O torcedor supersticioso acredita em rituais e coincidências que, na sua cabeça, fazem todo o sentido na hora de determinar o sucesso ou o fracasso do time de coração. Entre tantas crenças, há uma que causa pavor nos mais desconfiados. É a chamada "Lei do Ex", esse código não escrito do futebol que rege, por vezes, a história de uma partida, sempre a favor do adversário, segundo os descrentes.
Brincadeiras e superstições à parte, a tal "lei" tem sua influência dentro do Campeonato Brasileiro. Levantamento mostra que a cada dez gols que saíram na atual competição, um foi marcado por um jogador diante de um ex-clube.
Em 96 partidas disputadas até aqui, foram anotados 228 gols. Desses, 32 (14%) contaram com o carimbo da "Lei do Ex". O levantamento considera tanto jogadores que chegaram a atuar profissionalmente como também atletas apenas formados na base dos clubes contra os quais marcaram no torneio.
Se considerados somente os gols de quem defendeu profissionalmente uma ex-equipe, são 25 do total de 228 -11%, mantendo a conta de um gol para cada dez anotados no Brasileiro.
O clube cearense, inclusive, é quem mais sofreu com esse estigma até aqui na disputa do Nacional. Já são cinco gols de atletas que tiveram passagem pela equipe no passado. Além dos dois de Galhardo, o centroavante Elton, do Sport, também marcou duas vezes, e Felipe Jonatan, lateral esquerdo do Santos, anotou um.
O Vasco vem logo na sequência com quatro. Fluminense, Goiás e Botafogo sofreram três. Na 2ª rodada do Brasileiro, duas partidas tiveram a curiosidade de que ambos os clubes levaram gols de ex-jogadores.
No caso de Thiago Galhardo, ele havia dito antes da partida contra o Ceará que não celebraria caso marcasse diante da ex-equipe. Em 2019, teve boa passagem pelo time alvinegro e marcou 12 gols no Brasileirão, ajudando os cearenses a se manterem na elite nacional.
Em um dos gols anotados na vitória colorada por 2 a 0, no último dia 10, o artilheiro colorado apenas se dirigiu a uma câmera e deu um recado em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Foi uma homenagem a Liliana Kruger, torcedora do Inter que é surda. Na mensagem, Galhardo disse com gestos: "Vamos, Inter! Eu te amo".