidade, processo de tratamento exige diversos cuidados


MARIANA CARLESSO/JC
Quando abrimos a torneira em casa e utilizamos milhares de litros de água por dia não imaginamos a complexidade do processo e os cuidados que ele exige. São diversas etapas de tratamento até garantir um produto final de qualidade à população.
Quando abrimos a torneira em casa e utilizamos milhares de litros de água por dia não imaginamos a complexidade do processo e os cuidados que ele exige. São diversas etapas de tratamento até garantir um produto final de qualidade à população.
Nesta sexta-feira, comemora-se o Dia Mundial da Água. Em alusão a essa data, que serve para alertar sobre a importância da preservação e da sobrevivência de todo o ecossistema do planeta, o Jornal do Comércio, baseado em informações repassadas por técnicos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), apresenta o caminho percorrido pelas águas do lago Guaíba antes de chegar à casa dos porto-alegrenses.
Inicialmente, ocorre a captação, em uma Estação de Bombeamento de Água Bruta (Ebab) - na Capital, há seis estações desse tipo. A única que não recebe água diretamente do Guaíba é a da Ilha da Pintada, que tem como fonte o rio Jacuí. O JC foi até a Ebab Moinhos de Vento, localizada na avenida Voluntários da Pátria, cuja capacidade de vazão máxima é de até 4 mil litros por segundo.
Nesse momento, a água captada passa por dois grandes filtros (gradeamentos) para bloquear a sujeira. A quantidade de lixo que a população despeja no Guaíba é impressionante. Milhares de garrafas PET, sapatos, móveis e outros objetos são retirados, diariamente, nesse processo.
Por conta disso, o gerente de tratamento do Dmae, André Petry, reforça a necessidade de preservação. "Pode parecer corriqueiro e repetitivo, mas é importante trabalhar a conscientização, garantir a sustentabilidade e ter cuidados com os mananciais, para que tenhamos uma água mais limpa", ressalta. Dos dez rios mais poluídos do Brasil, três são responsáveis por alimentar o Guaíba: Caí, Sinos e Gravataí.
Nessa primeira etapa, a água recebe uma pré-oxidação, com aplicação do dióxido de cloro (0,4 ml/s), com o objetivo de garantir o controle do mexilhão-dourado. Esse molusco de água doce é considerado uma das maiores causas de perda de biodiversidade no planeta, já que obstrui a rede, diminuindo passagem. O processo de aplicação ocorre 24 horas por dia, com equipes de plantão o tempo todo.
Na sequência, a água é levada por dutos até a Estação de Tratamento de Água (ETA) mais próxima, no caso, a localizada no bairro Moinhos de Vento (este processo é feito em todas as Ebabs). Na chegada à ETA - existem seis na Capital -, a água recebe o primeiro produto, um coagulante responsável por juntar todas as partículas, formando pequenos coágulos. Nessa etapa, os tanques são externos.
"O objetivo desse processo é que a água ganhe tamanho e peso para que, nas etapas posteriores, seja possível separar a parte líquida da que tem sedimentos. Ou seja, para que a sujeira fique embaixo, no decantador, e a água mais clarificada fique em cima", explica Petry. O gerente ressalta, ainda, que, de duas em duas horas, em todos os processos, funcionários são responsáveis por testes de qualidade para acompanhar o tratamento da água, com coleta e análise.
Em seguida, inicia-se o processo de filtração. A água passa por filtros, nos quais são retidos os flocos menos pesados que não decantaram. Posteriormente, é adicionado cloro, substância utilizada para prevenir contaminações, e, posteriormente, ocorre a pós-cloração, garantindo a desinfecção da água tratada. Já em tanques cobertos, a última etapa em que a água está visível, são adicionados os agentes alcalinizantes, que devolvem a alcalinidade natural e o pH (percentual hidrogeniônico), índice que garante uma água com maior poder de hidratação, além do flúor, exigido pela legislação para o tratamento dentário. No fim do processo, a água é armazenada em reservatórios e está pronta para a distribuição através das estações de bombeamento.
O coordenador de ETAs do Dmae, Adão Oliveira, lembra que a população tem, através do telefone 156, uma ferramenta para ajudar o departamento a garantir a chegada da água com maior qualidade até as residências. "Caso o consumidor sinta qualquer alteração, deve entrar em contato pelo 156. Uma equipe será encaminhada até a casa para realizar uma coleta. É importante, também, manter o reservatório de sua casa limpo a cada seis meses", indica.

Estações de Tratamento de Água (ETAs)

ETA Moinhos de Vento
Rua 24 de Outubro, 200
• Vazão máxima: 2.000 L/s
• População abastecida: 167.053 habitantes
ETA Belém Novo
Avenida Inácio Antônio da Silva, 300
• Vazão máxima: 1.000 L/s
• População abastecida: 244.665 habitantes
ETA Francisco Lemos Pinto Rua Capitão Coelho, 151 – Ilha da Pintada
• Vazão máxima: 100 L/s
• População abastecida: 5.800 habitantes
ETA José Loureiro da Silva
Rua Barão do Guaíba, 781 – Menino Deus
• Vazão máxima: 3.000 L/s
• População abastecida: 543.708 habitantes
ETA São João
Rua Couto de Magalhães, 1.700 – Higienópolis
• Vazão máxima: 4.000 L/s
• População abastecida: 474.825 habitantes
ETA Tristeza
Praça Araé, s/nº
• Vazão máxima: 450 L/s
• População abastecida: 45.808 habitantes

Do pré-tratamento à torneira

Captação
O Dmae capta a água bruta do lago Guaíba. Nas Ebabs, a água passa por um gradeamento que retém os sólidos de maior volume, para depois ser conduzida às ETAs, onde será tratada.
Pré-tratamento
É a aplicação, na água bruta, de agentes oxidantes e carvão ativado, com o objetivo de reduzir a quantidade de matéria orgânica, eliminar a larva do mexilhão e reduzir o gosto e o odor oriundos de florações (desenvolvimento de algas no manancial).
Floculação
Nas ETAs, a água recebe um coagulante primário (como sulfato de alumínio ou cloreto de polialumínio), que aglutina as partículas sólidas em suspensão – sujeiras e microrganismos –, formando flocos.
Decantação
Os flocos que estavam em suspensão adquirem peso, sedimentam e se depositam no fundo do decantador.
Filtração
A água passa por filtros, nos quais são retidos os flocos menos pesados que não decantaram.
Desinfecção ou cloração
A adição de cloro elimina os microrganismos patogênicos. Compreende as fases de intercloração (serve para preservar os filtros de contaminações) e pós-cloração (garante a desinfecção da água tratada).
Fluoretação
A aplicação de flúor na água tratada colabora para reduzir a incidência de cárie dentária, principalmente entre crianças e adolescentes.
Alcalinização
A água recebe agentes alcalinizantes, que devolvem a ela sua alcalinidade natural e o pH.
Distribuição
Concluído o processo de tratamento, a água é armazenada em reservatórios e, depois, por meio de redes de distribuição e estações de bombeamento, é distribuída para os usuários.