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Meio ambiente

- Publicada em 18 de Março de 2019 às 22:32

Cortes e podas de árvores se intensificam em Porto Alegre

Equipe de terceirizados realiza serviços desde junho nas ruas da cidade

Equipe de terceirizados realiza serviços desde junho nas ruas da cidade


/MARCO QUINTANA/JC
Quem circula pela avenida Ipiranga, uma das mais importantes de Porto Alegre, tem notado mudanças na paisagem urbana nas últimas semanas. Uma grande quantidade de árvores passou por cortes, por vezes radicais - em pelo menos dois casos, um na esquina da Ramiro Barcelos e outro em um trecho entre a Getúlio Vargas e a Múcio Teixeira, exemplares de grande porte foram completamente removidos. Segundo os órgãos públicos envolvidos, as ações são estritamente necessárias, fazem parte de um longo passivo acumulado e revertem inclusive na segurança.
Quem circula pela avenida Ipiranga, uma das mais importantes de Porto Alegre, tem notado mudanças na paisagem urbana nas últimas semanas. Uma grande quantidade de árvores passou por cortes, por vezes radicais - em pelo menos dois casos, um na esquina da Ramiro Barcelos e outro em um trecho entre a Getúlio Vargas e a Múcio Teixeira, exemplares de grande porte foram completamente removidos. Segundo os órgãos públicos envolvidos, as ações são estritamente necessárias, fazem parte de um longo passivo acumulado e revertem inclusive na segurança.
No geral, as ações de poda e supressão de árvores são coordenadas pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Smsurb). Mas situações que envolvem a preservação de redes de eletricidade, como na extensão da Ipiranga, cabem também à Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que conta com um setor de podas e tem liberdade para realizar intervenções. A reportagem do Jornal do Comércio verificou, na tarde de ontem, uma equipe de terceirizados da prefeitura realizando podas na esquina da Ipiranga com a Baronesa do Gravataí. Ao todo, três funcionários faziam a remoção dos galhos e o recolhimento dos resíduos. No entanto, nenhum biólogo ou supervisor acompanhava a intervenção.
Conforme Jeferson de Oliveira Gonçalves, gerente regional metropolitano da CEEE Distribuição, a companhia foi responsável pela supressão de duas árvores de grande porte na Ipiranga - uma falsa seringueira e um umbu -, ambas nas imediações dos bairros Santana e Menino Deus. As intervenções, garante Gonçalves, foram realizadas com a necessária autorização e supervisão, e se mostraram inevitáveis não apenas pelos riscos à fiação, mas pelos danos que acarretavam ao trânsito, já que interferiam no rolamento da avenida.
"É preciso deixar claro que a supressão de árvores é uma medida excepcional", assegura o gerente da CEEE. Todos os meses, a companhia realiza cerca de 5 mil serviços envolvendo vegetais em contato com a fiação, gerando em torno de 60 toneladas de resíduos - e a maior parte, garante, é de natureza programada, buscando manter uma distância de um a dois metros entre a copa e os fios de alta tensão. É por isso que muitos exemplares ficam com um formato de "Y" - uma aparência "não muito bonita, mas funcional", segundo Gonçalves. Pelas estimativas do órgão, cerca de 750 mil árvores da Capital têm contato direto ou indireto com a fiação, algo em torno da metade de todas as árvores.
Em junho de 2018, a prefeitura assinou contrato terceirizado com a Chronos Engenharia, que vem conduzindo a poda de árvores na Capital desde então. Segundo a Smsurb, a prioridade tem sido para casos de urgência, com cerca de 60 demandas na lista das equipes para os próximos meses. Os procedimentos buscam, além da prevenção de danos estruturais em redes de energia e telefonia, melhorar a trafegabilidade de vias e o reequilíbrio dos vegetais que estão mais pesados de um lado, evitando possíveis quedas.
Desde a assinatura do contrato, foram realizados serviços em sete avenidas - a Ipiranga, última delas, estaria com 97% das ações finalizadas, com algo em torno de 350 intervenções em oito meses. A Smsurb informa que a capacidade atual está em torno dos 1,2 mil atendimentos mensais, com 15 equipes atuando nas vias da Capital. O acompanhamento das atividades é realizado por meio de GPS.

'Prefeitura vai contra tendência histórica de arborização', critica presidente da Agapan

A maneira como as podas vêm sendo conduzidas na Capital recebe críticas de integrantes de entidades ligadas ao meio ambiente. "A prática da prefeitura tem sido contrária à tendência histórica de arborização de Porto Alegre", acusa Francisco Milanez, presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). Ele critica medidas como a lei, publicada em fevereiro, que autoriza moradores com demandas de poda ou retirada de árvores pendentes há mais de 60 dias a realizar o procedimento por conta própria - uma "lei do arboricídio", segundo o ambientalista. O recente decreto, suspenso pela Justiça, que retirava árvores da lista de imunes ao corte na Capital, também é criticada por Milanez.
Segundo uma estimativa da Agapan, apenas 20% das árvores suprimidas em Porto Alegre apresentam, de fato, riscos à população - as demais, acusa, estão sadias e não precisariam ser derrubadas. A liberalização, segundo ele, é promovida pela atual gestão municipal para atender a interesses ligados à especulação imobiliária. "Há projetos sérios, mas também muita gente que quer cortar o máximo possível, construir e depois virar as costas para o consumidor. Essas pessoas vão morar em edifícios sem sombra, sem absorção de ruído, em uma cidade cada vez mais cinza, e o especulador não está nem aí."
A reposição de árvores cabe à Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams). Em nota, o órgão informa que a cidade deverá receber, em 2019, o plantio de 7 mil mudas de árvores em diversos pontos de Porto Alegre. "As mudas devem ser distribuídas para a recuperação de áreas de preservação permanente degradadas, canteiros centrais e passeios públicos, especialmente da Zona Norte, região com menor densidade de arborização da cidade", diz o texto. Na semana passada, segundo a Smams, foram plantadas 34 mudas na praça Pedro Vergara, na Zona Sul da Capital.