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Esportes

- Publicada em 21 de Setembro de 2019 às 14:32

Romildo Bolzan fala de planos para a Arena, Grêmio x Flamengo, Renato e futuro político

'Autoconfiança é um erro de comportamento grosseiro, tem de se policiar para não cometer'

'Autoconfiança é um erro de comportamento grosseiro, tem de se policiar para não cometer'


MARIANA CARLESSO/JC
Patrícia Comunello
Romildo Bolzan Jr tem duas características. Primeiro, não deixa uma pergunta sem resposta, mesmo que o tempo seja curto e uma multidão de personalidades, dirigentes e jogadores do presente e do passado o esteja aguardando para mais uma sessão de gravação na Calçada da Fama, como foi na terça-feira (16) com Loivo e Geromel. E a segunda marca é gostar de bolachas waffles, principalmente se for sabor chocolate tipo suíço. “Guriazinha, come uma, é muito bom”, insiste ele, mais de uma vez para a repórter, que acaba se rendendo e prova uma ao menos.
Romildo Bolzan Jr tem duas características. Primeiro, não deixa uma pergunta sem resposta, mesmo que o tempo seja curto e uma multidão de personalidades, dirigentes e jogadores do presente e do passado o esteja aguardando para mais uma sessão de gravação na Calçada da Fama, como foi na terça-feira (16) com Loivo e Geromel. E a segunda marca é gostar de bolachas waffles, principalmente se for sabor chocolate tipo suíço. “Guriazinha, come uma, é muito bom”, insiste ele, mais de uma vez para a repórter, que acaba se rendendo e prova uma ao menos.
Na conversa, entre a assinatura de documentos como presidente do Grêmio, posto que ocupa desde 2014, entrevista por telefone a um programa de esportes de um canal de TV de São Paulo a respeito da polêmica gerada por comentários dele sobre a suposta soberba do Flamengo - pauta que ele quer colocar um ponto final -, e conversa com conselheiros que a todo momento o saúdam da porta da grande sala da presidência, Bolzan fala de Arena, gestão profissional no clube, Libertadores, Renato Portaluppi e política.
Do estádio, mais que a antecipação da retomada estar próxima, como tem dito, o presidente revela planos de como o Grêmio vai transformar o ativo em ganhos e inovações. Sobre a derrota do ano, na semifinal da Copa do Brasil, Bolzan atribui a uma "autotraição inconsciente”, mas que acaba sendo fonte agora de recomposição para, aí sim, enfrentar o duelo com o rubro-negro. Sobre o técnico-mito e críticas sobre arrogância, Bolzan avisa que o verdadeiro Renato é o que caiu em choro na inauguração da estátua na Arena no começo do ano.
Ah, como o assunto está sempre caindo no colo dele, o ex-prefeito por três mandatos de Osório, deixou, no desfecho da entrevista, dois recados: um enquanto estiver no comando do clube e outro para os companheiros de PDT sobre disputar a eleição para governador.
Mais um detalhe sobre Bolzan é sua jornada frenética. Está sempre na estrada, cruzando de carro a BR-290 (freeway)  entre Osório e Porto Alegre, dividindo-se nas duas posições, de advogado e dirigente tricolor. O ritmo na última semana foi mais acelerado do que nunca devido aos festejos dos 116 anos do Grêmio.
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Presidente divide-se entre o clube e a ofício de advogado. Fotos: Lucas Uebel 

Isso talvez explica por que o presidente tenha chegado, na tarde da última quinta-feira (19), ao CT Luiz Carvalho com um terno em uma das mãos e, na outra, uma camisa do Grêmio para acompanhar o treino. Mais tarde, no jantar de gala do aniversário na Casa NTX, ele discursou com entusiamo sobre a busca do tetracampeonato da Libertadores. “Um grande sonho”, como definiu Bolzan, no vídeo-stories postado no Instagram do Jornal do Comércio, para chamar a entrevista que está, integralmente, a seguir:
Jornal do Comércio - Toda a vez que o senhor fala que a Arena vai estar mais cedo com o Grêmio, o senhor diz que isto está próximo. Afinal, quanto falta?
Romildo Bolzan - Ultimamente, nunca esteve tão próximo. É no fim do ano. O que falta? Antigamente, não tínhamos todas as partes ajustadas. Hoje temos os bancos ajustados, a estruturação do financiamento ajustada e o financiamento do Grêmio para fazer seu aporte na liquidação do empréstimo. O valor será de R$ 113 milhões - uma parte do Grêmio e outra parte da própria OAS. Vai ser vendida uma parte do Estádio Olímpico para aportar R$ 60 milhões desses recursos, e o clube pagará R$ 53 milhões. Já temos a concordância dos bancos para tomar este dinheiro. Não posso dizer com quem será (banco). O Banrisul é nosso parceiro, poderia ser com ele, mas não posso dizer. Já está tudo acertado se a operação andar. Contratamos e pagamos no longo prazo, mas se tiver algum fato financeiro e a economia estiver bem, podemos liquidar antecipado. Vamos pagar a OAS até 2027, com carência até 2022. Trazendo para o valor presente, são R$ 180 milhões no total.
JC - Então, o que falta?
Bolzan - O que falta é a assinatura da Caixa e da Karagounis num acordo final em um processo judicial de execução de sentença de um acordo firmado lá em 2013 e 2014 para obras compensatórias do entorno, cujo cronograma do volume de obras está sendo pactuado, além dos pagamentos. Se a Caixa assinar - só falta deliberar em suas instâncias, não há mais nenhuma pendência. Até o fim do ano, tudo isso tem de ser concluído. Por isso, digo que está próximo, porque falta só uma parte se manifestar.
JC - Como o senhor acompanha esse aval da Caixa?
Bolzan - A Caixa tem alguns receios sobre o acordo, pois a operação na origem da sua contratação, em 2008 ou 2009, está sendo investigada. O banco precisa de segurança jurídica para finalizar ela (a operação). Essa demora tem algum sentido, mas, no momento em que a Caixa der o ok, conseguir deliberar nas suas instâncias as autorizações internas, fica resolvido o problema. Quando digo que está próximo do fim é porque nunca tivemos o acerto com a OAS e com os bancos como temos agora, e finalizamos com todo mundo, menos esta situação com a Caixa.
JC - Mas algo pode dar errado, tipo a Caixa não assinar?
Bolzan - Fomos a Brasília, nos reunimos com o ministro Onyx (Lorenzoni, da Casa Civil) e o presidente da Caixa (Pedro Guimarães). Ficaram de dar uma aprofundada no assunto para terminar: ou sim, ou não. A gente compreende a posição do banco, pois pode ter mais cuidado na decisão, devido à investigação. Mas para mim é tão claro como deve ser resolvido.
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Potencial de receita da Arena é de R$ 50 milhões ao ano. "Hoje a Arena não gera nada"

