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Saúde

- Publicada em 29 de Outubro de 2018 às 01:00

Unidade móvel atende população da Vila Dique

UMS, que começou a operar neste mês, vai ao local às quintas-feiras

UMS, que começou a operar neste mês, vai ao local às quintas-feiras


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Há cerca de seis anos sem atendimento de saúde, a população da Vila Dique, nas proximidades do aeroporto Salgado Filho, é considerada pelos profissionais da área uma das regiões mais desassistidas de Porto Alegre. Quando do início do processo de retirada de moradores para que as obras de extensão da pista do aeroporto, o posto de saúde que existia no local também foi removido. Desde então, as famílias que lá residem precisam pegar dois ônibus para chegar à Unidade Básica de Saúde mais próxima.
Há cerca de seis anos sem atendimento de saúde, a população da Vila Dique, nas proximidades do aeroporto Salgado Filho, é considerada pelos profissionais da área uma das regiões mais desassistidas de Porto Alegre. Quando do início do processo de retirada de moradores para que as obras de extensão da pista do aeroporto, o posto de saúde que existia no local também foi removido. Desde então, as famílias que lá residem precisam pegar dois ônibus para chegar à Unidade Básica de Saúde mais próxima.
Considerando a dificuldade de acesso, a chegada da Unidade Móvel de Saúde (UMS), foi vista, pela comunidade, como uma conquista. Embora seja itinerante, o trailer, doado à prefeitura pelo casal Nora Teixeira e Alexandre Grendene, estará na Vila Dique todas as quintas-feiras. O espaço comporta três consultórios e um banheiro. A equipe é normalmente composta por três enfermeiros, um ou dois técnicos de enfermagem e um ou dois médicos, cujas especialidades variam entre médico da família, pediatra e ginecologista.
O Jornal do Comércio acompanhou um dos primeiros dias de atendimento da UMS. Por volta das 9h, a estrutura ainda estava sendo montada e organizada. Para que os pacientes possam ter mais conforto, a UMS disponibilizada cadeiras de plástico, que são expostas embaixo do toldo do trailer, para protegê-los do sol. Ainda na parte externa, um integrante da equipe já agilizava o procedimento, cadastrando as famílias que buscam atendimento.
Os pacientes começaram a ser chamados por volta das 9h30min. A equipe, ainda se adaptando ao novo local de trabalho, enfrentou algumas dificuldades, como a falta de acesso à internet - em quatro dias de uso, o pacote de dados adquirido se esgotou. O jeito foi fazer o registro dos pacientes à mão para, depois, digitalizar tudo. No geral, a estrutura é nova e adequada à demanda. "Como essa população ficou muitos anos sem equipe de referência, tem que fazer tudo desde o começo - por exemplo, atualizar o Cartão SUS e verificar se o calendário vacinal das crianças está em dia. De todas as regiões que visitaremos, essa é a mais desassistida", conta a enfermeira Suiane Soares Silva. A ideia é que, aos poucos, a equipe se torne fixa, a fim de estabelecer um vínculo com a população.
A unidade oferece consultas médicas e de enfermagem, além de vacinas, pequenos curativos, aferição de pressão, exame de glicemia capilar e dispensação de medicamentos. Também serão feitos exames rápidos, como testes de gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis. No dia 4 de outubro, primeiro dia de atendimento, a equipe da UMS permaneceu na Vila Dique somente pela manhã e realizou 16 consultas médicas, dez consultas de enfermagem, 20 procedimentos de enfermagem, e seis aplicações de vacina. A expectativa da prefeitura é que 300 famílias sejam beneficiadas pela presença da UMS no local.
 

'Dependíamos de dois ônibus para conseguir atendimento'

Com a pequena Mirella, de apenas dois meses, nos braços, a dona de casa Fernanda de Lima Rosa, de 27 anos, precisou esperar um pouco para ser atendida pela UMS pela primeira vez, mas não se incomodou. "Já estamos acostumados a esperar. O importante é ter atendimento", explica. Mirella recebeu doses das vacinas VIP (contra poliomielite), pneumocócica (previne pneumonias, meningites, otites e sinusites) e contra rotavírus humano. Antes, Fernanda, que tem outros dois filhos, precisava pegar dois ônibus e caminhar pela extensão do sambódromo para chegar à Unidade Básica de Saúde Santíssima Trindade, no bairro Rubem Berta, a cerca de oito quilômetros.
A comerciante Vera Lúcia Fernandes, de 48 anos, moradora da Vila Dique há 28, procurou atendimento porque tem sentido dores de estômago. Para ela, a UMS é uma conquista. "Estávamos muito abandonados desde a remoção de parte da comunidade, tínhamos um posto, controlado pelo Hospital Conceição, mas tiraram daqui em 2012. Isso aumentou até a autoestima da comunidade", conta.
Vera elogiou a rapidez do atendimento - pessoas que se consultaram na semana anterior já estavam com o resultado de exames. "Dependíamos de dois, às vezes, três ônibus, para conseguir atendimento", relata. Esperando ao lado de Vera, a aposentada Terezinha da Rosa, de 57 anos, gostou muito da novidade. Aproveitando a consulta de rotina, já decidiu, também, fazer a coleta do exame cito patológico, conhecido como Papanicolau.
Aproximando-se da UMS de muletas, o metalúrgico Vilson Klatt, de 50 anos, buscava informações sobre a cirurgia ortopédica que precisa realizar. Ele machucou o joelho no trabalho, rompendo os ligamentos, há quatro meses e, há dois, espera para ser operado. A opinião de Klatt segue a linha dos demais pacientes: embora precise caminhar cerca de 500 metros, com um joelho imobilizado, para chegar à UMS, é bem melhor do que antes.
A remoção de moradores da Vila Dique começou em 2012. Até o momento, 118 famílias já foram transferidas. Outras 240 aguardam no local. De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte, o cronograma de transferência é definido conforme a Caixa Econômica Federal entrega os imóveis destinados a essas pessoas, portanto, não há prazo definido para que mais famílias saiam da região.