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Esportes

- Publicada em 10 de Agosto de 2020 às 20:37

"Clubes do Brasil precisam adotar modelo de negócio"

Especialista em gestão de esporte, Fernandez acredita que o momento atual é adequado para a mudança

Especialista em gestão de esporte, Fernandez acredita que o momento atual é adequado para a mudança


CLAITON FERNANDEZ/ARQUIVO PESSOAL/JC
Deivison Ávila
Em meio à crise financeira que atingiu dezenas de clubes de futebol no Brasil e no mundo por conta da pandemia do novo coronavírus, a gestão profissional e o planejamento estratégico se fazem cada vez mais necessários dentro das estruturas dos times. Para entender um pouco mais sobre o processo, o Jornal do Comércio conversou com Claiton Fernandez. Ele é professor do programa da FGV/FIFA/CIES em Gestão de Esporte, além de Instrutor da CBF Academy de Gestão Esportiva e Licenças, entre outros cargos. Ele detalha como seria um modelo de negócio ideal e destaca que o momento adequado para mudanças é exatamente esse, já que as instituições estão sofrendo com falta de capital, sendo por falta de bilheteria, cortes de verbas publicitárias ou pouca venda de produtos.
Em meio à crise financeira que atingiu dezenas de clubes de futebol no Brasil e no mundo por conta da pandemia do novo coronavírus, a gestão profissional e o planejamento estratégico se fazem cada vez mais necessários dentro das estruturas dos times. Para entender um pouco mais sobre o processo, o Jornal do Comércio conversou com Claiton Fernandez. Ele é professor do programa da FGV/FIFA/CIES em Gestão de Esporte, além de Instrutor da CBF Academy de Gestão Esportiva e Licenças, entre outros cargos. Ele detalha como seria um modelo de negócio ideal e destaca que o momento adequado para mudanças é exatamente esse, já que as instituições estão sofrendo com falta de capital, sendo por falta de bilheteria, cortes de verbas publicitárias ou pouca venda de produtos.
Jornal do Comércio - Como o senhor enxerga as atuais gestões dos clubes brasileiros?
Claiton Fernandez - Dentro das quatro linhas, a começar pelo executivo de futebol, passando pela comissão técnica e plantel, existe profissionalismo. Só que fora das quatro linhas, existe um amadorismo. Os clubes não têm os profissionais com a mesma expertise dentro das áreas de apoio, como administrativa, financeira, infraestrutura e marketing. Estes departamentos são normalmente ocupados por pessoas sem formação e por indicação de dirigentes. Logo, acarreta uma gestão conflitante. A partir deste ponto,  vejo a necessidade da implementação de um modelo de negócio em todos os níveis do clube.
JC - Qual seria o modelo de gestão mais adequado para os clubes se profissionalizarem e quais seriam os impactos a partir desta mudança?
Fernandez - Um clube atrativo, com time forte e competitivo, conquista títulos e consequentemente tem um incremento no número de sócios e torcedores. Com isso, gera uma otimização de investimentos e gastos, aumento das receitas com geração de lucros e uma saúde econômico-financeira. Isso representa diferenciação de mercado e agregação de valor à marca. As mensagens que o clube transmite em seu modelo de negócio para os acionistas são claras e objetivas. A mensagem externa oferece legitimidade aos torcedores, patrocinadores, investidores, mídia e comunidade, enquanto a interna preza pela legitimidade para com os profissionais, racionalidade, guia, disciplina e padrões.
JC - Quanto tempo dura essa mudança do modelo de gestão?
Fernandez - As mudanças vão se dar de forma gradativa e cada clube será tratado de acordo com suas peculiaridades. Isso ocorrerá a partir de uma análise dos tamanhos físico e da dívida, da quantidade de sócios-torcedores, da estrutura e de diversos outros pontos a serem levantados. A atual situação vivida pelos grupos clama por uma mudança. Apenas em 2020, se projeta R$ 1 bilhão em um buraco de receitas que não ingressaram nas finanças dos clubes brasileiros, motivados pela mudança no calendário, já que a maioria das competições só serão encerradas em 2021. Pude acompanhar a implementação do modelo de negócio do Flamengo, que durou cerca de oito anos até chegar ao estágio que se encontra hoje. Creio que este processo de gestão de negócio leve de cinco a dez anos para ser implantado.
JC - Por que grande parte dos conselhos deliberativos e das administrações dos clubes apresentam resistência à implantação de um modelo de gestão?
Fernandez - Por ser algo novo, gera resistência por parte dos gestores. Só que a chegada da pandemia encurralou os clubes, que contam com receitas minimizadas e despesas que precisaram ser negociadas e prorrogadas, porém não diminuídas. A maiores dos clubes trabalham com incompatibilidade financeira, acumulando passivos e tomando dinheiro com taxas de juros altíssimas e curto prazo para pagamento. Dentro deste cenário, a profissionalização das áreas com um modelo de gestão é uma saída.
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