Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Esportes

- Publicada em 10 de Dezembro de 2020 às 21:07

Inter define presidente no dia 15 de dezembro

José Aquino Flôres de Camargo e Alessandro Barcellos

José Aquino Flôres de Camargo e Alessandro Barcellos


Arquivo pessoal/Divulgação/JC
Deivison Ávila
No dia 15 de dezembro, o associado do Inter definirá o Conselho de Gestão para o triênio 2021-2023, bem como a renovação de 50% das cadeiras do Conselho Deliberativo. A votação ocorrerá das 10h às 17h exclusivamente pelo site votainter.com.br ou app oficial. Nesta quinta-feira (10), a Comissão Eleitoral impugnou a candidatura da chapa 3, encabeçada por José Aquino Flôres de Camargo, devido ao vazamento de dados de sócios do clube. Conforme o estatuto, não cabe recurso da decisão. Porém, a Chapa 3 informou que irá recorrer na Justiça comum.
No dia 15 de dezembro, o associado do Inter definirá o Conselho de Gestão para o triênio 2021-2023, bem como a renovação de 50% das cadeiras do Conselho Deliberativo. A votação ocorrerá das 10h às 17h exclusivamente pelo site votainter.com.br ou app oficial. Nesta quinta-feira (10), a Comissão Eleitoral impugnou a candidatura da chapa 3, encabeçada por José Aquino Flôres de Camargo, devido ao vazamento de dados de sócios do clube. Conforme o estatuto, não cabe recurso da decisão. Porém, a Chapa 3 informou que irá recorrer na Justiça comum.
Chapa 3 - Reage Inter
José Aquino Flôres de Camargo tem 63 anos, é candidato de forma independente e tem o apoio do Movimento DNA Colorado. É sócio desde a década de 1960 e membro titular do Conselho Deliberativo desde 1992. Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, o desembargador, no momento, está licenciado do cargo de presidente do Conselho para concorrer à presidência do clube.
  • 1º Vice-presidente: Eduardo Otávio Hausen de Souza
  • 2º Vice-presidente: Luciana Paulo Gomes
  • 3º Vice-presidente: Ubaldo Alexandre Licks Flôres
  • 4º Vice-presidente: Léo Moura Centeno Júnior
Chapa 5 - Inter Pode Mais
Alessandro Barcellos, 48 anos, é candidato ligado ao Movimento Academia Colorada, é sócio desde 1999 e conselheiro desde 2014. Administrador, ocupou cargos no governo do Estado e foi presidente do Detran-RS. Na última gestão, foi vice de Administração e Finanças e vice de futebol entre dezembro de 2019 e outubro de 2020.
  • 1º Vice-presidente: Dannie Dubin
  • 2º Vice-presidente: Arthur Caleffi
  • 3º Vice-presidente: Luiz Carlos Ribeiro Bortolini
  • 4º Vice-presidente: Humberto Cesar Busnello
Jornal do Comércio - Como o senhor enxerga o departamento de futebol e quais os planos na sua gestão?
José Aquino Flôres de Camargo - O departamento de futebol é a razão de ser do clube. Pretendemos dar uma visão especial, ao começar pela base, onde temos o principal ativo. A base, hoje, não é apenas formação de atletas, envolve também captação. Pretendemos ter uma rede de olheiros no território nacional e formar parcerias com clubes formadores no interior do País e da América do Sul. O Inter renegou a sua base ao segundo plano desde a reforma do Beira-Rio. Temos que trabalhar a estrutura e, por isso, colocamos como prioridade iniciar a obra do CT em Guaíba. Pretendemos ter alguém identificado para fazer a transição entre a base e o profissional e queremos ter um executivo também na base. Nosso organograma de futebol deve ser montado a partir do vice-presidente, que será o Roberto Siegmann (já esteve à frente do cargo entre janeiro e julho de 2011). Teremos ainda um executivo de mercado. Queremos mudar radicalmente a política de contratações, dando um olhar especial para a área de inteligência e tecnologia do futebol. A figura do técnico também é essencial. Como o futebol está muito nivelado, esse profissional pode ser o diferencial.
Alessandro Barcellos - Nosso departamento de futebol será ainda mais profissionalizado. Pretendemos focar em três elementos centrais: uso da ciência de dados, gestão de pessoas e processos físicos. Organizaremos um futebol vencedor a partir do uso da categoria de base. E temos uma meta para isso: 40% da nossa equipe principal vai ser composta por jogadores da base num prazo de 24 meses. Queremos ter um diretor executivo técnico que fará a relação entre o vestiário e a comissão técnica e categoria de base. Vamos ter uma estrutura de análise de dados para contratações, melhorar nosso modelo de jogo e estudar o modelo de jogo dos adversários baseado na construção de um modelo do clube. Indo além do modelo já utilizado pelo Inter. Algumas pessoas já estão no clube e outras serão buscadas no mercado.
