As obras de implantação de um novo trecho da ciclovia da avenida Ipiranga, em Porto Alegre, chamam a atenção de motoristas e mais ainda de ciclistas, que não veem a hora de poder migrar da rua e das calçadas laterais para circular no canteiro central. O trecho de 650 metros entre a Rua João Guimarães, no bairro Santa Cecília, e a avenida Lucas de Oliveira, no bairro Petrópolis, começou a ser feito em julho e deve ficar pronto no fim do ano.
Chuvas dificultaram a realização dos trabalhos, como a pintura da sinalização da via, que só pode ser realizada com o tempo seco, explica o coordenador de projetos da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Antônio Vigna. No total, a ciclovia da Ipiranga prevê uma extensão de 9,4 quilômetros entre as avenidas Edvaldo Pereira Paiva (conhecida como Beira-Rio) e Antônio de Carvalho, na ponta extrema, no leste da cidade. Do total, sete quilômetros estão concluídos. O atual trecho em execução é contrapartida da construtora Cyrela por empreendimentos já concluídos na região da avenida Assis Brasil e na vizinhança da ciclovia da Ipiranga, no bairro Santana.
Vigna diz que a prioridade agora é concluir o atual trecho para depois ver como completar a pavimentação, para conectar sem interrupções os dois extremos. Faltaria ainda 1,7 quilômetro para a conclusão. A ciclovia da Ipiranga vem sendo construída por meio de compensações exigidas de empreendimentos imobiliários privados, cumprindo legislação municipal. A prefeitura alega não ter verbas para fazer a ligação. Desde 2016, todas as extensões de ciclovias implantadas na Capital foram feitas por meio de contrapartidas.
A ciclovia atual é uma obra construída por diversas empresas com empreendimentos na cidade e na região - Melnick Even, Maiojama, Shopping Praia de Belas e Zaffari Ipiranga. A Lei Complementar 626/2009 definiu a responsabilidade do setor privado na execução do projeto executivo e da obras das ciclovias. Não há previsão de novas contrapartidas no momento.
Segundo a EPTC, nenhum empreendimento que está sendo erguido ou mesmo está nos detalhes finais de construção chegou à fase em que se estipulam as compensações, que devem ser feitas como condição para emitir o habite-se, documento emitido pela prefeitura para que o imóvel seja ocupado. A lei prevê que a cada cem vagas de estacionamento, o empreendimento deve fazer 200 metros de ciclovia. A regra atinge serviços com exceção de hotéis, hospitais, centros culturais e logísticos, varejos, garagens comerciais e postos de abastecimento. Imóveis residenciais também são excluídos da exigência.
Trechos da ciclovia apresentam problemas de manutenção
Raízes de uma figueira danificam o pavimento e cercamento de ciclovia. Foto: Luiza Prado/JC
Sobre pontos com problemas no trecho da ciclovia existente na Ipiranga, o coordenador de projetos da EPTC afirma que a responsabilidade pela manutenção é do município. Ele diz que os problemas costumam ser buracos, árvores na pista que danificam o pavimento e desbarrancamento de taludes.
Vigna diz que o trecho com mais problemas hoje fica entre a avenida Erico Verissimo e a rua Múcio Teixeira. Uma seringueira invadiu a pista em um ponto do trajeto. “A gente tenta pensar o macro e damos prioridade para locais que possam trazer maiores riscos aos ciclistas, embora para quem pedale não chegue a ser um problema”, completa o coordenador de projetos.