Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Ciência

- Publicada em 08 de Outubro de 2018 às 03:03

Instituto ajuda na definição de novos tratamentos para o SUS

Carisi explica como são tomadas as decisões para investimentos

Carisi explica como são tomadas as decisões para investimentos


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Uma série de fatores precisa ser levada em conta na hora de incorporar um novo medicamento ou tratamento ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou a convênios privados. É preciso saber se a nova tecnologia é segura, se funciona ou não e, por menos agradável que seja, também ponderar os custos de sua implementação. É para produzir avaliações críticas e orientar esse tipo de decisão que atua o Instituto de Avaliação de Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (Iats), um dos INCTs com atuação no território gaúcho. O órgão é conduzido de forma conjunta pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Uma série de fatores precisa ser levada em conta na hora de incorporar um novo medicamento ou tratamento ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou a convênios privados. É preciso saber se a nova tecnologia é segura, se funciona ou não e, por menos agradável que seja, também ponderar os custos de sua implementação. É para produzir avaliações críticas e orientar esse tipo de decisão que atua o Instituto de Avaliação de Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (Iats), um dos INCTs com atuação no território gaúcho. O órgão é conduzido de forma conjunta pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
No Brasil, não existe uma agência governamental para esse tipo de avaliação, ao contrário de países da Europa e da própria América do Sul, como Colômbia e Chile. Assim, o Iats dialoga com o Comitê Permanente de Regulação da Atenção à Saúde, ligado à Agência Nacional de Saúde. Esse comitê trata das inclusões no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que lista procedimentos, exames e tratamentos com cobertura obrigatória pelos planos de saúde. Na esfera do Ministério da Saúde, o instituto também atua próximo à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.
"É uma nova disciplina dentro das ciências da saúde", diz Carisi Anne Polaczyk, coordenadora do Iats. O desafio, no caso, é garantir que as decisões para investimentos ocorram a partir de critérios semelhantes, com credibilidade e abordando questões difíceis com o maior cuidado possível. "Às vezes, você está comparando uma cadeira de rodas para quem precisa com uma medicação para o câncer, com uma pessoa que pode morrer se não tomar aquele remédio, mas que custa muito caro. É difícil comparar coisas assim, muito diferentes. Mas, de alguma forma, tem que ser feito."
Ao todo, a rede coordenada pelo Iats envolve 11 instituições no Brasil, a maioria de caráter universitário. Além de fornecer subsídios para a avaliação do que vai entrar nos planos de saúde e no SUS, o grupo atua na produção de conhecimento científico e na formação de recursos humanos, em especial, em nível de pós-graduação. Em nove anos, cerca de 300 pessoas receberam, por intermédio do Iats, alguma especialização. Há também cursos a distância, de curta duração, para pessoas que já trabalham na saúde, e turmas voltadas ao Judiciário, que prestam auxílio no enfrentamento da chamada judicialização da saúde.
Depois que as tecnologias são incorporadas, o Iats faz um monitoramento de sua aplicação, para garantir que os resultados estão sendo atingidos. Mas é preciso, adverte Carisi, manter procedimentos únicos para a aprovação de novos remédios e tratamentos, sem atalhos para os poderosos lobbys da indústria. Afinal, a decisão final segue sendo política.
"Se houver outras formas de aprovar um medicamento para o SUS que não seja esse (avaliação), o sistema não vai funcionar", acentua Carisi, citando situações como a entrada no mercado de medicamentos caríssimos, com valores que, segundo ela, a saúde suplementar simplesmente não tem condições de pagar. "Se tivermos recursos sobrando, não tenho dúvida de que tem que pagar R$ 500 mil, ou mesmo mais, para melhorar a vida de pacientes. Mas a verdade é que não está sobrando. E, quando falamos de dinheiro público, acho que a responsabilidade de garantir que esses recursos estão sendo bem empregados é muito maior."

Detectar doenças raras em pequenas comunidades é o objetivo do Inagemp

Em algumas pequenas cidades da Bahia, a presença de uma doença rara atingiu níveis, aparentemente, inexplicáveis. Chamada mucopolissacaridose de tipo VI, a enfermidade ocorre na média de um para cada 300 mil nascimentos em escala global - mas algumas comunidades baianas, com poucas centenas de moradores, chegaram a registrar mais de uma dezena de casos nos últimos anos. Identificar a incidência acima da média de doenças como essa, e orientar agentes de saúde sobre as melhores formas de enfrentá-las, são as principais tarefas do Instituto Nacional de Genética Médica Populacional (Inagemp), umas das INCTs no Estado.
Trata-se de uma disciplina nova em escala global - criada, na prática, pelo próprio Inagemp quando da sua criação, em 2008. A ideia, explica o geneticista Roberto Giugliani, coordenador do instituto, é detectar a presença, em populações específicas, de fatores hereditários. Para isso, o núcleo conta com 18 grupos de pesquisa no País. A coordenação desses esforços está sediada em Porto Alegre, ligada formalmente à Ufrgs e usando instalações do Hospital de Clínicas.
No caso das comunidades da Bahia, a coleta de amostras demonstrou a existência de um gene alterado, responsável pelos sintomas em um grupo tão restrito. "A partir disso, treinamos agentes públicos, e foram adotadas medidas preventivas para evitar novos casos e para melhorar a qualidade de vida dos pacientes já identificados", explica Giugliani.
Em apoio a essas ações, o Inagemp promove o Censo Nacional de Isolados, ou Ceniso, que procura catalogar os locais onde há ocorrência de doenças raras acima do normal - contando, inclusive, com o apoio das próprias comunidades. "É como um disque-denúncia", brinca o geneticista. "A pessoa liga avisando que, digamos, há uma cidade no Piauí com umas pessoas doentes, com sintomas meio estranhos, e entramos em contato com a secretaria de saúde do município. Se acharmos que o indício justifica, mandamos uma equipe para lá."