Iniciativa que reúne setores sindicais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e também entidades como o Levante Popular da Juventude e Movimento Contestação, além de partidos políticos como PSOL, PcdoB e PT, o Comitê Gaúcho em Solidariedade ao Povo Venezuelano realizou, nesta sexta-feira (22), na Esquina Democrática, no Centro Histórico de Porto Alegre, um ato buscando conversar e informar a população sobre a questão da Venezuela, país que passa por conflitos em suas fronteiras e que teve o bloqueio de ajuda humanitária decretada por Nicolás Maduro.
Batizada de Pela Paz, Contra a Guerra e pela Autodeterminação do Povo Venezuelano, a ação, que contou com a participação de cerca de 100 pessoas, concentrou-se bem no meio da avenida, espelhando cartazes e faixas que defendiam a legitimidade do governo venezuelano, escolhido em processos eleitorais. Um cartaz com a figura de Donald Trump modificado, com cara de "monstro", e um coração com as cores do Brasil e da Venezuela dizendo "um só coração" compunham o cenário.
Embora esperassem a baixa do movimento por conta do período pré-Carnaval, representantes do Comitê julgaram necessária a intervenção por meio de distribuição de materiais e atividades. De acordo com o coordenador do grupo, Raul Carrion, a invasão da Venezuela pelos Estados Unidos já tem data marcada e deve ocorrer neste sábado (23).
O dirigente acredita que a defesa de um processo de paz por meio de ajuda humanitária é uma ilusão. "De ajuda humanitária isso não tem nada, sabemos que há interesses palpáveis já que a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo", afirma. Carrion diz que "o pretexto para ajuda humanitária é uma crise forjada pelos Estados Unidos" e ainda que "o governo brasileiro se intrometendo nos assuntos internos do país é uma grave risco à nossa juventude, caso estoure um conflito".
Para o dirigente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Mario Azeredo, o Comitê pretende atingir paz no continente e reconhece a legitimidade do governo eleito, além de crer que não se pode dar ajuda humanitária para um governo que não quer. "As negociações da Venezuela com o mundo estão congeladas e é o bloqueio econômico que está custando vidas", diz Azeredo.
Na preocupação com o Brasil, Azeredo ainda afirma que "se os generais brasileiros que estão na fronteira dialogando com o governo da Colômbia entrarem à força, iremos assistir a um confronto armado nas fronteiras do Brasil e Colômbia com a Venezuela".
Como forma de resolver o problema, caso haja confronto, Azeredo diz que o Comitê deve tentar contato com a embaixada e o consulado da Venezuela em Porto Alegre.