Quase um ano depois da publicação do decreto que determina a implantação de GPS nos ônibus de Porto Alegre, o monitoramento remoto ainda não é realidade para os usuários de transporte público. A expectativa, contudo, é que essa situação comece a mudar em breve. No momento, segundo a Associação de Transportadores de Passageiros (ATP), a tecnologia está em fase de testes, circulando em 38 carros de cinco linhas da Capital. Se tudo der certo, o sistema começará a ser implementado, de forma gradual, a partir de outubro, com previsão de conclusão até julho do ano que vem. O prazo originalmente previsto pela prefeitura era até dezembro deste ano.
De acordo com Gustavo Simionovschi, diretor executivo da ATP, a ideia das concessionárias é incluir a localização entre as capacidades dos validadores, usados para cobrar as passagens de quem usa o cartão TRI. As empresas já deram início à renovação do sistema de bilhetagem e adquiriram 1.650 novos equipamentos, também capazes de fazer reconhecimento facial e gerenciar as imagens das câmeras de segurança. Os aparelhos também vêm com o hardware de GPS e com um slot para chip de celular, permitindo a transmissão de dados para a central. O custo fica em torno dos R$ 7 milhões, e já inclui o investimento em GPS diluído no total.
Siminovschi explica que o período de testes é importante não apenas para determinar se o equipamento instalado nos validadores funciona bem, mas também para avaliar a eficácia do software que é, no momento, a escolha mais provável para gerenciar o sistema. Como ainda não está assinado o contrato com a fornecedora da plataforma, a ATP evita falar em valores para essa parte do processo.
"Se tudo der certo, teremos quatro processos em um só equipamento, poupando recursos e simplificando a manutenção. Além disso, aumenta a nossa capacidade de fazer cruzamento de dados. É importante que os usuários saibam que não estamos parados", frisa.
Cerca de 600 novos aparelhos já estão instalados, e incluem a funcionalidade do reconhecimento facial. A expectativa é que, de outubro em diante, cerca de 100 equipamentos sejam trocados por mês, já com GPS plenamente funcional, até completar a renovação. Um calendário que, admite o diretor da ATP, pode ser repensado, em virtude da "crise bastante grande" que estaria obrigando as empresas a condicionar investimentos em tecnologia ao atendimento de gastos mais urgentes, como pagamento de salários e despesas com diesel.
EPTC acredita que será possível cumprir prazos de implementação do sistema na Capital
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) optou por manifestar-se por escrito sobre a implantação do sistema GPS. Na nota, o órgão afirma que "a instalação dos equipamentos segue o prazo determinado pelo decreto", citando em especial a disposição de câmeras para o circuito fechado de televisão dos coletivos. Segundo o último levantamento, de julho, 40,41% da frota conta com os equipamentos instalados.
"Sobre os sistemas de bilhetagem eletrônica e GPS, a previsão da EPTC é cumprir o prazo. Já foram realizados testes em alguns equipamentos e segue a análise dos técnicos para escolher a tecnologia que melhor vai atender às necessidades do nosso sistema de transporte", conclui o texto.
Pelo decreto assinado em setembro de 2017 pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior, as empresas tinham 60 dias para iniciar a colocação de monitoramento remoto - o que não esteve nem perto de ser atendido. Estava prevista também a criação, em 150 dias, de um aplicativo de celular, para que os usuários pudessem verificar a localização do ônibus e a hora exata em que passaria no ponto.
Apesar dos testes da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre, não há prazo para a disponibilização. Os testes estão sendo feitos em duas linhas do Consórcio Viva Sul (286 - Belém Velho/Cristal/Ufrgs e 274 - Glória/Azenha/Cascatinha), duas do Consórcio Mob (718 - Ilha da Pintada e D18 - Ilha da Pintada/Direta) e uma do Consórcio Mais (345 - Santa Catarina).