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DE FRENTE PARA O GUAÍBA

- Publicada em 20 de Setembro de 2018 às 22:20

Belém Novo, uma cidade do interior dentro de Porto Alegre


MARCO QUINTANA/JC
Basta passar da Hípica pelos caminhos rurais, para sentir um clima diferente. Isso porque alguns bairros da Zona Sul de Porto Alegre ainda trazem resquícios da cultura agrária, principalmente da agricultura familiar. Essa sensação de cidadezinha do interior fica ainda mais presente ao chegar no bairro Belém Novo. Na Paróquia Nossa Senhora de Belém, em frente à praça central, as pessoas se cumprimentam pelo nome, e as casas com arquitetura histórica formam um cenário diferente daquele que estamos habituados na movimentada capital gaúcha.
Basta passar da Hípica pelos caminhos rurais, para sentir um clima diferente. Isso porque alguns bairros da Zona Sul de Porto Alegre ainda trazem resquícios da cultura agrária, principalmente da agricultura familiar. Essa sensação de cidadezinha do interior fica ainda mais presente ao chegar no bairro Belém Novo. Na Paróquia Nossa Senhora de Belém, em frente à praça central, as pessoas se cumprimentam pelo nome, e as casas com arquitetura histórica formam um cenário diferente daquele que estamos habituados na movimentada capital gaúcha.
O bairro Belém Novo foi um dos últimos a sofrer intervenções urbanas. Em meados de 1980, época em que as demais localidades da cidade passavam por processos de expansão e modernização, o bairro mantinha sua cultura agrária, principalmente pela quantidade de chácaras de pequenos produtores. Belém Novo era procurado por aqueles que buscavam paz e tranquilidade, qualidades que, mesmo após seu crescimento, segue oferecendo.
Pela proximidade com o Guaíba, foi utilizado durante muito tempo como local de veraneio em Porto Alegre. Foi neste cenário que os pais de Uilbor Batista Xavier se conheceram. Sua mãe tinha uma casa de veraneio no Belém Novo, e seu pai ia com frequência visitar os tios. Em uma dessas visitas, o casal se conheceu. Xavier vive no bairro desde seu nascimento. Já são 55 anos dormindo e acordando próximo ao lago Guaíba.
"Sempre tive relação direta com a natureza, com a água, e isso herdei, principalmente, do meu pai, que foi pescador durante muitos anos e aos meus três anos de idade já me levava para navegar." Mesmo morando fora em outras situações, Xavier diz que sempre retorna para Belém Novo e relata que, mesmo com vontade de sair em alguns momentos, a ligação com a natureza, a liberdade e a relação de proximidade com os vizinhos o mantém vivendo no bairro.
A história de Belém Novo se mistura com as histórias de seus moradores. Cristiano Ignácio da Silveira Goulart descobriu, a partir de uma pesquisa que começou a realizar há 21 anos, que toda a trajetória de sua família se desenvolveu ali. Os primeiros a pisar naquelas terras, que antes faziam parte de Viamão, foram seus tetravôs. Hoje, Goulart coleciona mapas antigos, fotos e plantas baixas do bairro, documentos que obteve com a ajuda de moradores dali. "Todo mundo conhecia o meu avô e a minha família, abriam as portas de suas casas, serviam café e me contavam histórias por horas."
Hoje, a maior preocupação entre aqueles que vivem no Belém Novo é a expansão e a urbanização que adentra a Zona Sul. O receio é, principalmente, em razão do lago Guaíba. Isso porque o bairro é um dos poucos locais em Porto Alegre que ainda possui balneabilidade. Segundo Iporã Brito Possantti, engenheiro ambiental que pesquisa a urbanização da área, isso se dá pela distância entre o bairro e os afluentes do lago. "Essa distância permite a depuração dos poluentes, tornando a água bem mais limpa", explica.
Mesmo com as águas próprias para banho, basta a sobrecarga da estrutura de esgotos com a chegada de novos empreendimentos imobiliários para colocar em risco a balneabilidade. De acordo com Possantti, esse é o principal erro que engloba a expansão da Zona Sul. Primeiro há a lotação, para depois se planejar infraestrutura que comporte todas essas pessoas.
Para Xavier, não há como fugir dessa expansão que, segundo ele, já vem acontecendo. A preocupação também engloba problemas viários. Isso porque apenas uma empresa de ônibus opera no bairro, além de uma lotação.

Projeto busca manter a cultura local do bairro

Projeto busca preservar o patrimônio do bairro

Projeto busca preservar o patrimônio do bairro


MARCO QUINTANA/JC
Com a intenção de trazer esse debate para a comunidade e realizar, efetivamente, ações, surgiu o projeto Preserva Belém Novo. Fundado no início de 2015, o movimento é formado por moradores da região, e tem como objetivos principais viabilizar a preservação do patrimônio ambiental, cultural, arqueológico, histórico e social do bairro.
O grupo leva demandas com frequência para a prefeitura, a Câmara de Vereadores e o Ministério Público em busca de melhorar a estrutura. A organização segue uma hierarquia horizontal e não existe um representante específico, mas integrantes que buscam melhorias para a comunidade local.
Michele Rihan Rodrigues, moradora do bairro há 15 anos e uma das integrantes do movimento, divide com a maioria dos moradores a preocupação das consequências que a expansão do bairro pode trazer. Além disso, destaca a importância de repensar estratégias de preservação do meio ambiente que cercam Belém Novo. "Nosso bairro tem a última área realmente diferenciada do restante de Porto Alegre, se negligenciarmos isso será uma transformação irreversível", avalia.
Ainda que existam as dificuldades em se viver em um local mais afastado do Centro da cidade, os moradores parecem não se incomodar com isso. É a proximidade entre os vizinhos e a relação diária com o lago Guaíba que transformam esse cenário bucólico em uma morada tranquila e privilegiada na Zona Sul da Capital.

Como chegar?

Linhas de ônibus e lotação
  • 168 - Belém Novo (Via Tristeza)
  • 273 - Belém Novo Hípica
  • 269 - Lami/Belém
  • 273.1 - Belém Novo Hípica/Schneider
  • 268 - Belém Novo (Via Cavalhada)
  • 273.2 - Belém Novo Hípica/Veludo
  • 268.1 - Belém Novo/Chapéu do Sol
  • 273.3 - Belém Novo Hípica/Schneider/Veludo
  • 268.2 - Belém Novo/Chapéu do Sol/Gedeon
  • M68 - Noturno
  • 268.5 - Belém Novo/Otto
  • A69 - Alimentadora Lami/Belém Novo
  • R68 - Rápida Belém Novo
  • Lotação 10.7 Belém
 

Eventos

  • O Centro Cultural Tapera: Cultura Nativa realiza mensalmente eventos culturais em Belém Novo. A sede é na chamada Praia do Veludo, mais ao final da orla do bairro, na avenida Beira Rio, 1.915. O espaço tem como objetivo divulgar e compartilhar a cultura gaúcha e da América Latina por meio de shows e mostras de cinema, mas está aberto para todos os tipos de arte. É possível entrar em contato com o centro cultural pelo telefone (51) 99583-3269, ou através do Facebook.
  • O movimento Preserva Belém Novo também é responsável por realizar eventos no bairro. Os encontros com a população são para promover debates, principalmente, sobre a preservação do bairro e da Fazendo do Arado. O próximo evento, o debate Belém Novo e a Fazenda do Arado: passado, presente e futuro, ocorrerá no dia 29 de outubro, às 9h, na Escola Evaristo Flores da Cunha, na praça Inácio Antônio da Silva em frente à Igreja de Belém Novo. Informações sobre o grupo e eventos através do e-mail [email protected] e pelo site preservaarado.wordpress.com.