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DE FRENTE PARA O GUAÍBA

- Publicada em 22 de Novembro de 2018 às 22:14

O morro que abastece o Guaíba

Caminhada pela trilha é recompensada com vista panorâmica; cactos fazem parte da vasta vegetação

Caminhada pela trilha é recompensada com vista panorâmica; cactos fazem parte da vasta vegetação


/CLAITON DORNELLES /JC
De acordo com o dicionário, há duas definições distintas para a palavra refúgio: 1) lugar para onde se foge para escapar a um perigo; asilo, retiro; 2) aquilo que serve de amparo, de proteção. Embora a segunda seja a mais próxima de traduzir o que é o Refúgio de Vida Silvestre São Pedro, não é absurdo pensar que ele pode, sim, ser uma espécie de retiro, tendo em vista seu isolamento.
De acordo com o dicionário, há duas definições distintas para a palavra refúgio: 1) lugar para onde se foge para escapar a um perigo; asilo, retiro; 2) aquilo que serve de amparo, de proteção. Embora a segunda seja a mais próxima de traduzir o que é o Refúgio de Vida Silvestre São Pedro, não é absurdo pensar que ele pode, sim, ser uma espécie de retiro, tendo em vista seu isolamento.
Localizada no Extremo-Sul da Capital (a cerca de 28 quilômetros do Centro), no morro de mesmo nome, a mais nova das Unidades de Conservação de Porto Alegre se "esconde" em uma área tipicamente rural no bairro Lami. Após alguns minutos rodando em uma estrada de chão batido, surge uma placa indicando o local. É preciso ficar atento, já que a maioria dos moradores do entorno questionados sobre a localização da reserva desconhece sua existência.
O refúgio foi idealizado no início dos anos 2000, como uma contrapartida à licença prévia do Programa Integrado Socioambiental (Pisa). Sua criação ocorreu efetivamente em outubro de 2014, por decreto municipal. A principal motivação foi a abundância de nascentes - pouco mais de 270, de acordo com o plano de manejo - de arroios como Lami e do Salso, que, por sua vez, desembocam no Guaíba. "Muitas delas nós nem avistamos ainda, mas foram detectadas por imagens de satélite", relata a gestora da unidade, Maria Carmen Sestren-Bastos. "A água é completamente potável, mas, infelizmente, quando chega lá embaixo, há um sério problema de esgoto in natura", lamenta a bióloga.
A mais vistosa das nascentes fica logo na primeira parte do trajeto de cerca de 2,5 quilômetros até o topo do morro. À esquerda de uma estrada transformada em trilha (o trajeto só pode ser feito a pé), uma cascata reluz entre os raios de sol.

Uso como trilha por motoqueiros ameaça equilíbrio ambiental

Como é típico nos morros, o caminho é intercalado por áreas de mata cerrada e espaços abertos e rochosos. Mesmo estes têm abundância e diversidade de vegetação, de ervas tradicionais - como a macela - a pequenos cactos - muito usados hoje para ornamentação de jardins. "Orientamos o pessoal a não pegar, pois a retirada de qualquer planta causa um dano ao ambiente", explica Maria Carmen.
Os maiores danos ao morro, no entanto, são outros. Em áreas onde o terreno é mais arenoso, marcas de rodas são perceptíveis, assim como pegadas de cães. "Os motoqueiros fazem trilha pelos morros, e o barulho assusta os animais. Fora o perigo de erosão", observa.
Já os cachorros são responsáveis pelo ferimento ou morte de espécies nativas. No dia em que nossa reportagem visitou o refúgio, por exemplo, uma equipe havia sido mobilizada para resgatar um mão-pelada que havia sido atacado por um cão.
Por se tratar de uma Unidade de Conservação relativamente nova, o Refúgio de Vida Silvestre São Pedro não dispõe de uma infraestrutura de atendimento aos visitantes. Até mesmo a equipe responsável não é fixa, se revezando entre o local e a Reserva Biológica do Lami, a poucos quilômetros de distância. "Nos viramos do jeito que dá", diz a bióloga. "Mas esperamos no futuro dispor de um espaço mais adequado para receber visitantes e realizar um trabalho de educação ambiental."
Mesmo sem as melhores condições, a reserva recebe grupos de pesquisadores e estudantes, e também está aberta para a população. Só não é recomendado ir sozinho, pois ainda não há sinalização na trilha e a subida é bastante íngreme.
Apesar de cansativa, a caminhada vale a pena. Mesmo que a trilha não alcance os 289 metros de altitude do morro, a vista do Guaíba é de encher os olhos.

Serviço

Criado por meio do Decreto Municipal nº 18.818, de 16 de outubro de 2014, o Refúgio de Vida Silvestre São Pedro é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. O local é habitat de espécies de animais raros e ameaçados de extinção, como o mão-pelada, o graxaim e o bugio-ruivo, e está inserido no maior fragmento de Mata Atlântica de Porto Alegre.
Endereço: Estrada das Quirinas, 6.301, bairro Lami
Informações para agendamento de visitas pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (51) 3263.1079