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Esportes

- Publicada em 31 de Outubro de 2020 às 16:07

Agora técnico, Marcelo Negrão se inspira em Zé Roberto e Bebeto de Freitas

Carinhosamente chamado de 'tio', Negrão (c) tem a confiança do jovem time paulista

Carinhosamente chamado de 'tio', Negrão (c) tem a confiança do jovem time paulista


SESI-SP/DIVULGAÇÃO/JC
Quando o celular apitou com a notificação no WhatsApp, Marcelo Teles Negrão se apressou para desbloquear a tela do aparelho e ouvir o que José Roberto Guimarães tinha a lhe dizer. "Que ótima notícia, fico feliz, uma grande oportunidade para você. Tenta aproveitar da melhor maneira possível, seja você. Que o papai do céu te proteja", falava no áudio o técnico tricampeão olímpico, atualmente comandante da seleção brasileira feminina. Era dia 22 de junho, e o Sesi-SP havia acabado de anunciar o ex-jogador e campeão olímpico em 1992 como treinador do seu time profissional masculino.
Quando o celular apitou com a notificação no WhatsApp, Marcelo Teles Negrão se apressou para desbloquear a tela do aparelho e ouvir o que José Roberto Guimarães tinha a lhe dizer. "Que ótima notícia, fico feliz, uma grande oportunidade para você. Tenta aproveitar da melhor maneira possível, seja você. Que o papai do céu te proteja", falava no áudio o técnico tricampeão olímpico, atualmente comandante da seleção brasileira feminina. Era dia 22 de junho, e o Sesi-SP havia acabado de anunciar o ex-jogador e campeão olímpico em 1992 como treinador do seu time profissional masculino.
Logo em sua estreia no comando, o ex-oposto trabalha com um time formado basicamente por jovens atletas de 17 a 20 anos, em fase de transição das categorias de base para o adulto. O time paulistano, um dos que mais investiram no país até a última temporada, mudou radicalmente os planos e não fez contratações nem para o Paulista, já encerrado, nem para a Superliga masculina, que começa neste sábado (31).
O único medalhão do elenco é Murilo Endres, que permaneceu para ajudar a capitanear o projeto. "Cada um falou alguma coisa, alguns disseram seja um técnico misterioso. Guardo o áudio do Zé Roberto, é tão simples e ao mesmo tempo tudo o que precisava ouvir. É isso que eu vou ser", projeta Negrão.
O ex-atleta, que teve a carreira na quadra prejudicada por causa de lesões no joelho, também jogou vôlei de praia de 2006 a 2010. Sempre será reverenciado pelo saque violento que fechou a vitória diante da Holanda e garantiu ao Brasil, nos Jogos de Barcelona 1992, a primeira medalha olímpica de ouro em esportes coletivos. Ele tinha 19 anos, e Zé Roberto era o treinador.
Enquanto atleta, Negrão deixou a seleção, em 1997, em meio a um relacionamento conturbado com o então técnico Radamés Lattari, atual CEO da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Voltou ao time em 1999, quando perdeu a decisão do Pan-Americano de Winnipeg para Cuba.
Fora dos Jogos de Sidyney 2000, passou a ter chances no ano seguinte, com Bernardinho na seleção. Porém, na estreia da Liga Mundial, em 2001, rompeu o tendão patelar do joelho direito na estreia da Liga Mundial.
Agora, tentará na Superliga pôr em prática as lições de Zé Roberto e de um outro mentor, Bebeto de Freitas, morto em março de 2018, aos 68 anos. "Ele era um paizão. Cobrava bastante o jogador no treino, mas entendia quando o cara tinha problemas com a namorada, com os filhos, e liberava para cuidar dessas questões. Quem decide na quadra, coloca a bola no chão são esses jogadores, e tenho que ter o grupo na mão", resumiu.
Aos 48 anos, Negrão tenta seguir esse perfil e construir, no dia a dia, um ambiente familiar. Já no aquecimento, costuma passar pelos atletas e puxar papo com cada um. Ao orientar o grupo sobre a finalidade das atividades com a bola, ele tem histórias para recordar e tentar descontrair os comandados.
Mesmo na pandemia, jogadores e comissão técnica mantiveram o churrasco realizado mensalmente nas instalações do clube na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. "Sempre mantendo o distanciamento. Isso ajuda a agregar o time", frisou.
A relação de Negrão com quase todos do elenco começou há pelo menos quatro anos, quando começou a ser chamado de "tio". Dono de academias em São Paulo e comentarista de vôlei pelo canal Band, ele passou acompanhar o filho Gabriel nos treinos do Sesi.
Nas arquibancadas, era abordado por outros pais. Quando acabava o jogo, o filho e seus colegas também iam falar com ele. "Os meninos perguntavam, 'tio, como posso fazer isso e aquilo?'. O técnico olhava para mim, e eu ficava até sem graça", lembra.
Foi a insistência do filho Gabriel, segundo Negrão, que o encorajou a ser treinador. A direção do Sesi gostou da ideia de contar com o campeão olímpico, que começou o seu trabalho em 2017 como auxiliar do time infanto-juvenil. "Eu sempre quis começar pelas categorias de base. Se fizer besteiras vou aprender e chegar calejado ao profissional", disse.
Gabriel, hoje com 16 anos, está na equipe do Centro Olímpico. O pai acreditava que levaria mais alguns anos para assumir o elenco principal do Sesi, mas a pandemia escancarou um misto de oportunidade e necessidade vividas pela equipe.
Campeão da Libertadores neste ano, o Sesi chegou à final da Superliga em cinco das últimas dez edições. Conquistou o título em 2010/2011, ao levar a melhor sobre o Sada Cruzeiro, e ficou com os vices em 2018/2019, superado pelo Taubaté, e também em 2013/14, 2014/15 e 2017/18, derrotado pelo Cruzeiro.
O primeiro jogo do Sesi na Superliga será neste sábado (31), contra o Caramuru, às 21h30min, em São Paulo, com transmissão pelo portal Vôlei Brasil (streaming mediante assinatura). Será oportunidade de o time buscar a primeira vitória na temporada, depois de perder todas as suas quatro partidas no Campeonato Paulista.
"O mundo da base e o do profissional são totalmente diferentes. Estou aprendendo com eles também. Cada derrota tem servido para nos motivar e ensinar a corrigir os erros. No vôlei não se consegue resultados do dia para noite, estou bem satisfeito com o empenho do time", disse o treinador.
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