Aprovado no começo de janeiro, o financiamento de R$ 34 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) para a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) deve ter impacto considerável no modo como o Estado lida com o lixo gerado em suas áreas urbanas. Estão previstas melhorias nos aterros de Minas do Leão, Santa Maria, São Leopoldo e Giruá, além de medidas para potencializar a capacidade das duas unidades mais recentes, em Victor Graeff (inaugurada em junho de 2018) e a central de transbordo de Tramandaí (aberta em dezembro).
Segundo Leomyr Girondi, diretor de desenvolvimento de novos negócios da CRVR, os valores obtidos junto ao Bndes fazem parte de um plano de expansão, que projeta investimento total de até R$ 500 milhões em um período de cinco anos, iniciado em 2016. No caso específico, o financiamento cobre 80% do total de R$ 42,5 milhões, com o restante sendo bancado pela empresa. "Nosso objetivo é que, no período projetado, o Estado consiga ter alternativas que atendam às exigências do plano nacional", diz Girondi.
As intervenções têm como norte as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que buscam promover o fim dos chamados lixões e a disposição final de rejeitos em aterros sanitários ambientalmente adequados. Uma das medidas mais significativas nesse contexto é a produção de energia elétrica por meio do biogás canalizado a partir dos aterros - algo que não apenas reduz as emissões que geram o efeito estufa, mas também é visto como uma alternativa importante do ponto de vista financeiro.
Atualmente, a CRVR conta com uma unidade de geração de energia em Minas do Leão, que usa a queima controlada do biogás como combustível. De acordo com a empresa, a energia gerada chega aos 8,5 megawatts por hora, o que seria capaz de abastecer uma cidade de 100 mil habitantes. Parte dos recursos obtidos via Bndes devem financiar a implantação de duas novas estruturas do tipo, em São Leopoldo e Santa Maria.
A atenção da CRVR também está voltada aos sistemas de tratamento de efluentes líquidos. Essa modalidade tornou-se um problema para o Estado, na medida em que as opções são escassas para empresas locais, que precisam enviar os efluentes para Santa Catarina. A situação tornou-se mais drástica a partir de 2016, quando foram suspensas as atividades da Cettraliq, empresa de Porto Alegre que fazia o tratamento e passou por problemas ambientais. Em dezembro, uma tentativa de leiloar a antiga sede não teve nenhuma oferta registrada.
Além de ampliar o alcance das seis centrais já instaladas, está nos planos da CRVR a abertura de duas novas unidades, na Zona Sul e na Fronteira. Embora não antecipe informações sobre essas instalações, Girondi garante que há conversas "bem adiantadas" com municípios cotados para receber os empreendimentos.