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Educação

- Publicada em 06 de Fevereiro de 2019 às 21:47

Na primeira reunião, governo e Cpers não recuam em posições

Encontro teve o objetivo de criar 'uma agenda do diálogo', disse o governador

Encontro teve o objetivo de criar 'uma agenda do diálogo', disse o governador


GUSTAVO MANSUR/PALÁCIO PIRATINI/JC
Logo no começo da primeira reunião entre o novo governo do Estado e a direção do Cpers, ocorrida ontem na sede do sindicato dos professores, o governador Eduardo Leite resolveu fazer uma brincadeira para quebrar o gelo. "Já fico com vontade de tocar essa sineta", gracejou, pegando o instrumento que estava na mesa e que está no imaginário gaúcho como um símbolo de protestos do magistério. Mesmo rindo da piada, a presidente do Cpers, Helenir Schürer, não desperdiçou a deixa. "O senhor provavelmente vai ouvir essa sineta tocar bastante, não se apresse", ironizou.
Logo no começo da primeira reunião entre o novo governo do Estado e a direção do Cpers, ocorrida ontem na sede do sindicato dos professores, o governador Eduardo Leite resolveu fazer uma brincadeira para quebrar o gelo. "Já fico com vontade de tocar essa sineta", gracejou, pegando o instrumento que estava na mesa e que está no imaginário gaúcho como um símbolo de protestos do magistério. Mesmo rindo da piada, a presidente do Cpers, Helenir Schürer, não desperdiçou a deixa. "O senhor provavelmente vai ouvir essa sineta tocar bastante, não se apresse", ironizou.
Nas entrelinhas, o incidente descontraído não deixa de dar o tom do que foi o encontro inicial entre professores e governo gaúcho. Em todas as falas, havia um claro esforço em manter portas abertas e evitar palavras duras. Ainda assim, nenhum dos lados recuou em posições já estabelecidas. Dessa forma, pautas como mudanças no plano de carreira, piso salarial do magistério e uma possível redução nas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) devem causar algumas subidas de tom nos próximos meses.
Após a reunião, que durou cerca de uma hora e meia, o governador frisou que os encontros com sindicatos visam inaugurar "uma agenda do diálogo" que facilite soluções negociadas para os problemas do Estado. "Não é a agenda mais fácil, mas é a única possível. Conversar sobre o que a gente concorda é muito fácil, é preciso tocar nos pontos de divergência", pontuou.
Ainda assim, Leite deixou claro que o governo vai insistir em determinadas questões, como as mudanças na estrutura das carreiras de vários setores do serviço público - entre eles, os professores. De acordo com o governo, a grave situação fiscal do Estado é conhecida por todos, e situações como o piso do magistério criam "enormes dificuldades" para as contas públicas.
"Temos planos de carreira que são anteriores à Constituição de 1988, que foram desenvolvidos em outro contexto político e econômico, e anteriores à própria legislação do piso (federal do magistério, de 2013). Quando essa lei estabeleceu uma base maior, aquelas vantagens passaram a ser inviáveis. Isso vai demandar muito diálogo", admitiu. "Queremos pagar os servidores em dia, com um salário que dê atratividade às carreiras e, ao mesmo tempo, seja possível ao governo suportar."
Mais tarde, Leite cumpriu agenda também na Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado (Fessergs), que entregou ao governador uma pauta de reivindicações. Entre as solicitações, consta o pagamento em dia de salários, a recomposição de perdas acumuladas, a revisão de extinção das fundações e a não privatização de empresas estatais. 

Negociação poderá ser 'dura', mas respeitosa, garante Helenir

Líder do sindicato estadual dos professores, Helenir Schürer se disse esperançosa com as sinalizações feitas por Leite na reunião - que trazem, segundo ela, uma mudança considerável em comparação com a postura "extremamente desrespeitosa" do governador anterior, José Ivo Sartori. "Essa questão de transparência, olho no olho, me agrada, porque nós (Cpers) vemos assim também. O diálogo poderá, muitas vezes, ser extremamente duro, mas é possível fazer isso de forma respeitosa", disse ela.
Um otimismo que, garante, não vai se traduzir em recuo em questões fundamentais para a categoria. "O governo reafirmou que quer mudar o plano de carreira. Para nós, essa é uma pauta pesada. Temos decisão da categoria, e quem decide nesse sindicato é a categoria", reforçou Helenir.
"Quando nos pagarem salário digno, podemos discutir penduricalhos. Nosso lema, agora, é nenhum centavo a menos, não é possível suportar qualquer perda a essa altura", afirmou a presidente do Cpers. Um dos pedidos foi para que o governo divulgue o calendário de parcelamentos com um pouco mais de antecedência, já que a situação causa forte abalo na vida e no emocional de professores e professoras, resultando até em suicídios.
Outra questão mencionada pelo sindicato durante o encontro trata dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o governo estadual teria feito uso, até outubro ano passado, de 57,2% dos recursos recebidos para pagar salários - abaixo do mínimo permitido, de 60%. Além de alegar que o valor ausente poderia ajudar na quitação em dia dos professores, há a suspeita de que o montante possa estar entrando no caixa único do Estado, o que é ilegal.
Ao fim da reunião, ficou encaminhada uma reunião com a Secretaria de Educação para os próximos dias, para tratar de demandas relativas ao início do próximo ano letivo. Há também sinalização de uma nova reunião com Eduardo Leite, na segunda metade de fevereiro, que ocorreria no Palácio Piratini. E Helenir cobrou a presença do governador, pelo menos, em todas as reuniões que tratem de aspectos financeiros do magistério - mais uma crítica a Sartori, que, segundo ela, compareceu a apenas um encontro durante os quatro anos de mandato.