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Esportes

- Publicada em 13 de Outubro de 2019 às 15:01

'Vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado', diz Roger Machado, sobre racismo no Brasil

Roger (esquerda) e o técnico do Fluminense, Marcão, vestiram camiseta de #ChegadePreconceito

Roger (esquerda) e o técnico do Fluminense, Marcão, vestiram camiseta de #ChegadePreconceito


ESPORTE CLUBE BAHIA/TWITTER/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de ser cotado para dirigir o Inter, que está sem técnico desde a demissão de Odair Hellmann, Roger Machado, que dirige o Bahia, virou um dos assuntos na pauta esportiva neste fim de semana com a repercussão de declarações do ex-jogador e técnico do Grêmio sobre racismo no Brasil.
Depois de ser cotado para dirigir o Inter, que está sem técnico desde a demissão de Odair Hellmann, Roger Machado, que dirige o Bahia, virou um dos assuntos na pauta esportiva neste fim de semana com a repercussão de declarações do ex-jogador e técnico do Grêmio sobre racismo no Brasil.
Em redes sociais como o Twitter, a manifestação de Roger viralizou. Um dos vídeos que traz a íntegra das declarações tem mais de 500 mil visualizações em menos de 24 horas.
No jogo contra o Fluminense nesse sábado (12), no Rio, Roger e o técnico do time adversário, Marcão, dois únicos negros comandando times na Série A do Brasileirão, vestiram a camiseta da campanha #ChegaDePreconceito. A campanha foi lançada pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, com o perfil @ObRacialFutebol, no Twitter, criado para "monitorar e divulgar casos de racismo e ações afirmativas no futebol brasileiro", como está na descrição.
O ex-jogador (1994-2003) e técnico (2015-2016) do Grêmio se tornou uma voz forte, recebendo elogios e apoio principalmente no Twitter, contra a discriminação ao alertar para as desproporções entre tratamento a negros e brancos no mercado de trabalho e na área social, além do futebol.
"A bem da verdade é que dez milhões de indivíduos foram escravizados. Mais de 25 gerações. Passou pelo Brasil Colônia, passou pelo Império e só mascarou no Brasil República", historiou o técnico.
"Não devia ter uma repercussão grande dois treinadores negros se enfrentando na área técnica. Pra mim, tá aí a prova que existe o preconceito", emendou, sobre o impacto do gesto dos dois técnicos com a camiseta antes do jogo.
Roger listou estatísticas sobre os desequilíbrios raciais, desde o acesso à educação como no impacto social e problemas decorrentes das diferenças. "À medida que a gente tem mais de 50% da população negra e a proporcionalidade que se representa não é igual tem de refletir e se questionar se não há preconceito no Brasil. Por que os negros têm escolaridade menor que os brancos, por que 70% da população carcerária é negra, por que morre mais jovens negros e por que os menores salários entre brancos e negros são dos negros".
No futebol, ele citou (respondendo a uma repórter): "Nas conquistas das mulheres, vemos mulheres no esporte, mulheres como você, mas quantas mulheres negras tem comentando esporte? Se não há preconceito no Brasil, qual é a resposta, arrematou, após mostrar as diferenças. E afirmou: "Vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado".
Depois de observar que pode não ter sofrido preconceito diretamente, o técnico do Bahia culpou o Estado pelos desequilíbrios que ainda persistem. "A culpa desse atraso, depois de 388 anos de escravidão, é do Estado", citou, indicando melhora em políticas públicas nos últimos 15 anos, que "resgataram a auto-estima da população negra, que tiveram negada assistência básica, que estão sendo retiradas neste momento".
No desfecho, Roger retoma as críticas, sem citar nomes, mas que ficam claras que são endereçadas ao atual governo. "A estrutura social é racista. Vemos crescimento de feminicídio, homofobia e racismo, mas são só um sintoma."
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