JC - Tendo em vista o déficit em que o clube se encontra, quais as ações para tornar o Inter superavitário?
Aquino - Em um primeiro momento, temos que contratar um profissional com larga experiência na área para fazer a reestruturação financeira, a renegociação de dívidas e que tenha acesso ao sistema bancário do clube. A má gestão do clube é clara. Temos que mudar o perfil da dívida, precisamos alonga-la, equilibrar as contas. Não adianta pagar dívidas e seguir gastando mais do que o devido. Queremos implantar um sistema de gestão chamado ERP, uma ferramenta que traz controle, agilidade nas informações e certificação nos processos. Também temos que seguir o fair play financeiro exigido pela CBF, algo que o clube não vem fazendo, e implantar um projeto de sócios para valorizar a marca do Internacional. E quando pensarmos em monetização, que não seja apenas retirar do sócio, mas transformá-los em ativos que permitam gerar dinheiro para o clube, lançando novos produtos e serviços. Da mesma forma, precisamos valorizar nosso associado, principalmente o do Interior, ampliando a comunicação. Pretendemos alcançar em breve, os 150 mil sócios.
Barcellos - Precisamos equilibrar receita e despesa recorrente. Vamos trabalhar na possibilidade de alcançar os 200 mil sócios. Fizemos um estudo com dados da população do Rio Grande do Sul, estratificamos a questão da renda e concluímos que temos um potencial de 1,2 milhão de colorados que poderiam ser sócios e não são. E não são porque o Inter só tem o dia de jogo para oferecer. Nossa meta é transformar o Inter no clube mais digital do País. Queremos entregar a esses futuros associados e aos já sócios experiência no clube e conteúdo exclusivo, aproximando o Beira-Rio desses torcedores. Dessa forma, alavancando a receita recorrente. Precisamos ter uma gestão maior no gasto com o futebol, já que o clube gasta cerca de 80% nessa área. Com isso, contratar melhor e ter racionalidade para fazer um time vencedor e campeão, mas com equilíbrio econômico-financeiro. Precisamos também voltar a usar a venda de atletas como gestão de ativo, deixando essa receita no futebol e não para pagar outras despesas.
JC - Como o senhor pretende reunir as diversas vertentes a fim de comandar o Inter nos próximos três anos?
Aquino - Estamos vivendo uma profunda crise política no clube. E isso está acontecendo porque existe uma lacuna de lideranças. Ex-presidentes estão distantes e nós temos um modelo decadente que chegou ao seu epílogo. Ou seja, um modelo de gestão que dura 20 anos. Os primeiros dez anos foram de muito êxito, alcançando suas maiores glórias e conquistas. E, a partir daí, entramos no que o Fernandão (ídolo do Inter morto em um acidente em 2014) chamou de zona de conforto. O Inter parou no tempo e deixou de se modernizar. Hoje, o clube tem uma gestão amadora e, dentro de um futebol altamente competitivo, isso é extremamente negativo. E essa sequência de insucessos, trilhando caminhos equivocados, faz com que haja uma insatisfação, provocando uma imensa divisão. Onze grupos mostram que não há diálogo, não há tolerância. É preciso que o próximo presidente seja uma figura estadista e que, tão logo eleito, tente unir todos os colorados. As grandes conquistas do Inter se deram a partir da união de esforços e ideias, através da sua torcida, sócios, dirigentes, quadro funcional, corpo de atleta e comissão técnica. A missão será aproximar as pessoas e fazer com que elas se sintam responsáveis pelo destino do Inter.
Barcellos - Sou candidato e faço parte de um movimento que conta com 14 conselheiros (são 339 no total). Ou seja, tenho apenas 4% do Conselho Deliberativo do Inter e vou ganhar as eleições. Se passei pelo crivo dos conselheiros e passarei pelo voto do torcedor, não chegarei lá porque achei que era maior que ninguém. Chegaremos lá porque agregamos pessoas, juntamos ideias e somamos esforços. A tarefa é seguir fazendo isso. Depois da eleição, vamos buscar quem não estava junto para estar junto. E essa é uma virtude que nós temos. Temos que entender que cada movimento que está no clube tem algo a contribuir e que cada vertente será incluída na nossa gestão.
JC - O que o senhor destaca como erros e pontos positivos da atual gestão?
