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Transporte público

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2019 às 22:15

Passagem de ônibus em Porto Alegre volta a subir acima da inflação

Nova tarifa de Porto Alegre deve começar a valer já nos próximos dias

Nova tarifa de Porto Alegre deve começar a valer já nos próximos dias


MARIANA CARLESSO/JC
Tudo indica que, nos próximos dias, os porto-alegrenses vão sentir no bolso os efeitos de mais um aumento acima da inflação das passagens de ônibus na Capital. Aprovado ontem em reunião do Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu), o aumento para R$ 4,70 deixará cada viagem 9,3% mais cara do que a atual, de R$ 4,30 - acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo registrado nos últimos 12 meses, de 3,78% para o Brasil e de 4,62% para Porto Alegre. Ou seja, se tudo está mais caro para os moradores da Capital, ir e voltar no transporte coletivo terá um peso ainda mais perceptível no orçamento.
Tudo indica que, nos próximos dias, os porto-alegrenses vão sentir no bolso os efeitos de mais um aumento acima da inflação das passagens de ônibus na Capital. Aprovado ontem em reunião do Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu), o aumento para R$ 4,70 deixará cada viagem 9,3% mais cara do que a atual, de R$ 4,30 - acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo registrado nos últimos 12 meses, de 3,78% para o Brasil e de 4,62% para Porto Alegre. Ou seja, se tudo está mais caro para os moradores da Capital, ir e voltar no transporte coletivo terá um peso ainda mais perceptível no orçamento.
O reajuste está, agora, nas mãos de Nelson Marchezan Júnior. Há a possibilidade de que a sanção do prefeito ao aumento ocorra ainda nesta sexta-feira. Até o fechamento da matéria, porém, a prefeitura não tinha a informação de quando o novo valor será confirmado.
A aprovação do aumento por parte do Comtu não foi exatamente uma surpresa. Ativo desde 1994, o órgão nunca rejeitou as propostas de reajuste vindas da prefeitura - e, nos últimos anos, tem mantido a escrita de aprovar os novos valores por ampla margem. Na votação de quinta-feira, foram 13 votos a favor e três contrários - diferença semelhante à registrada no ano passado (13 a 4), em 2017 (14 a 3) e em 2016 (12 a 4).
Na votação, apenas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado e a União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa) se posicionaram contra o cálculo apresentado pela prefeitura. Presidente da Umespa, Vitória da Silva Cabreira afirma que o voto foi articulado com outros grupos que representam os estudantes do município.
"A prefeitura eliminou a gratuidade da segunda passagem para o trabalhador, estabeleceu idade maior para a isenção de idosos, aumentou a vida útil dos veículos e, mesmo assim, a passagem aumentou. Na nossa visão, não tem motivo nenhum (para o reajuste)", alega.
Vitória acentua que o aumento da passagem tem efeitos negativos sobre a evasão escolar. Como o estudante paga metade de cada viagem (R$ 2,35, pelo novo valor), um estudante que vá e volte da escola em dias úteis gastará, em média, R$ 94 por mês - sem contar casos em que use mais de uma viagem por vez, ou que exerça outras atividades, como cursos. "Para famílias de menos recursos, é um valor muito alto. E, para as que têm mais recursos, pegar um aplicativo começa a ser mais atraente, já que o valor (da tarifa) não reflete a baixa qualidade dos ônibus. As empresas estão cavando o buraco do qual querem sair", resume.

Queda no número de passageiros desequilibra sistema, afirma diretor executivo da ATP

Diante das críticas, as concessionárias alegam que o aumento é necessário para manter os ônibus circulando, e que insumos fundamentais também oscilam acima da margem inflacionária. "A partir da confirmação do reajuste, o sistema fica de novo em equilíbrio. Mas é algo relativo aos preços de hoje, não aos futuros. Se amanhã houver aumento do diesel, ou se menos pessoas fizerem uso do serviço, volta a haver desequilíbrio", argumenta Gustavo Simionovschi, diretor executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP).
 
O principal problema, segundo as empresas, é a queda no número de passageiros. Segundo Simionovschi, os termos do edital de 2015 consideravam 17,8 milhões de giros de roleta por mês - número que, nos cálculos da ATP, ficou em 14,2 milhões no ano passado. "Temos consciência que o preço e a qualidade do serviço são fatores decisivos para a atratividade do sistema. Mas só será possível oferecer valores mais atrativos se houver consenso em torno de medidas que quebrem esse ciclo (de fuga do sistema)", afirma.
 
Entre essas ações, ele menciona a revisão de isenções, com fontes de custeio que vão além da tarifa, a ampliação dos corredores exclusivos para ônibus (que, segundo o diretor da ATP, aumentam em até 30% a eficiência das linhas que os utilizam) e a adoção de uma política de desonerações que priorize o transporte coletivo. "Se tirássemos as isenções do cálculo da passagem, o valor real da tarifa seria de R$ 3,20 ou R$ 3,25. As pessoas, hoje, pagam sua própria passagem e a metade de outra pessoa. É preciso pensar em outras fontes de receita (para isenções), como parquímetros, pardais e multas de trânsito", sugere Simionovschi.
 
O novo valor das passagens em Porto Alegre está sendo contestado na Justiça. O PSOL, proponente da ação, alega que não está sendo cumprido o prazo de 12 meses entre os reajustes do ano passado e o atual, previsto em edital. Assim, segundo a petição, há margem para distorções no cálculo da quantidade de passageiros transportados por quilômetro rodado, decisivo para o valor da tarifa. Em paralelo, entidades como a Umespa e a União Gaúcha dos Estudantes (Uges) promoveram, na quinta-feira, protesto nas ruas da Capital, e prometem deliberar possíveis novas manifestações para as próximas semanas.