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Meio ambiente

- Publicada em 27 de Janeiro de 2019 às 01:00

Brumadinho chega a 58 mortos até a noite deste domingo

Bombeiros também apontaram 192 pessoas localizadas e 305 que continuam desaparecidas

Bombeiros também apontaram 192 pessoas localizadas e 305 que continuam desaparecidas


MAURO PIMENTEL/AFP/JC
A lista de mortos na tragédia da barragem de Brumadinho chegou a 58 pessoas, das quais 16 já foram identificadas, conforme números do Corpo de Bombeiros no fim da noite deste domingo (27). Os bombeiros também apontaram 192 pessoas localizadas e 305 que continuam desaparecidas, entre funcionários da Vale e moradores da região.
A lista de mortos na tragédia da barragem de Brumadinho chegou a 58 pessoas, das quais 16 já foram identificadas, conforme números do Corpo de Bombeiros no fim da noite deste domingo (27). Os bombeiros também apontaram 192 pessoas localizadas e 305 que continuam desaparecidas, entre funcionários da Vale e moradores da região.
Além das regiões do Córrego do Feijão e do Tejuco, também são áreas de risco em Brumadinho as regiões de Pires, Novo Progresso e o Centro da cidade. A ponte sobre o rio Paraopeba foi interditada, devido ao perigo de que a água suba rapidamente. Brumadinho é conhecida por abrigar o Instituto Inhotim, um parque no qual funciona uma espécie de museu à céu aberto.
A Justiça mineira determinou que a mineradora Vale, responsável pela barragem da Mina Córrego do Feijão, rompida na sexta-feira, tenha bloqueados R$ 11 bilhões de suas contas, para ressarcir danos e perdas em geral. O valor se refere a três bloqueios realizados até agora.
Do montante, R$ 5 bilhões serão usados para a reparação de prejuízos das vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda multou a Vale em R$ 250 milhões.
O início de domingo foi de susto e apreensão entre os moradores da Região do Tejuco, em Brumadinho. Às 5h30min, famílias, bombeiros que realizam resgates e jornalistas que acompanham a tragédia acordaram com uma sirene, alertando para a necessidade de evacuação em virtude do risco de rompimento de uma quarta barragem da Vale, a B6, que geraria a inundação parcial da região.
Durante a tarde, a Defesa Civil informou que o nível do perigo de rompimento havia diminuído e foi retirado o alerta de risco iminente. As pessoas retiradas de suas casas, então, puderam retornar a seus lares. As restrições de circulação em Brumadinho também foram retiradas.
Entre as 20h de sábado e as 4h de domingo, os resgates foram interrompidos para que a drenagem da barragem B6 fosse intensificada. O volume de água drenado nesse período e que, portanto, desceria pelo rio Paraopeba, seria mais que o triplo do que vinha sendo drenado até então. O rompimento da barragem liberou quase 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos no rio. Sem o risco de nova inundação da área já coberta de lama, os bombeiros retomaram os trabalhos de resgate.
Desde sexta-feira, moradores de Brumadinho, cuja população é de em torno de 36 mil habitantes, enfrentam dificuldades com abastecimento de comida e água. Uma força-tarefa foi montada em diferentes municípios mineiros e estados do Brasil para enviar donativos às vítimas. No sábado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sobrevoou a área.
O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) cobra, ainda, que a Vale realize de forma imediata o resgate dos animais isolados em Brumadinho em razão do rompimento da barragem. Também acionou a companhia para que garanta a provisão de alimentos, água e cuidados veterinários aos animais cujo resgate não for tecnicamente recomendável. No documento encaminhado à mineradora, são citados "danos ambientais, sociais e humanos imensuráveis" para a região.
O plano de ação deverá contar com um profissional especializado do Comando da Operação de Resgate, que envolve o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil. A companhia precisará dispor de "equipe técnica qualificada, preferencialmente habilitada em manejo ecológico" ao realizar o trabalho de busca, resgate e cuidados dos animais. A Vale terá de disponibilizar, ainda, apoio aéreo. O sobrevoo da área terá de ser feito "na menor altitude recomendada para que seja possível a visualização dos animais", e tudo deve estar registrado em filmagens. A empresa terá de enviar relatórios diários sobre as ações detalhando a quantidade de animais recolhidos.
O Ministério Público lembrou que a proteção do meio ambiente está prevista na Constituição Federal de 1988 e que a recusa, o retardamento ou a omissão por parte da Vale é crime, punido com pena de reclusão de um a três anos, mais multa.
Em nota à imprensa, a Vale informou mais cedo que "como medida preventiva, a comunidade da região está sendo deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo plano de emergência. A Vale continuará monitorando a situação juntamente com a Defesa Civil". A empresa diz que dará "novas informações a qualquer momento". 

MPT investigará responsabilidades trabalhistas

O Ministério Público do Trabalho (MPT) anunciou ontem que realizará um diagnóstico do rompimento das barreiras, para apurar as responsabilidades trabalhistas envolvidas no caso. Por meio de nota, o MPT informou que integrará uma força-tarefa institucional criada ainda na noite de sexta-feira, dia da tragédia. O objetivo é aperfeiçoar as normas de segurança de trabalho e adotar procedimentos para reduzir riscos de novos acidentes de trabalho em áreas de mineração. Grande parte dos mortos e dos desaparecidos é composta por funcionários da Vale.
"O MPT vem a público externar a sua mais ampla preocupação com o rompimento da barragem de Brumadinho em Minas Gerais, que ocasionou um dos maiores acidentes de trabalho já registrados no Brasil", diz o comunicado. A estimativa do MPT é que este seja o mais grave evento de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil. Procuradores do Trabalho estão na cidade reunindo informações para subsidiar o andamento das investigações e a responsabilização dos culpados.
Em 2015, no rompimento da barragem de Mariana, também em Minas Gerais, o MPT investigou e apontou irregularidades e deficiências nas medidas de prevenção. As principais medidas não tinham sido aceitas pelas empresas Samarco/Vale, na tentativa de acordo na via administrativa. Dessa forma, o MPT propôs uma ação na Vara do Trabalho de Ouro Preto, em outubro de 2017, ainda pendente de julgamento. Há audiência marcada para o dia 27 de fevereiro e pedidos de liminares, para acelerar o trâmite, não foram atendidos pela Justiça. "O trágico acontecimento se repete pouco mais de três anos daquele ocorrido em Mariana em 2015 e demonstra negligencia com o cumprimento das normas de segurança no trabalho na atividade de mineração", afirma o MPT. 

Delegação de Israel apoiará trabalho de resgate em Brumadinho

Os militares de Israel que ajudarão nas buscas aos desaparecidos na tragédia em Brumadinho desembarcaram na noite de ontem no Brasil. O governo do país ofereceu ajuda e o presidente da República, Jair Bolsonaro, aceitou a oferta. A delegação tem 130 soldados e oficiais em serviço obrigatório e de reserva do Comando de Frente Interno.
Entre eles, estão engenheiros especialistas, médicos, equipes de busca e resgate, bombeiros do serviço de Fogo e Resgate, soldados da unidade de missões submarinas da Marinha israelense, representantes do Ministério das Relações Exteriores e o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Sheli.
Israel enviou, junto com os militares, sonares e detectores de vozes e ecos para o resgate de possíveis sobreviventes. A previsão é que a delegação permaneça em Brumadinho ao longo de todo o trabalho de resgate.