Aquino - O principal equívoco da presidência foi a não profissionalização da gestão, inclusive estamos descumprindo nosso estatuo, que prevê uma governança corporativa, e o Inter ainda não implementou na prática a reforma estatutária. Prova disso é que estamos vendo o culto ao personalismo. A discussão é muito centrada na figura do presidente. O clube precisa, de uma vez por todas, agir de acordo com a legalidade. Instituir o compliance, fazer uma gestão moderna e uma gestão orçamentária responsável. De positivo, destacaria que a atual presidência recuperou a imagem do clube do ponto de vista moral em relação à péssima gestão que comandou o Inter em 2015 e 2016. Pelo menos, recuperamos a imagem de um clube sério.
Barcellos - O gasto exagerado e errado no futebol. Na minha opinião, foi o principal erro na última gestão. Entre 2017 e 2019, nós contratamos 40 jogadores e aprovamos nove. Neste período, gastamos em média R$ 3.095,82 por minuto de um atleta em campo. Em 2020, quando assumi o Futebol, em meio à pandemia e todas as dificuldades, conseguimos reduzir para R$ 1.019,22. Esse número é importante para demonstrar que dá para fazer mais com menos. Gastamos muito e podemos fazer um futebol mais vencedor, com recursos mais compatíveis. Em relação aos acertos, tivemos avanços consideráveis na profissionalização de áreas do clube, como, por exemplo, a entrada no mercado de energias livres, economizando R$ 8 milhões em cinco anos; redução do orçamento da pasta de administração, economizando R$ 47 mi em relação à gestão 2016; automatização de despesas com funcionários terceirizados em dias de jogos; centralizamos 99,9% das compras do clube, com todas sendo feitas dentro de um sistema de gestão automatizado e auditado.
JC - Como o senhor imagina o futebol dentro de campo?
Aquino - O Internacional teve quatro grandes times marcados na história do País. O Rolo Compressor, na década de 1940, seguido por outra grande equipe, entre os anos de 1950 e 1954, que se notabilizou pela dupla Larry e Bodinho. Depois tivemos a Academia do Povo, na década de 1970. E, agora, recentemente, na primeira década dos anos 2000, o time que foi multiplamente vencedor. O time que imagino para o Inter tem que ser aguerrido, vibrante, intenso e que proponha o jogo. O torcedor colorado se acostumou com o futebol arte e competitivo. Também temos de ter um treinador moderno, que seja afeito a trabalhar com a base.
Barcellos - Vamos criar um time com um comportamento que caracterizou o Internacional campeão ao logo da sua história. O DNA do Inter é de um time intenso, propositivo, no qual o sistema de meio-campo, volantes e laterais participa das ações ofensivas. Um time que marca o seu adversário e joga de igual para igual no Beira-Rio e fora dele. Para isso, já estamos trabalhando na contratação de um treinador que tenha o olhar casado com o nosso objetivo, que é a utilização da base. Vamos buscar reforços pontuais junto à comissão técnica para formar um time vencedor e campeão já em 2021, mesmo dentro da nossa realidade financeira.
JC - Quais as principais propostas que o senhor acredita que tornam a sua chapa diferenciada da do concorrente?
Aquino - Acho que nós, efetivamente, queremos instituir uma gestão profissional. Estamos trabalhando com absoluta transparência, indicamos nosso vice de futebol e, com isso, recebemos algumas críticas e elogios. O vice de futebol é uma pessoa importante dentro do contexto da gestão. E está faltando transparência a outra candidatura, de modo que ela não apresenta esta pessoa. Desta forma, sugere que não quer mostrar qual o modelo e qual é a linha de futebol que pretende desenvolver. A nossa chapa é independente, surgiu a partir de um conjunto de conselheiros descontentes com a política do clube e identificados com uma possível liderança para preencher esta lacuna de liderança política.
Barcellos - Representamos o rompimento de um ciclo de 20 anos. Nosso modelo de gestão não carrega ideias tampouco pessoas que representam a continuidade. São pessoas que já contribuíram com o clube em outros momentos, mas que querem, agora, a mudança. Nosso projeto vem acima de qualquer nome, não prevê uma mistura de dirigente político com dirigente profissional. Separamos muito bem o organograma político - aquele estratégico, que vai cobrar resultados e metas, e discutir diretrizes - do organograma profissional - composto por um CEO, seus executivos e funcionário. Para nós, isso é muito claro e existe uma relação matricial entre estes dois organogramas.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO