Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Geral

- Publicada em 13 de Agosto de 2018 às 22:20

Espera para tratar câncer chega a 115 dias

Estudo se refere a amostra pacientes do Hospital Santa Rita, da Santa Casa

Estudo se refere a amostra pacientes do Hospital Santa Rita, da Santa Casa


MARCO QUINTANA/JC
Isabella Sander
Pesquisa feita por profissionais da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre identificou uma média de espera de 115,84 dias entre o diagnóstico e o início do tratamento de câncer na Capital. É praticamente o dobro dos 60 dias estabelecidos pela Lei Federal nº 12.732/2012, conhecida como Lei dos 60 Dias. O estudo se refere a amostra de pacientes do Hospital Santa Rita, do Complexo Hospitalar da Santa Casa.
Pesquisa feita por profissionais da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre identificou uma média de espera de 115,84 dias entre o diagnóstico e o início do tratamento de câncer na Capital. É praticamente o dobro dos 60 dias estabelecidos pela Lei Federal nº 12.732/2012, conhecida como Lei dos 60 Dias. O estudo se refere a amostra de pacientes do Hospital Santa Rita, do Complexo Hospitalar da Santa Casa.
O trabalho verificou que 30% dos pacientes ultrapassaram o período definido na legislação, entre o diagnóstico junto à Atenção Primária do Sistema Único de Saúde (SUS) e a primeira consulta no ambulatório do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Santa Rita.
Enquanto a média para pacientes que chegaram ao Santa Rita ainda sem diagnóstico e tratamento foi de 26 dias, o tempo médio registrado para os que chegaram com diagnóstico firmado em laudo patológico da Atenção Primária da Capital foi de 197 dias. A pesquisa aponta que apenas 20% dos pacientes encaminhados pela Atenção Primária chegaram ao Cacon com diagnóstico e primeiro tratamento realizados.
Também foi detectado que 22% foram encaminhados para exames que não confirmaram o diagnóstico inicial. Além disso, 5% foram regulados de maneira errônea para a Atenção Especializada. Em muitos casos, segundo os pesquisadores, essa foi uma forma de burlar as filas de espera de determinadas especialidades, indicando, por exemplo, cirurgia oncológica para quem precisava de uma consulta especializada em dermatologia.
A enfermeira Valesca Cezar foi a autora do estudo, realizado para conclusão de sua residência no Santa Rita. "Percebi que os pacientes chegavam com um estágio muito avançado do câncer, muitos já com metástase, e me interessei em descobrir onde estava a falha", relata. A conclusão foi de que o atraso se deve a problemas no sistema, que não coloca pessoas com conhecimento adequado na área da regulação das consultas especializadas. "Às vezes, é o próprio agente comunitário do posto de saúde que inclui as consultas no sistema e o burla, colocando alguns termos no encaminhamento, como neoplasia, que põem aquele paciente na frente."
Outro problema identificado por Valesca foi o mau funcionamento da atenção secundária, que envolve consultas especializadas e realização de exames, causando lentidão no processo. A não distinção entre tipos de câncer mais e menos graves pela lei também traz problemas, uma vez que um tumor na laringe precisa ser tratado muito mais rápido do que um na pele, por exemplo, para não trazer complicações.
O oncologista Rafael Vargas Alves, que orientou a pesquisa, conta que o gargalo encontrado está muito relacionado à burocracia do sistema. "Quando o diagnóstico fica pronto, o paciente leva uns dias para buscá-lo, mais alguns para marcar a consulta para o especialista ver o resultado e, só depois da consulta, o médico irá referenciar um hospital. Cada uma dessas ocasiões demanda um intervalo de tempo", pontua. 
Além da burocracia, o oncologista cita também a desorientação de muitos pacientes, que não conhecem o processo e não são orientados sobre onde procurar cada serviço. Dentro do Hospital Santa Rita, a direção procura solucionar essa dificuldade através do projeto Nurse Navigator, no qual o paciente é acompanhado nos procedimentos por um técnico de enfermagem, que serve como uma espécie de guia para ele.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO