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Esportes

- Publicada em 20 de Novembro de 2019 às 18:54

Inter cria canal por WhatsApp para denúncias de racismo e homofobia no Beira-Rio

'Todas as questões que mexem com preconceitos vamos trazer para dentro do clube', diz Najla

'Todas as questões que mexem com preconceitos vamos trazer para dentro do clube', diz Najla


LUIZA PRADO/JC
Patrícia Comunello
O Inter vai usar o aplicativo de conversa mais popular no Brasil como aliado no combate ao preconceito durante jogos no estádio Beira-Rio, o templo colorado. As pessoas vão poder enviar para um número de WhatsApp qualquer episódio "desconfortável vivenciado nas arquibancadas do Beira-Rio", disse o clube, em nota em seu site. O clube aproveitou também o Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), para anunciar a ação.
O Inter vai usar o aplicativo de conversa mais popular no Brasil como aliado no combate ao preconceito durante jogos no estádio Beira-Rio, o templo colorado. As pessoas vão poder enviar para um número de WhatsApp qualquer episódio "desconfortável vivenciado nas arquibancadas do Beira-Rio", disse o clube, em nota em seu site. O clube aproveitou também o Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), para anunciar a ação.
O número é o (51) 98117-7779. O clube orienta "que é fundamental que a denúncia identifique o setor do estádio em que o torcedor está localizado". Segundo o Inter, "profissionais conduzirão, da maneira mais ágil possível, a identificação da situação e solução dos problemas". O canal já vai valer para o jogo do próximo domingo (24) contra o Fortaleza dentro de casa pelo Campeonato Brasileiro. 
O canal de denúncia faz parte do serviço chamado de Estaremos Contigo!, que se integra a diversas áreas do clube e é liderado pela Diretoria de Inclusão, criada na metade do ano para centralizar iniciativas contra preconceitos e discriminação. No site, um banner avisa: "Na nossa casa, a tua voz importa". 
"A diretoria foi proposta para tratar de preconceitos, como racismo, homofobia, machismo, capacitismo (preconceito social contra pessoas com alguma deficiência), que é o microcosmo de quem está fora do estádio", observa a coordenadora da diretoria Najla Rodrigues Diniz. "Todas as questões que mexem com preconceitos vamos trazer para dentro do clube."
E as iniciativas Coloradas não vão parar por aí. Em dezembro, capítulos do estatuto do clube podem mudar em aspectos ligados à punição de atos de preconceito, além de inserir que a associação é livre, acrescentando que não pode haver distinção por religião, classe social, opção política, capacidades ou limitações individuais. 
O tema da solidariedade também estará sob o guarda-chuva da diretoria. Najla lembra da ação durante o inverno, que abrigou pessoas em situação de rua no Gigantinho e teve forte repercussão, com apoio do rival Grêmio, que doou materiais, como colchões e cobertores. A ação mobilizou os porto-alegrenses para ajudar durante o frio mais intenso na cidade.

"Homofobia é o preconceito mais velado"

O Colorado demarcou o terreno das ações em um gesto emblemático na metade deste ano. O estádio Beira-Rio, templo colorado, foi iluminado com as cores do orgulho LGBT. E não foi por acaso ou apenas para lembrar o 28 de junho de 1969, quando o bar Stonewall, em Nova Iorque, foi invadido pela polícia e teve reação dos frequentadores gays e lésbicas. As luzes no estádio marcaram a criação da Diretoria de Inclusão.
"Homofobia é o preconceito mais velado e difícil de combater no mundo do futebol", constata a coordenadora da diretoria. Com o novo braço dentro da estrutura institucional, a ideia é tornar permanente as ações. "Antes éramos movidos pelo calendário, queremos que seja uma política permanente. O Clube do Povo reúne toda a diversidade", reforça Najla. Na questão da homofobia, o trabalho será forte com as torcidas organizadas, pois "muitas puxam cânticos com mensagens preconceituosas", admite a coordenadora. 
As mudanças no estatuto serão votadas entre 13 e 15 de dezembro - 13 e 14 pela internet, no site do clube, e 15 presencial. Serão três aspectos a serem alterados.
O artigo 16 do estatuto trará a maior mudança, com a inclusão de um parágrafo novo, o sexto, prevendo "que os atos discriminatórios ou preconceituosos de nacionalidade, cor, gênero, religião, classe social e capacidades ou limitações individuais praticados por dirigentes ou funcionários" serão punidos com perda de cargos e exclusão de direitos sociais.
Além disso, quem praticar os atos sofrerá responsabilidade pessoal, civil e criminal. O clube vai buscar o ressarcimento pelo prejuízo causado à imagem do Colorado, diz o parágrafo. Outras duas propostas abrangem mais dois artigos. O artigo 7, que trata da inscrição de associados, acrescenta que não pode ter distinção "religião, classe social, opção política, capacidades ou limitações individuais" na associação, e o artigo 11, que insere maior detalhamento no acesso às dependências, dando atenção às pessoas com deficiência.
Também nesta quarta, o clube divulgou em seu site e em suas redes sociais vídeo com depoimentos de personalidades negras, desde ex-jogadores como Tinga, que jogou no Colorado, e a ex-miss Brasil Deise Nunes. 
Confira o vídeo com os depoimentos:

Grenal contra o preconceito

O Inter não está sozinho nas iniciativas contra o preconceito. O Grêmio também articula um pacote de ações e será um dos atores de um projeto inédito no Brasil. Em acordo a ser firmado no começo de dezembro com a Defensoria Pública da União (DPU), o Tricolor vai oficializar a criação de um laboratório experimental de práticas antirracistas.
No dia 26, o projeto Clube de Todos será apresentado ao Conselho Deliberativo do Grêmio. O Clube de Todos será um pacote de mais ações focadas no combate à discriminação e preconceito e promoção da inclusão.
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