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DE FRENTE PARA O GUAÍBA

- Publicada em 09 de Agosto de 2018 às 21:54

Orla carece de atrações culturais

Apresentações do Nosso Pagode chamam a atenção da população

Apresentações do Nosso Pagode chamam a atenção da população


LUIZA PRADO/JC
Céu azul, sol a pleno e muitas pessoas passeando, com a cuia de chimarrão a postos. Mesmo o momento sendo perfeito para oferecer atrações culturais aos visitantes, a nova orla do Guaíba ainda não chamou a atenção dos artistas porto-alegrenses – no 1,3 quilômetro revitalizado, a reportagem do Jornal do Comércio registrou, em um domingo, somente duas atividades culturais ocorrendo, ambas muito concorridas. O baixo número de atrações se sobressai por ser diferente do que há em outros locais, como o Parque da Redenção, onde bandas e grupos teatrais são constantes aos fins de semana.
Céu azul, sol a pleno e muitas pessoas passeando, com a cuia de chimarrão a postos. Mesmo o momento sendo perfeito para oferecer atrações culturais aos visitantes, a nova orla do Guaíba ainda não chamou a atenção dos artistas porto-alegrenses – no 1,3 quilômetro revitalizado, a reportagem do Jornal do Comércio registrou, em um domingo, somente duas atividades culturais ocorrendo, ambas muito concorridas. O baixo número de atrações se sobressai por ser diferente do que há em outros locais, como o Parque da Redenção, onde bandas e grupos teatrais são constantes aos fins de semana.
Ao lado da chaminé da Usina do Gasômetro, uma aglomeração de pessoas e alguns gritos coletivos denunciavam que algo acontecia ali. Era necessária alguma destreza para passar no meio da multidão, mas, ao se aproximar, percebia-se que a atenção estava voltada para uma batalha de rap. Jovens se revezavam em duplas no centro da roda, improvisando palavras e frases sobre temas diversos.
No deque de madeira localizado em frente ao mirante Olhos Atentos, sete músicos com instrumentos de percussão, cavaquinho e violão se apresentavam com um chapéu na sua frente. Assim como na batalha de rap, pessoas se amontoavam em volta do grupo, cantando junto e arriscando alguns passos de dança enquanto a música tocava. Não era preciso se aproximar para escutar a melodia. Mesmo assim, a aproximação também era difícil, já que a muvuca para ver a banda era grande.
Encerrada a apresentação, foi possível descobrir quem estava tocando: o grupo Nosso Pagode, formado especialmente para apresentações na orla. Criado por amigos de infância residentes do Beco dos Cafunchos, na Vila dos Herdeiros (Zona Leste de Porto Alegre), a banda tem como objetivo romper com a elitização do pagode e levar a música para a população das periferias. “A recepção está muito boa, a galera chega logo que começa a música”, conta o músico Marcelo Boca.
Os componentes do grupo já trabalhavam em bandas de pagode, mas cada um em uma diferente. “Sempre quisemos tocar juntos”, revela Boca. A ideia é fazer uma manifestação cultural, trazendo o samba e o pagode para a população geral. “O pagode está muito elitizado. Tem casas de shows em que o público chega a pagar R$ 80,00 para entrar. A ideia é descentralizar e acabar com o monopólio das produtoras.”
Além do trabalho profissional como músicos, os integrantes da banda fazem trabalhos sociais, como oficinas de percussão, harmonia e dança nas comunidades, especialmente o Beco dos Cafunchos, além de instituições para idosos. Na orla, as apresentações acontecem das 15h às 17h, quinzenalmente, aos domingos.
Em caráter informal, outras duas atividades ocorriam simultaneamente. Uma delas tinha como protagonista um grupo de amigos no deque do atracadouro, que também cantarolava canções de pagode. Do outro lado da rua, na Praça do Aeromóvel, integrantes do Maracatu Truvão ensaiavam para futuras apresentações. O batuque envolvia dez pessoas, todas com instrumentos de percussão. Outras se divertiam com pernas de pau e bambolês no espaço da praça.
No dia 20 de julho, a prefeitura da Capital lançou uma cartilha de boas práticas para a utilização da orla do Guaíba. Entre as normas está a proibição do uso de buzinas, alto-falantes e aparelhos amplificadores de som, o que inibe atrações culturais no local. O Executivo municipal também exige pedido formal do artista no Escritório de Eventos.

Parque do Pontal tem agência que organiza programação musical

No Parque do Pontal, na Zona Sul, o modelo de oferta de atrações culturais é bem diferente do visto na orla. Por ser um espaço administrado pela construtora Melnick Even, que montou o parque como contrapartida a um empreendimento comercial que erguerá no local, a empresa contratou a agência de eventos Grupo Austral para organizar a programação cultural dos fins de semana.
No sábado e no domingo, o dia do Parque do Pontal é embalado por músicas de diferentes gêneros, estabelecidas em uma playlist prévia. No domingo, para marcar o horário do pôr do sol, sempre há uma atração musical diferente. No dia 22 de julho, por exemplo, o saxofonista Vini Netto se apresentou em parceria com o DJ Lê Araújo, com músicas estilo lounge. Já no dia 29 de julho, Felipe Tita se apresentou com voz e violão ao entardecer. A ideia é ter sempre música ao vivo no horário, como uma saudação ao pôr do sol.
Eduardo Corte Real, sócio do Grupo Austral, assegura que haverá programação cultural nos próximos dois anos. Eventos maiores estão sendo planejados para datas já consagradas, como o Saint Patrick’s Day, festejado em março, e outras tradicionais, como o Dia dos Pais e o Dia das Mães. “Buscamos conectar as pessoas ao ambiente a partir da música, valorizando, ainda, a cultura local”, ressalta.
O empresário reconhece que atrair o público para as apresentações culturais não é difícil em um espaço como aquele. “É muito fácil, porque todos querem estar aqui. Mesmo quando as condições climáticas não estão propícias, as atividades chamam muita gente para o parque”, relata. Para não haver favoritismo por um gênero, o Grupo Austral procura fazer playlists e trazer artistas ecléticos, que agradem a todos.