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São Paulo

- Publicada em 12 de Dezembro de 2018 às 01:00

Atirador mata 4 pessoas em igreja e se suicida

Segundo testemunhas, homem chegou nos minutos finais da missa

Segundo testemunhas, homem chegou nos minutos finais da missa


/ARI FERREIRA/AFP/JC
Ao menos quatro pessoas foram mortas a tiros na Catedral Metropolitana de Campinas (SP), no início da tarde de ontem, depois que um homem entrou na igreja e atirou contra os fiéis. Segundo a Polícia Militar (PM), o suspeito, identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, se matou após o ataque - ele portava uma pistola 9mm e mais um revólver. Conforme a PM, a motivação do ataque é desconhecida.
Ao menos quatro pessoas foram mortas a tiros na Catedral Metropolitana de Campinas (SP), no início da tarde de ontem, depois que um homem entrou na igreja e atirou contra os fiéis. Segundo a Polícia Militar (PM), o suspeito, identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, se matou após o ataque - ele portava uma pistola 9mm e mais um revólver. Conforme a PM, a motivação do ataque é desconhecida.
Segundo o delegado José Henrique Ventura, diretor do Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior 2 (Deinter 2), Grandolpho era de Valinhos, no interior de São Paulo, e não tinha antecedentes criminais. "A profissão dele, ao que parece, era analista de sistemas", disse o delegado em entrevista coletiva na tarde de ontem. "Com a identificação, vamos investigar, agora, a motivação (do crime)."  
Os tiros foram disparados no momento em que ocorria a missa das 12h15min. A polícia diz ter registrado um chamado pelo telefone 190 às 13h25min, com uma pessoa dizendo que um homem de camiseta azul e calça jeans entrou na catedral, fez os disparos e, na sequência, se matou.
O secretário municipal de Segurança de Campinas, Luiz Augusto Baggio, afirmou que Grandolpho já teria entrado na igreja atirando. "A intenção era atirar. Ele já atirou 'fatalizando' as pessoas. Não tinha nenhum motivo específico que não fosse a loucura dele", completou Baggio. O delegado do 1º DP de Campinas, Hamilton Caviola Filho, responsável pelo policiamento na região, deu outra versão do ocorrido. "Ele não chegou atirando. Ele estava sentado, parado, e, quando se levantou, começou a atirar nas pessoas."
Uma câmera do circuito interno de segurança da catedral mostra a ação do atirador. No vídeo, obtido pela Folha de S.Paulo, Grandolpho se levanta e passa a disparar contra um grupo de pessoas sentado atrás dele. O atirador, em seguida, caminha para a frente da igreja e começa a disparar contra os policiais. Ele teve tempo de trocar o pente da pistola até ser atingido no tórax. Caído, disparou contra a própria cabeça. Ele ainda tinha 28 balas em pentes na mochila. A polícia investiga onde e com quem Grandolpho morava. "O vídeo que temos (mostra) ele dentro da igreja, o que prova que estava sozinho", afirmou Ventura. Segundo o delegado, o atirador nunca havia sido visto no local.
Outras quatro pessoas foram atingidas pelos disparos e sobreviveram. Elas foram socorridas por bombeiros e médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levadas para os hospitais Mário Gatti, HC de Campinas e Beneficência Portuguesa. Os sobreviventes passarão por cirurgia para a retirada dos projéteis que atingiram partes vitais. O estado de saúde deles não foi divulgado.
A Catedral de Nossa Senhora da Conceição fica na principal área comercial da cidade, próxima à rua Treze de Maio. Por meio de nota, a arquidiocese de Campinas informou que a catedral está fechada para o atendimento às vítimas e para a realização das investigações da polícia. "Contamos com as orações de todos neste momento de profunda dor", diz um trecho do comunicado.
Testemunhas que estavam na catedral no momento do tiroteio disseram que o atirador fez os disparos já no fim da celebração. "Entrei na igreja, a missa já havia terminado. Alguns minutos depois, o atirador entrou e se posicionou na frente de um casal e atirou", relatou o aposentado Pedro Rodrigues, de 66 anos. "Eu saí correndo, não houve gritaria, apenas correria. E ele continuou atirando. Tenho muita sorte de estar vivo."
A assistente administrativa Luciana de Oliveira, 36 anos, contou ter ouvido um grande número de disparos quando passava perto do templo. "Ouvimos muitos tiros, e as pessoas gritando, chorando. Vimos o homem baleado no peito saindo de maca. Foi horrível."

Ataque em Campinas ocorre em meio a debate sobre a ampliação de porte e posse de armas no País

O ataque a tiros na Catedral Metropolitana de Campinas ocorre no momento em que o País debate a ampliação do porte e da posse de armas, uma das principais bandeiras do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Segundo dados do Exército obtidos via lei de acesso à informação pelo Instituto Sou da Paz, cerca de seis armas são vendidas por hora no mercado civil nacional. Neste ano, até 22 de agosto, haviam sido vendidas 34.731 armas. "Nesse ritmo, teremos mais vendas em 2018 do que em 2016 e 2017, quando houve entre 40 mil e 47 mil. O brasileiro está buscando mais armas", diz o diretor executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques.
Apesar do aumento nas vendas, o estatuto do desarmamento, lei federal aprovada em 2003, que regulou o acesso a armas e restringiu o porte e a posse em todo o País, tem sido afrouxada nos últimos anos por meio de decretos e portarias. Em 2019, no que depender do novo presidente, será flexibilizada.
Além das vendas recentes, o número de novas licenças para pessoas físicas, concedidas pela Polícia Federal, tem crescido consistentemente nos últimos anos, bem como os registros para colecionadores, caçadores e atiradores desportivos, dados pelo Exército. No total, hoje, são mais de meio milhão de armas nas mãos de civis: 619.604.
Atualmente, 55% dos brasileiros acham que as armas devem ser proibidas por representarem ameaça à vida dos outros, e 41% avaliam que possuir uma arma legalizada deve ser direito do cidadão que queira se defender. Os dados são de pesquisa Datafolha de outubro deste ano.