Com a bagagem de quase 600 jogos nas costas, Danrlei destacou dois pontos primordiais para quem vai ter a missão de defender a meta gremista. "Primeiro fazer o simples. Nada de querer inventar ou sair de suas características. O outro ponto é treinar muito, mas muito mesmo, pois só o treinamento vai te dar segurança na hora do jogo", resumiu.
O ex-goleiro relembrou os primeiros passos e falou do atual momento do seu clube de coração. "Como fui bem, a diretoria foi me mantendo. Mas se não tivesse dado uma resposta, o clube teria ido atrás de outros nomes. Lembro que na época o Murilo, também da base, virou meu reserva e puxaram um garoto do juvenil para terceiro goleiro. Pelo que sei do noticiário atual, o Paulo Victor parece que foi liberado e Vanderlei tem oferta para sair. Se a coisa está assim, é porque deixaram a desejar, né?", disse.
Num ano em que o Grêmio ganhou só o Gauchão, Danrlei disse que a falta de títulos expressivos pesou na avaliação dos goleiros. "Não dá para colocar a culpa no Paulo Vítor e no Vanderlei. Acho que os dois goleiros se equivalem. De repente, eles não tiveram atuações acima da média em jogos decisivos. Mas ninguém no time teve também. É uma coisa coletiva", analisou.
Para explicar o seu ponto de vista, Danrlei recorreu ao campeão da Copa do Brasil e ao desempenho do Weverton. "O Palmeiras teve um ano muito bom, mas o goleiro deles fechou o gol em muitos jogos importantes. Principalmente na Libertadores. As atuações acima da média fazem a diferença", comentou.
Um dos protagonistas da vitoriosa fase do Grêmio nos anos 1990, Danrlei colecionou conquistas no atacado: seis estaduais, três Copas do Brasil, um Brasileiro, uma Recopa e Libertadores. "Se você contar todas as taças, eu sou o jogador mais vencedor do clube com 19 títulos", falou com orgulho o ex-atleta que trocou luvas e chuteiras por terno e gravata. Deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD), ele está em seu terceiro mandato.
Sua rotina é corrida e durante a semana, o parlamentar se divide com viagens entre Brasília e Porto Alegre. "São três, quatro dias em Brasília e os outros vou para o Sul. Quando os estádios estavam abertos, sempre que podia, eu ia ver o Grêmio na Arena", contou.
Protagonistas em épocas diferentes no clube, Danrlei e Renato fizeram parte do mesmo grupo em 1995, no Grêmio. Mas por causa da convocação do ex-goleiro para a Copa América no Uruguai, o encontro acabou não acontecendo. "Eu estava com a seleção brasileira e quando retornei ele tinha ido embora. Já conversamos algumas vezes. Não temos uma convivência próxima, até porque o Renato está na correria da profissão de treinador, mas admiro muito o seu trabalho", falou.
Os confrontos contra o Inter foram um capítulo à parte na trajetória de Danrlei que ganhou o apelido de Homem Grenal. "Não sei quantos clássicos disputei e acho até que tem um equilíbrio entre vitórias e derrotas. Mas eu sempre fui muito bem nos jogos importantes. Por exemplo, se era um jogo de turno de estadual, ou de Brasileiro, podia perder. Mas se era uma final, uma classificação importante, eu me transformava. Eu me preparava muito. Sempre fui sanguíneo. Era o jogo que parava a cidade né", falou.
Ao ser perguntado sobre o Grenal mais marcante da sua carreira, Danrlei não titubeou. "Foi o último que disputei em 2003. A manchete do jornal foi a seguinte: Danrlei 0 x 0 Inter. Naquele clássico eu fechei o gol. Deu tudo certo", lembrou.
Nascido na mesma cidade em que Taffarel foi criado, Danrlei conta que o ex-goleiro do Inter foi uma inspiração a também tentar a carreira no gol. "Taffarel é de Santa Rosa, mas foi para Crissiumal pequeno e cresceu lá até se mudar para jogar em Porto Alegre. E tem meu tio Beto, que foi reserva do Mazaropi no Grêmio, que também nasceu lá. Crissiumal é terra de goleiros", disse Danrlei.