Atualizada às 16h
O Samu Estadual, que é responsável pelos chamados de atendimento de uma população de 7 milhões de habitantes em todo o Rio Grande do Sul, ficou sem receber ligações na noite dessa segunda-feira (13). Com isso, não foi possível dar conta de chamados por quase cinco horas. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou na manhã desta terça-feira (14) que conseguiu que dois funcionários do Samu Municipal de Porto Alegre fossem 'emprestados' à central de regulação estadual, mas a estrutura de atendimento é ainda precária. No começo da tarde desta terça, o Estado informou que vai pagar diretamente os funcionários da terceirizada e que pode rescindir o contrato devido aos atrasos que geraram a interrupção.
A paralisação de atendentes e de radio-operadores, que não recebem os salários de uma terceirizada há três meses, causou o 'apagão' no atendimento, como definiu o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que foi ao local. Os médicos e enfermeiros do quadro estadual estavam no serviço, localizado na zona leste de Porto Alegre, mas não tinham como receber os casos para orientar e nem fazer contato com ambulâncias para enviar aos locais de ocorrências.
"Nossa preocupação é a população que não é atendida", disse um deles na noite dessa segunda, sem ter o que fazer. "Não podemos fazer nada. É outro sistema (usado pela telefonia e pelos rádio-operadores), e nossa função é fazer a tele-medicina, orientar o atendimento de acordo com a gravidade", explica outra médica.
A falta de atendimento se manteve entre as 19h e próximo à meia-noite. As ligações só voltaram a ser atendidas depois que a Secretaria Estadual da Saúde (SES), que gerencia o serviço, conseguiu uma atendente. Na manhã desta terça-feira (14), mais dois reforços foram conseguidos - uma atendente e um rádio-operador da Samu de Porto Alegre. A SES informou que está treinando funcionários para usar o sistema de chamados e garante que 60% da capacidade foi restabelecida. Atualmente, apenas a Capital, Caxias do Sul, Bagé e Pelotas têm Samu próprio e não sofreram com a dificuldade.
Segundo relatos de médicos que estão no serviço, a situação é precária. Das oito telefonistas que deveriam atuar, há uma, e dos três rádio-operadores que estariam no turno, há um apenas. Até mesmo o número de médicos está aquém da necessidade. O quadro para dar conta da cobertura prevista no Estado deveria ser de 11 médicos e tem apenas quatro. A SES diz que está treinando funcionários da pasta para usar o sistema e espera ter número completo de atendentes até o fim do dia.
A diretora do Simers Clarissa Bassin, que foi à regulação, descreveu o quadro, na noite de segunda, como de apagão. "O 192 está inoperante. Só funciona em quatro cidades - apenas Porto Alegre Caxias do Sul, Bagé e Pelotas, que têm serviços próprios municipais", alertou Clarissa. "Isso significa desassistência completa a milhões de gaúchos", lamentou a dirigente. Clarissa saiu do Samu e foi ao plantão do Palácio da Polícia, onde registrou ocorrência de omissão de socorro do Estado por não assegurar o funcionamento do serviço.
Sobre os atrasos no pagamento dos funcionários que gerou a paralisação, a secretaria diz que a empresa sofre bloqueios judiciais em contas, devido a pendências, e que o próprio Estado não repassa os valores porque a terceirizada não comprova quitação de obrigações legais. O Estado confirmou que não houve repasse em julho.