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Ciência

- Publicada em 09 de Outubro de 2018 às 22:21

Antibiótico em excesso gera resistência das bactérias

Principal pesquisa do Labresis hoje está relacionada aos métodos de descobertas de resistência, diz Barth

Principal pesquisa do Labresis hoje está relacionada aos métodos de descobertas de resistência, diz Barth


/CLAITON DORNELLES/JC
Mais de 13 laboratórios ao redor do Brasil unidos com um propósito: pesquisar resistências a antimicrobianos. O conjunto forma o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Pesquisa de Resistência a Antimicrobianos (Inpra). No Rio Grande do Sul, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre é a sede do Laboratório de Pesquisa em Resistências Antimicrobianas (Labresis).
Mais de 13 laboratórios ao redor do Brasil unidos com um propósito: pesquisar resistências a antimicrobianos. O conjunto forma o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Pesquisa de Resistência a Antimicrobianos (Inpra). No Rio Grande do Sul, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre é a sede do Laboratório de Pesquisa em Resistências Antimicrobianas (Labresis).
Os laboratórios funcionam de maneira individual, mas, ao mesmo tempo, integrada. Dessa forma, todos colaboram com pesquisas que envolvem mecanismos de resistência específicos das bactérias, os principais microbianos responsáveis por infecções, além de objetivos educacionais, com a formação de cursos e treinamentos. O instituto também quer manter envolvimento com a padronização do antibiograma no Brasil, teste de suscetibilidade que identifica os mecanismos de resistência dessas bactérias.
Afonso Luis Barth, coordenador do Labresis, indica que a principal pesquisa desenvolvida no laboratório do Clínicas atualmente é com relação à avaliação de métodos de detecção de resistência. Isso porque as bactérias precisam de tempo para crescer e levam de 16 a 18 horas para ficar visíveis em laboratório.
"A infecção é detectada, coleta-se o material, e só se tem o resultado, em média, dois dias depois da coleta. Então, precisamos de uma detecção mais rápida, testes para que, no mesmo dia em que a bactéria é isolada, possamos dizer se é resistente ou não aos antibióticos, para que se indique o tratamento correto", avalia.
Há a intenção de se disseminar e padronizar os métodos pelo País. Barth explica que um dos compromissos do Inpra é com o Comitê Brasileiro de Testes de Resistência, que cria e desenvolve esses testes. "Esse método ainda não está integrado ao dia a dia do laboratório, mas a intenção é que, após testado, possamos colocar em prática aqui e em todo o Brasil."
Para o pesquisador, as bactérias estão cada vez mais resistentes aos tratamentos e o motivo disso é multifatorial. Um dos fatores principais é o uso indiscriminado ou em larga escala dos antibióticos, que gera pressão seletiva e causa o fortalecimento dos antimicrobianos. Dentro de um hospital, onde se utilizam muitos antibióticos, é normal que se crie bactérias mais resistentes. "Uma infecção urinária, que é comum, dificilmente será multirresistente, agora, se a pessoa está internada e pega essa infecção, por receber antibiótico em grande quantidade, fica mais difícil de tratar", explica Barth.
Outro fator que gera resistência é o uso de antibióticos na criação animal, gerando impacto, principalmente, para aqueles que trabalham com a produção da carne e até mesmo para quem se alimenta dela. "O foco sempre foi o problema hospitalar, do paciente internado, mas, hoje, já se sabe que a resistência pode ser consequência de atitudes tomadas fora dos hospitais também."
Para enfrentar o problema dentro das instituições hospitalares, o pesquisador reforça a necessidade de higienização e da utilização de instrumentos de proteção para lidar com o paciente.

Instituto analisa impacto dos hormônios na saúde da mulher

'Maior novidade é com relação ao hiperandrogenismo', afirma Poli Mara

'Maior novidade é com relação ao hiperandrogenismo', afirma Poli Mara


/LUIZA PRADO/JC
O INCT em Hormônios e Saúde da Mulher une, atualmente, 14 equipes no País, responsáveis por observar o impacto dos hormônicos na saúde da mulher, avaliando riscos e benefícios. Sedeado no Centro de Pesquisa do Hospital de Clínicas, o grupo é coordenado pela professora do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e endocrinologista Poli Mara Spritzer.
O instituto carrega a função de estudar condições que sejam frequentes ao longo do desenvolvimento das mulheres. Para isso, é preciso rastrear, identificar, estudar mecanismos de ação, prevenir e tratar situações de risco. É o caso do estudo epidemiológico realizado na Universidade de Passo Fundo (UPF), que acompanha um grupo de mulheres há dez anos. "Com isso, observa-se o que evoluiu em termos de risco, quantas dessas mulheres ficaram doentes e se associa com o perfil genético obtido no início da pesquisa", explica Poli Mara.
Pesquisa realizada na Unicamp, por exemplo, identificou a possibilidade de contracepção hormonal no pós-parto, através de dispositivos intrauterinos medicados. Segundo a coordenadora, esse resultado foi reconhecido internacionalmente.
Há, ainda, um trabalho específico em inovação, desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) Ribeirão Preto, que estuda métodos de reprodução assistida. "Uma das áreas que estamos estudando é a criopreservação de gametas femininos em pacientes oncológicas. Esse grupo vem desenvolvendo meios de cultura específicos para melhorar a viabilidade desse material após o descongelamento." O projeto está em processo de solicitação de patente, já em nível avançado.
A maior novidade na área é com relação ao hiperandrogenismo, ou seja, o excesso de hormônios masculinos na mulher, principal fator para a causa de síndrome dos ovários policísticos. "Essa condição, embora tenha sido identificada há quase um século, não tem suas causas completamente esclarecidas. Já sabemos que envolve questões genéticas e ambientais. As genéticas, não podemos modificar, mas as ambientais, sim."