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patrimônio histórico

- Publicada em 20 de Janeiro de 2019 às 01:00

No coração de Porto Alegre, dois séculos de história

Reformado pela Assembleia, casarão virou espaço para atividades culturais

Reformado pela Assembleia, casarão virou espaço para atividades culturais


MARCO QUINTANA/JC
Mais antiga construção residencial ainda de pé em Porto Alegre, o Solar dos Câmara teve uma história das mais movimentadas. Com imaginação, talvez o visitante eventual consiga ouvir, em algumas das salas requintadas, os ecos de importantes debates políticos do passado. Em jantares, recepções ou encontros reservados, o local recebeu imperadores e nobres, marechais e catedráticos, além de ilustres visitas de além-mar, como o botânico francês Auguste de Saint-Hillaire. Erguido a partir de 1818, antes mesmo de o Brasil deixar de ser colônia, o casarão completa 201 anos neste mês, e segue perto do poder gaúcho - embora de forma menos decisiva, sendo um espaço cultural associado à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS).
Mais antiga construção residencial ainda de pé em Porto Alegre, o Solar dos Câmara teve uma história das mais movimentadas. Com imaginação, talvez o visitante eventual consiga ouvir, em algumas das salas requintadas, os ecos de importantes debates políticos do passado. Em jantares, recepções ou encontros reservados, o local recebeu imperadores e nobres, marechais e catedráticos, além de ilustres visitas de além-mar, como o botânico francês Auguste de Saint-Hillaire. Erguido a partir de 1818, antes mesmo de o Brasil deixar de ser colônia, o casarão completa 201 anos neste mês, e segue perto do poder gaúcho - embora de forma menos decisiva, sendo um espaço cultural associado à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS).
A edificação foi concebida para ser a residência de José Feliciano Fernandes Pinheiro. Então chefe da alfândega, ele logo virou o primeiro presidente da Província do Rio Grande de São Pedro e, em seguida, ganhou o título de visconde de São Leopoldo, em reconhecimento ao auxílio prestado aos primeiros colonizadores alemães em solo gaúcho. Casado com uma das filhas do visconde, José Antônio Corrêa da Câmara passou a residir na casa em 1851, e seu sobrenome foi associado ao Solar desde então. De destacada carreira militar, ele também dá nome à antiga Rua da Ladeira, conhecida como General Câmara desde os anos 1870.
Dentro da realidade escravocrata da época, o local era um típico casarão de senhores, incluindo uma senzala para escravos no piso inferior. Erguido no estilo colonial português, o Solar dos Câmara foi alvo de uma reforma em 1874, incorporando elementos neoclássicos e ganhando acréscimos como pátios internos, terraços e esculturas externas.

Após processo de recuperação de mais de quatro anos, casarão foi reaberto nos anos 1990

Espaço mantém elementos coloniais e neoclássicos

Espaço mantém elementos coloniais e neoclássicos


MARCO QUINTANA/JC
A construção foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1963. A decadência do Solar dos Câmara veio a partir de 1975, com a morte do seu último proprietário, Armando Pereira da Câmara. Político de destaque e primeiro reitor da Pontifícia Católica do Rio Grande do Sul, ele não deixou descendentes, e o local ficou desabitado durante vários anos.
Após adquirir a propriedade, no começo dos anos 1980, a AL-RS promoveu um amplo processo de restauração, que durou mais de quatro anos. As intervenções marcaram época no Estado, seguindo diretrizes adotadas em patrimônios de alcance mundial, como a Capela Sistina, no Vaticano. Em 1993, o Solar foi reaberto, com o caráter cultural que o caracteriza desde então.
Atualmente, parte das atividades institucionais da Assembleia estão instaladas no local, bem como a Escola do Legislativo e um memorial. No andar de baixo, onde antes funcionava a senzala e o estábulo, está localizada a biblioteca da instituição. Quem visita o casarão pode ver boa parte das pinturas decorativas da época, além de vasos e móveis antigos. Para mostrar o aspecto original de alguns ambientes, "janelas" foram mantidas sem alterações, e é possível ver também exemplos das técnicas utilizadas na construção do local.
O antigo espaço para recepções abriga, atualmente, o Salão José Lewgoy, frequentemente utilizado para recitais, seminários e lançamentos. O jardim recuperado, hoje rebatizado Espaço Zumbi dos Palmares, também está aberto para visitas, mediante agendamento. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (51) 3210-2037 e (51) 3210-1087.
Na próxima segunda-feira, leia sobre a história das cervejarias, que segue preservada no Shopping Total.