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Transporte

- Publicada em 25 de Junho de 2018 às 22:04

Emplacamento de automóveis de apps depende de regulamentação

Na Capital, são pelo menos 20 mil veículos de aplicativos circulando

Na Capital, são pelo menos 20 mil veículos de aplicativos circulando


/MARCO QUINTANA/JC
Sancionada na semana passada, a lei que versa sobre o transporte por aplicativos em Porto Alegre prevê, entre outros pontos, que os carros utilizados para esse serviço sejam emplacados obrigatoriamente no Rio Grande do Sul. Originalmente, a proposta era de emplacamento exclusivo na Capital. Ainda não há, porém, definição de quais sanções serão aplicadas caso a norma não seja cumprida.
Sancionada na semana passada, a lei que versa sobre o transporte por aplicativos em Porto Alegre prevê, entre outros pontos, que os carros utilizados para esse serviço sejam emplacados obrigatoriamente no Rio Grande do Sul. Originalmente, a proposta era de emplacamento exclusivo na Capital. Ainda não há, porém, definição de quais sanções serão aplicadas caso a norma não seja cumprida.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) trabalha com prazo de 90 dias (até setembro) para regulamentar alguns pontos da nova legislação, tais como a maneira como se dará a fiscalização e a sanção pelo não emplacamento no Estado. Outros pontos a serem regulamentados são como será a identidade visual dos veículos, como se dará a vistoria dos carros e o curso de formação para os condutores.
Segundo o diretor de Trânsito da EPTC, Fábio Berwanger, a estimativa é que cerca de 20 mil veículos sejam usados na Capital para esse tipo de serviço. Apesar de não trabalhar com números exatos - uma vez que, com a ausência de legislação até a semana passada, as empresas não eram obrigadas a apresentar informações à prefeitura -, Berwanger estima que ao menos 10% dos 20 mil carros usados tenham placas de fora, já que as alíquotas são menores em estados como Minas Gerais e Paraná.
"Temos o conhecimento de que muitos veículos locados para serem usados em aplicativos são de fora do Rio Grande do Sul. A ideia é que o emplacamento seja feito aqui, para que o IPVA fique no Estado", explica o diretor da EPTC. Berwanger reconhece que pode haver redução da frota dos aplicativos com essa medida, mas julga uma mudança importante, já que, se o carro roda em solo gaúcho, são as rodovias locais que precisarão da manutenção custeada pelo imposto, e não as dos estados onde os automóveis foram emplacados.
Aprovada há dois anos pela Assembleia Legislativa, a Lei nº 14.905/2016 já obrigava emplacamento de todos os carros de locadoras no Rio Grande do Sul, mas não recebeu regulamentação - o governo do Estado a considerou inconstitucional por considerar que impede o livre-comércio. O diretor da EPTC, porém, não acredita que o mesmo se aplique à lei municipal. "É diferente, porque não há impedimento de o veículo trafegar, e, com a determinação do governo federal de que compete aos municípios fazer essa regulamentação, entendemos que podemos decidir pontos como esse", afirma.
Com a alteração, as operadoras de transporte por aplicativo não poderão cadastrar carros emplacados em outros estados. "Haverá punições, mas ainda precisamos definir como. Alguma regulamentação será necessária", ressalta Berwanger.
Depois da sanção da lei federal sobre o transporte por aplicativos, Porto Alegre é a primeira capital do Brasil a criar uma legislação própria. A prefeitura pretende chegar "o mais próximo possível do serviço ideal", fazendo um meio termo entre as demandas de clientes, motoristas e empresas.

Locadoras avaliam ação contra mudança

Paulo Miguel Júnior, presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), considera a determinação de emplacamento apenas no Rio Grande do Sul prejudicial para o setor. "A limitação é muito ruim, porque as empresas de locação trabalham com carros que rodam o Brasil todo: uma pessoa pode pegar um carro em Porto Alegre e devolver no Norte do País", relata. 
Em São Paulo, as locadoras entraram com uma ação e conseguiram uma liminar para poder usar veículos emplacados em outros estados. A entidade avaliará, junto ao seu conselho, se uma ação desse tipo será movida em Porto Alegre.

O Sindicato das Empresas de Locação de Bens Móveis do Estado do Rio Grande do Sul
(Sindloc-RS) tem reunião marcada para hoje com o objetivo de discutir o assunto. "As locadoras gaúchas não serão afetadas, porque todas já emplacam os veículos aqui, mas as quatro grandes empresas (Movida, Localiza, Unidas e Hertz), que são de outros estados e operam no Rio Grande do Sul, terão que fazer mudanças", relata o diretor da entidade, Rodrigo Selbach.

Para Cabify, emplacamento no Estado afeta oferta de serviço

A Cabify, em nota, avalia que a prefeitura buscou equilibrar a legislação, ao vetar pontos que poderiam impactar negativamente a mobilidade urbana, mas ainda deixou algumas restrições prejudiciais à população. Uma delas é a obrigação de emplacamento no Estado. "Essa limitação afetará a oferta de serviço e a renda de diversos profissionais e suas famílias", pontua. A empresa também vê a exigência como violadora dos princípios constitucionais da livre-concorrência e da livre-iniciativa.
Para a Uber, a lei representa uma "mudança decisiva em direção a uma regulamentação mais moderna" para o transporte individual de passageiros. A empresa declara já estar tomando as providências necessárias para se adequar à legislação. Procurada, a 99 não retornou até a tarde de ontem.