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- Publicada em 29 de Novembro de 2018 às 01:00

Estudo aponta ligação entre Zika e doenças neurológicas

Causador de microcefalia, vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti

Causador de microcefalia, vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti


RICHARD BOUHET/AFP/JC
Relacionada a uma série de complicações neurológicas, a infecção pelo vírus Zika traz consequências ainda desconhecidas pela área médica. Fenômeno relativamente recente, a infecção vem sendo estudada há pouco mais de três anos, depois da epidemia de microcefalia que atingiu principalmente os estados do Nordeste brasileiro.
Relacionada a uma série de complicações neurológicas, a infecção pelo vírus Zika traz consequências ainda desconhecidas pela área médica. Fenômeno relativamente recente, a infecção vem sendo estudada há pouco mais de três anos, depois da epidemia de microcefalia que atingiu principalmente os estados do Nordeste brasileiro.
Uma pesquisa iniciada em 2017, realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), com colaboração do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul e dos institutos de pesquisa norte- americanos Sanford Burhan Prebys Medical Discovery Institute e Scripps Research chegou a algumas considerações iniciais. Agora, os resultados devem ser aprofundados.
No fim de outubro, um estudo publicado na revista científica Molecular Neurobiology descreve uma potencial ligação entre a infecção e outras doenças cerebrais, como Alzheimer, autismo, esclerose lateral amiotrófica, esquizofrenia e Parkinson. Os cientistas chegaram a essa conclusão depois de infectar experimentalmente células-tronco humanas com o vírus e de avaliar a expressão gênica diferencial resultante dessa infecção.
A expressão gênica se refere ao processo pelo qual a informação codificada por um determinado gene é decodificada em um produto gênico funcional, como proteínas ou RNA. Os pesquisadores identificaram e quantificaram as proteínas expressas pelas células infectadas e as compararam com as de um conjunto de células não infectadas. Assim, foi possível identificar processos moleculares e rotas metabólicas que estavam sendo alteradas pela infecção.
Percebeu-se, então, que a infecção do vírus em células-tronco humanas resulta em uma drástica alteração na expressão das proteínas desse tipo celular. Todas as proteínas identificadas nesse processo foram comparadas com as informações de um banco de dados específico de patologias humanas, visando verificar quais delas também são encontradas em outras doenças neurológicas.
Os cientistas procuraram por correlações com 30 distúrbios diferentes, tendo identificado 74 proteínas implicadas em 16 neuropatologias (das quais seis já eram associadas à infecção por Zika, como a microcefalia e a epilepsia). O maior número de proteínas atribuídas a patologias já associadas ao vírus foi encontrado na microcefalia (13 proteínas em comum). Entre as enfermidades não previamente relacionadas àquela infecção, então a esclerose lateral amiotrófica (23), seguida pela esquizofrenia (14), pela doença de Alzheimer (7) e pelo Parkinson (7). "Como o Zika é muito novo, ainda não se sabe a extensão dos danos. Em adultos, o desconhecimento é ainda maior, visto que o foco inicial dos estudos ficou concentrado nas crianças", pondera o professor da Faculdade de Farmácia da Ufrgs Walter da Silva, um dos autores do estudo.
A novidade, conforme ressalta Silva, foi encontrar a possível associação entre o vírus e outras doenças neurológicas de grande impacto clínico, como Alzheimer, autismo, esclerose lateral amiotrófica, esquizofrenia e Parkinson. "Como são doenças que ocorrem mais tardiamente no desenvolvimento, é importante para, por exemplo, contribuir com um rastreio clínico preventivo e estudos mais aprofundados para ver se esses desfechos podem de fato ocorrer associados à infecção por Zika", explica. 
Ele ainda ressalta a questão do diagnóstico errôneo, uma vez que os sintomas de Zika são semelhantes aos causados por outras doenças. "80% dos infectados são assintomáticos. Quem sabe houve mais casos aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, mas se foram assintomáticos, são condições diferentes", detalha.
 
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