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Geral

- Publicada em 11 de Janeiro de 2019 às 16:50

Ulbra demite cerca de 150 professores e atribui medida a 'ajuste no quadro'

Instituição estaria sofrendo com diminuição de alunos, que afeta universidades privadas

Instituição estaria sofrendo com diminuição de alunos, que afeta universidades privadas


LUIZ MUNHOZ/Ulbra/Divulgação/JC
Matheus Closs
Cerca de 150 professores foram demitidos pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) nesta semana, segundo estimativa do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS). Embora a Ulbra não confirme o número, o sindicato baseia a estimativa nas informações repassadas pelos professores desde a última quarta-feira (9).
Cerca de 150 professores foram demitidos pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) nesta semana, segundo estimativa do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS). Embora a Ulbra não confirme o número, o sindicato baseia a estimativa nas informações repassadas pelos professores desde a última quarta-feira (9).
O diretor do Sinpro-RS, Marcos Fuhr, aponta que as demissões nas instituições de ensino superior privado no Rio Grande do Sul têm ocorrido com frequência nos últimos semestres. "Outras instituições já tiveram levas de demitidos, dessa vez está acontecendo na Ulbra", informa Fuhr. No caso da Universidade Luterana, as demissões são potencializadas pela crise da própria instituição, que já ocorre 'há pelo menos dez anos', segundo o diretor.
"É uma instituição que paga sistematicamente os salários com atraso. Faz quatro, cinco anos que todos os meses tem atraso de salário. É uma crise que se estende desde 2009, quando mudou a reitoria", aponta Fuhr. Na semana passada, funcionários do setor administrativo já haviam sido demitidos.
Apesar do habitual atraso nos salários, o diretor do Sinpro-RS reconhece o comprometimento da instituição, que realiza o pagamento de multas a cada atraso. "O problema está equacionado na vida das pessoas. A instituição atrasa, mas paga as multas dos atrasos, e assim vai indo", conta o dirigente. 
Demitida nessa quinta-feira (10), uma professora que não quis se identificar revela que recebeu com surpresa a notícia do desligamento. Segundo ela, a Ulbra alegou motivações financeiras, como a redução de custos no curso que leciona.
Na próxima segunda feira (14), a direção do Sinpro/RS terá reunião com a Associação Educacional Luterana do Brasil (AELBRA), mantenedora da Ulbra, para esclarecer questões ligadas às demissões, como a garantia do pagamento das quantias rescisórias e do FGTS. Além dos sistemáticos atrasos salariais, a instituição não estaria recolhendo regularmente o Fundo de Garantia de seus empregados, de acordo com o sindicato.
Procuradas pela reportagem, a mantenedora da Ulbra, a Aelbra, informou, por meio de nota, que "realizou um ajuste em seu quadro de professores, com o objetivo de reduzir os impactos causados pela crise que atinge o setor nos últimos anos". Ainda, segundo a assessoria de imprensa da instituição, a rotina acadêmica permanecerá inalterada e as aulas serão ministradas normalmente.

Sindicato aponta razões para demissões

O presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS), Bruno Eizerik, atribui as demissões a vários fatores, entre eles a diminuição no número de alunos no Ensino Superior. "Estamos vivendo uma crise no número de matrículas no Ensino Superior, que é reflexo da crise que assola o país", aponta Eizerik. 
Entre 2014 e 2016, o número de ingressos nos cursos presenciais das universidades privadas no Brasil caíram de 1.878.483 para 1.637.461. No Rio Grande do Sul, os ingressos decresceram de cerca de 102 mil, para aproximadamente 92 mil. Os dados são do Censo da Educação Superior de 2017, realizado pelo Inep. 
Além disso, as alterações no Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) feitas em 2018 têm resultado em menor adesão das instituições ao programa. Devido a uma maior responsabilidade das universidades sobre a inadimplência dos estudantes, os custos tornaram-se mais caros para elas. Além disso, as novas regras para os alunos dificultaram o preenchimento das vagas.
"Temos dois milhões de habitantes que terminaram o Ensino Médio e não estão no Ensino Superior. Então, não faltam pessoas para estudar, falta financiamento público", opina. 
Outro fator que reflete diretamente em uma menor procura de vagas no Ensino Superior neste ano, segundo Eizerik, é a ausência, em 2018, do terceiro ano do Ensino Médio nas escolas do Estado, observada principalmente na rede privada, devido a criação do nono ano do Ensino Fundamental em 2016. O ano passado foi o primeiro a sofrer o impacto da ausência de terceirões. 
Na contramão do cenário de baixa, os cursos de ensino a distância (EAD) têm apresentado maior ingresso de alunos a cada ano. De 2016 para 2017, houve aumento de cerca de 230 mil matrículas nos cursos EAD. O diretor do Sinepe-RS aponta para os valores mais baixos como principal fator para preferência dos estudantes. "Essa migração para o ensino a distância, mesmo com o crescimento da qualidade do EAD, é em função do que a população está conseguindo pagar", diz. 
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