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Geral

- Publicada em 24 de Julho de 2018 às 22:34

Femama defende inclusão de teste de predisposição genética ao câncer no SUS

Maira Caleffi planeja formar um grupo de embaixadoras da causa

Maira Caleffi planeja formar um grupo de embaixadoras da causa


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Isabella Sander
A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) apresentou ontem, em encontro voltado para pacientes e ex-pacientes de câncer de mama, sua nova batalha - a inserção no Sistema Único de Saúde (SUS) de testes para detectar a predisposição genética de um paciente para ter câncer. A obrigatoriedade da realização do exame dos genes BRCA1 e BRCA2 é proposta no Projeto de Lei nº 6.262/2013, da deputada federal Carmen Zanotto (PPS-SC).
A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) apresentou ontem, em encontro voltado para pacientes e ex-pacientes de câncer de mama, sua nova batalha - a inserção no Sistema Único de Saúde (SUS) de testes para detectar a predisposição genética de um paciente para ter câncer. A obrigatoriedade da realização do exame dos genes BRCA1 e BRCA2 é proposta no Projeto de Lei nº 6.262/2013, da deputada federal Carmen Zanotto (PPS-SC).
A partir do encontro, a ideia da presidente da Femama, Maira Caleffi, é formar um grupo de 20 mulheres mutadas (com predisposição genética ao câncer), que servirão como embaixadoras da causa junto a diferentes setores da sociedade. A luta será para garantir o diagnóstico e ampliar os estudos genéticos nessa área, a fim de entender quantos dos 59,7 mil novos casos anuais de câncer de mama e dos 6.150 novos casos anuais de câncer de útero no Brasil são herdados geneticamente.
Convidado para o encontro, o oncologista Rodrigo Guindalini, do Centro de Genética e Prevenção do Câncer do Grupo CAM, na Bahia, destaca que o corpo humano possui 10 trilhões de células, e o câncer nada mais é do que o crescimento desordenado delas. Normalmente, uma célula se divide em outras células idênticas a ela, e, quando algum erro ocorre e uma célula passa por uma mutação, o sistema imunológico elimina aquela célula. Quando o organismo não detecta a mutação, entretanto, aquela célula mutada continua a se reproduzir de forma não organizada, gerando um tumor.
A falta de detecção dessas mutações pelo corpo ocorre devido a fatores externos, como alimentação inadequada e sedentarismo, a fatores hormonais e reprodutivos, e, também, a condições genéticas causadas, principalmente, por alterações nos genes BRCA1 e BRCA2. Os agentes externos, hormonais e reprodutivos causam o câncer esporádico, que costuma ocorrer em idades mais avançadas, acima dos 50 anos. Já o câncer hereditário pode acontecer mais cedo, uma vez que o indivíduo já nasce com maior predisposição ao desenvolvimento da doença. Entre os casos de câncer de mama, a mutação genética está presente em uma em cada dez pacientes analisadas.
Pessoas conhecidas, como a atriz Angelina Jolie e o ex-vice-presidente José Alencar, detectaram essa predisposição. No caso de Angelina, a atriz optou por retirar as glândulas mamárias e os ovários, para evitar o desenvolvimento de câncer. Alencar, por outro lado, teve quatro tipos de câncer ao longo dos anos (renal, gástrico, na próstata e sarcoma) e só no último descobriu a predisposição.
São características de pacientes com maior probabilidade genética desenvolver um tumor antes dos 50 anos, termais de um tipo de câncer ao longo da vida, possuir vários familiares com os mesmos tipos de tumor - especialmente nas mamas, no ovário e na próstata -, a apresentação não usual do câncer - por exemplo, câncer de mama em homens -, a detecção de câncer de mama triplo-negativo e a ancestralidade judaica. Essas características ajudam o médico a saber se pode haver ou não predisposição genética para o câncer hereditário e indicar ou não a realização do teste genético.
Guindalini revela que, enquanto 12% das mulheres sem predisposição genética que viverem até os 90 anos terão câncer de mama, o percentual pode chegar a 87% entre as que têm a predisposição - aos 40 anos, o risco de desenvolvimento do câncer é de 10% a 20%, subindo para 33% a 50% aos 50 anos e para 56% a 87% aos 70 anos. O câncer no ovário, que atinge 1% da população geral, abrange de 10% a 27% das mulheres com alteração no gene BRCA2, e de 20% a 54% das mulheres com alteração no gene BRCA1. "A detecção genética por teste permite identificar o paciente com maior risco de desenvolver o câncer e estabelecer estratégias a partir daí que reduzem em até 90% a chance de criar o tumor", pontua.
O teste genético é simples, feito por exame de sangue ou saliva. Os planos de saúde já oferecem o exame. No SUS, contudo, o teste ainda não é autorizado.
 
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