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- Publicada em 29 de Dezembro de 2018 às 21:40

Pela primeira vez na história, MTG tem mulher na disputa pela presidência

Candidata tem trajetória em entidades e diz que vai usar 'diálogo e conversa' contra machismos

Candidata tem trajetória em entidades e diz que vai usar 'diálogo e conversa' contra machismos


LIVIAI ROSSA/ESPECIAL/JC
Lívia Rossa
Pela primeira vez, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) tem uma mulher na briga da presidência. É a professora aposentada Elenir Dill Winck, que prega uma gestão em que as mulheres saiam das funções de retaguarda para dirigir, ao lado dos homens, um movimento que levou do Rio Grande do Sul para outros lugares do Brasil e até Exterior a cultura do gaúcho.
Pela primeira vez, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) tem uma mulher na briga da presidência. É a professora aposentada Elenir Dill Winck, que prega uma gestão em que as mulheres saiam das funções de retaguarda para dirigir, ao lado dos homens, um movimento que levou do Rio Grande do Sul para outros lugares do Brasil e até Exterior a cultura do gaúcho.
Com um discurso de "diálogo e conversa" diante de qualquer manifestação machista, Elenir pretende, se for eleita, colocar em marcha um trabalho de equipe e que dê espaço e mais luz às entidades tradicionalistas, que totalizam 1,7 mil no Estado. A ideia é dar mais atenção e o lugar de destaque que, na visão da candidata, o movimento de base merece.
Embora seja pioneira na disputa, a professora já esteve na vice-presidência do Conselho de Cultura do MTG. Professora aposentada, lecionou durante 38 anos em Panambi, onde também foi secretária de Educação por quatro administrações, além de atuar na Secretaria Estadual de Educação. Há duas semanas, a candidata participou do primeiro debate das eleições no auditório do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs), junto com o oponente ao cargo e atual presidente, Nairo Callegaro.
Representantes dos conselheiros do MTG, principalmente homens, expressaram satisfação com uma candidatura feminina.
Elenir trouxe propostas para o pontapé inicial caso eleita, como a criação de um departamento de ouvidoria, a implantação de um programa de acessibilidade e inclusão para pessoas com deficiência, a valorização da cultura no Estado e o estreitamento das relações do MTG com todos os níveis de ensino, priorizando não só a educação de crianças, mas também a valorização de trabalhos acadêmicos.
A escolha do presidente do MTG é a última etapa de uma série de votações. Uma chapa de conselheiros elege seus candidatos a presidentes e vice-presidentes, que serão votados pelas entidades tradicionalistas, estritamente filiadas ao movimento, durante o Congresso Tradicionalista, que ocorre nos dias 11, 12 e 13 de janeiro, em São Borja. Os CTGs têm direito a dois votos, e os piquetes, que são entidades parciais, têm direito a um voto. As entidades estudantis também contribuem com um voto.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, Elenir defendeu a reavaliação de eventos e a não-elitização da tradição, propondo a simplicidade das manifestações e o acesso a todos.
Jornal do Comércio - Como surgiu o tradicionalismo na sua vida?
Elenir Dill Winck – Cresci no meio tradicionalista. Vivendo diversas atividades, fui assumindo funções dentro do CTG, depois da região tradicionalista, até chegar na atividade do movimento em nível estadual. A partir daí, fui cada vez mais me envolvendo, porque é algo que fazemos por amor, é um trabalho voluntário.
JC – A presidência é voluntária?
Elenir – Tudo é voluntário. Ser conselheiro do movimento é voluntário. Qualquer atividade que você exerça para o movimento é voluntário. A não ser funcionários que atuam dentro da sede, esses sim são funcionários, o resto é tudo voluntário.
JC – Como foi a sua trajetória em entidades tradicionalistas?
Elenir – Primeiro eu e meu marido fomos patrões do CTG Campeiro Velho, em Panambi. Fomos seis vezes patrões. Depois assumimos a coordenação da 9ª região tradicionalista. Também fui diretora artística do MTG quando ainda não tinha as vice-presidências, e, em 2014, assumi como conselheira e vice-presidente de Cultura do movimento. Fui vice-presidente do conselho em 2014, 2015 e 2016, e, em 2017 e 2018, assumi a vice-presidência de administração e finanças.
JC – Qual a responsabilidade de assumir a presidência que nunca foi exercida por mulheres?
Elenir – A mulher sempre teve seu papel, começando pela história do Rio Grande do Sul. Enquanto os homens saíam para o trabalho ou até mesmo para as guerras, quem ficava tomando conta da estância, da família, dos afazeres era a mulher. Só que não com muito destaque. Até hoje podemos dizer que a mulher faz o trabalho de retaguarda, mas a participação delas na sociedade vem crescendo, e no MTG também. Temos várias patroas das entidades, coordenadoras e conselheiras. Justamente pelo trabalho que venho realizando, resolvi lançar meu nome com uma grande equipe formada não só por mulheres, porque entendo que devemos sempre trabalhar juntos.
JC – Como é a recepção das mulheres à sua candidatura?
Elenir – Muito boa! Claro, muitas vezes ouço o comentário: 'Mas uma mulher coordenar o Movimento Tradicionalista Gaúcho?'. Há um pouco da questão do machismo, mas considero que o MTG como um todo não é machista.
JC – Este 'pequeno machismo' explica que até hoje nenhuma mulher tenha tentado estar na posição que a senhora busca?
Elenir – Talvez houvesse a preocupação em como seriam recebidas ou como aconteceria toda a caminhada. Mas posso dizer que é muito positiva, é muito boa, essa oportunidade.
JC – Como a senhora espera lidar com eventual manifestação de machismo?
Elenir – Tudo através do diálogo, da conversa, da união, do estar junto com as pessoas. Isso nos faz crescer e conseguir administrar.
JC – Como o MTG percebe as diferenças da mulher? 
Elenir – Percebo que a cada ano vem crescendo a participação da mulher em diferentes atividades. No início, a mulher ficava mais na retaguarda, com aquele trabalho burocrático, de papéis, de documentos, de secretaria. Hoje ela já está assumindo funções de liderança, 'funções de ponta', como a gente diz.
JC – O que deveria mudar no tradicionalismo em relação à mulher?
Elenir – Penso que a mulher deveria ser mais valorizada e escutada porque, muitas vezes, a opinião de uma mulher é deixada de lado.
JC – Quais serão as primeiras medidas, caso seja eleita?
Elenir – Temos como princípios realizar uma gestão democrática e com trabalho em equipe. Precisamos trabalhar juntos e deixar prevalecer o "nós" em vez do "eu". Nosso olhar será voltado para as entidades, pois não adianta termos uma entidade, enquanto federação, se não olharmos quem faz todo esse movimento acontecer, que são as entidades.
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