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Geral

- Publicada em 14 de Fevereiro de 2019 às 19:23

Doação milionária de Grendene tira do papel novo hospital da Santa Casa

Prédio será erguido ao lado da Praça Argentina, com acesso também pela avenida Osvaldo Aranha

Prédio será erguido ao lado da Praça Argentina, com acesso também pela avenida Osvaldo Aranha


MARIANA CARLESSO/JC
Amanda Jansson Breitsameter
O novo hospital do complexo Santa Casa em Porto Alegre vai finalmente sair do papel em março deste ano. O pontapé inicial para a construção foi dado pela doação de R$ 40 milhões para o novo prédio, anunciada pelo casal Nora Teixeira e Alexandre Grendene, empresário gaúcho do setor de calçados.
O novo hospital do complexo Santa Casa em Porto Alegre vai finalmente sair do papel em março deste ano. O pontapé inicial para a construção foi dado pela doação de R$ 40 milhões para o novo prédio, anunciada pelo casal Nora Teixeira e Alexandre Grendene, empresário gaúcho do setor de calçados.
Anunciado em setembro de 2017, o empreendimento, que vai exigir aporte de R$ 177 milhões, tem previsão de conclusão para março de 2022 e irá abrigar a nova emergência da Santa Casa, com 28 leitos voltados totalmente para atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com o diretor-geral do Complexo Hospitalar da Santa Casa, Júlio Matos, o valor repassado pelo casal bilionário será investido na etapa inicial da construção, com previsão de durar 18 meses e que inclui escoramento e instalação de toda a parte estrutural do edifício.
O restante do valor necessário para concluir o empreendimento, batizado de Hospital Nora Teixeira em homenagem à iniciativa, deverá vir de novas doações que já vêm sendo articuladas pela própria filantropa, além de financiamento via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), adiantou Matos. "A Nora vai buscar viabilizar outros andares pelo seu círculo de relacionamento, então estamos contando em breve com novas ajudas", afirma o diretor-geral.
Veja mais imagens de como deverá ser o novo prédio:
Atualmente, a emergência da Santa Casa está localizada no Hospital Santa Clara e tem 13 leitos fixos, além de 11 'extraordinários', que são macas instaladas provisoriamente no local para amenizar a superlotação. Co isso, são 24 leitos. Nesta quinta-feira (14), o local operava com 108% de superlotação.
Com a nova emergência, o número de leitos fixos deve subir para 28, todos em boxes privativos, além de outros três para pacientes que necessitarem de isolamento. A área da emergência, hoje de 600 metros quadrados, passará para 2.325 metros quadrados e estará no hospital a ser erguido. "A nova unidade  trabalhará com um modelo de atendimento mais aperfeiçoado, voltado a casos de maior complexidade", explica Júlio Matos, lembrando que doentes de todo o Estado são atendidos pelo serviço.
O gestor diz que o novo modelo de atendimento, que terá um processo mais eficiente de triagem, irá ajudar a amenizar a superlotação. A integração da emergência com serviços disponibilizados no mesmo prédio, como leitos de áreas específicas de tratamento e centrais de exames, deve diminuir ainda mais o problema de excesso de pacientes.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde aponta que o aumento da emergência volta-se principalmente ao segmento de alta complexidade, "no qual a Santa Casa é uma instituição importante na rede de saúde, como as áreas de cardiologia, neurologia, oncologia e transplantes".
Com a inauguração, a emergência atual, no Santa Clara, será desativada, passando a fazer parte do saguão de entrada, e toda a emergência da Santa Casa passará a atender no andar térreo do novo edifício, que dará acesso pela Rua Professor Annes Dias. Entre os impactos no trânsito, que já vem sofrendo alterações na região realizadas pelo próprio complexo hospitalar, Matos destaca que as ambulâncias - que hoje ficam na área externa - terão acesso direto à emergência para realizar embarques e desembarques.
Com 13 andares, o Hospital Nora Teixeira irá incluir - além da nova emergência - dois postos de enfermagem, ampliação do número de posições de medicação de 12 para 18, ampliação do número de salas de acolhimento e consultórios e um Centro de Diagnóstico por Imagem dedicado à emergência, o que deve facilitar e agilizar os atendimentos. "Os pacientes hoje precisam ir até o Hospital Dom Vicente Scherer para fazer esses exames de imagem, e isso será possível no mesmo prédio", comemora Matos.
O dirigente ainda estima que pelo menos 500 empregos na área assistencial, incluindo novos médicos e enfermeiros, sejam criados com a nova infraestrutura.

Santa Casa busca equilíbrio financeiro com SUS

O empreendimento também deve auxiliar o complexo hospitalar a manter o equilíbrio financeiro. Com déficit de R$ 165 milhões de reais pelos atendimentos ao SUS, a Santa Casa tira dos serviços a pacientes de convênios e particulares a contrapartida para sua autossustentação. Em 2018, o SUS repassou R$ 200 milhões ao complexo, em um ano que contabilizou 870 mil consultas ambulatoriais, 54 mil internações hospitalares, 63 mil procedimentos cirúrgicos e 5,1 milhões de serviços de diagnóstico e tratamento: mais de 1 milhão de pessoas atendidas.
"Nosso esforço agora é manter esse volume assistencial que temos atualmente. O cenário não indica possibilidade de o poder público ampliar esse investimento, então o novo empreendimento vem resolver tanto o problema da emergência, quando garantir a sustentabilidade da Santa Casa pelo menos pelos próximos dez anos", informa Matos. 
A Secretaria Municipal de Saúde, no entanto, parece otimista. A pasta informou que, em outubro de 2018, o Ministério da Saúde anunciou um incremento de teto financeiro em Porto Alegre, no qual a Santa Casa está contemplada em R$ 12 milhões ao ano. "Pretendemos organizar este recebimento do Ministério para que haja uma majoração", diz em nota.
"Cada vez mais percebemos que os pacientes de convênios e particulares buscam os serviços da Santa Casa porque sabem que além de se beneficiar de um corpo clínico de extrema qualidade, ainda está, com seu resultado, contribuindo para que mantenhamos esse atendimento tão importante do SUS. É o famoso 'consumo consciente'", brinca Matos. "Na Santa Casa não temos dois mundos, o processo assistencial é o mesmo para todos os pacientes, assim como o corpo clínico", explica.
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