JC - Qual será o impacto da operação da Arena para as finanças do clube?
Bolzan - Acreditamos que imobilizando o patrimônio da Arena e operando adequadamente todos as linhas de ação a partir do estádio, a gente pode potencializar todos os equipamentos, o que inclui comercializar seus usos, potencializar os camarotes e o quadro social, toda a operação do check-in e check-out, e a arrecadação no dia do jogo. Tudo que significa melhorar a condição da arrecadação desse estádio que está subestimada e que pretendemos fazer. Achamos que podemos implementar tudo isso junto com a torcida. Talvez um terceiro não tenha essa capacidade, por falta de percepção de que aqueles que vão investir aqui dentro não vão ter dúvida de que o dinheiro reverta para o clube. A gente acha que potencializa muito mais tudo.
JC - Qual é o potencial de geração de receita de tudo isso?
Bolzan - Podemos chegar a uma receita de R$ 50 milhões por ano, que é o que a Arena já gera como está, segundo dados do balanço da OAS, mas o potencial é para mais. Esse valor dá o plus necessário para o Grêmio manter o equilíbrio todo o tempo. Hoje a Arena não gera nada para o clube. Calculamos que a despesa de manutenção do estádio esteja em torno de R$ 1,2 milhão.
JC - Qual é a projeção financeira do clube para 2020? A Libertadores é fundamental para terminar bem este ano?
Bolzan - Depende de várias coisas. No caso da Libertadores, o Grêmio recebe por participação. O título de campeão rende US$ 12 milhões (quase R$ 50 milhões), e o de vice, US$ 6 milhões (quase R$ 25 milhões). Nessa última fase, vamos receber US$ 1,75 milhão (R$ 7,2 milhões). Em 2018, tivemos um superávit de R$ 54 milhões (receita total de quase R$ 400 milhões), que foi o melhor do Brasil, e o que pesou foi a venda do Arthur (mais de R$ 100 milhões), com isso pagamos os nossos endividamentos bancários e deixamos de gastar R$ 10 milhões com bancos ao fazer antecipações. Este ano, até setembro, o superávit está em R$ 20 milhões. Para 2020, temos uma dívida de curto prazo em torno de R$ 9 milhões. No longo prazo, teremos o financiamento da Arena.
JC - O senhor não falou da receita com a venda de jogadores.
Bolzan - Temos muitos jogadores cobiçados. Não sabemos como isso vai se comportar - ou seja, qual é o desejo dos clubes por esses jogadores. Queremos estar com eles este ano, mas evidentemente sabemos que chega um momento que os jogadores vão querer sair, o Grêmio precisa, e é bom para as duas partes. Pode ser o Everton, Matheus Henrique, Jean Pyerre, Kannemann.
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Everton e Jean Pyerre podem gerar negócios em 2020 e alavancar receitas do Grêmio

JC - O Jean Pyerre?
Bolzan - Eu não desejo isso. Mas vou te dizer o seguinte: um jogador desse nível está sempre sendo observado. Não quero dizer que a gente vai vender. Não tem proposta, vieram aqui muito superficialmente e dissemos: “Não!”
JC - Da onde?
Bolzan - Da Europa, da Alemanha, França. Teve interesse da Espanha também. Simplesmente dissemos que este ano não temos interesse de nos desfazermos do jogador. Por quê? O Jean Pyerre não ganhou nada no Grêmio ainda. Nossa estratégia de clube é: quando um jogador desse se forma, se sobressai, nossa ideia é ter um ganho desportivo (vencer um campeonato importante) com ele para realizar. É bom para o jogador e bom para nós. Quando isso acontece, valoriza ele e nós. A multa do contrato dele é de 120 milhões de euros (mais de R$ 500 milhões).
JC - O senhor já se recuperou da perda de R$ 22 milhões ou R$ 52 milhões, caso tivesse conquistado a Copa do Brasil?
Bolzan - Jogar a final era suficiente. Teríamos um fluxo bem mais seguro.
JC - Falta aos jogadores entender a dimensão econômica de uma derrota como esta?
Bolzan - Eles entendem muito bem, pois são sócios da premiação. São eles que dão o título, além do salário, eles têm o reconhecimento desse trabalho. E se apoia e se incentiva para que aconteça. Quando não conseguem ganhar, a frustração é deles é nossa também. Creio que mais deles do que nossa é da torcida. Houve uma situação de autoconfiança e isto serve para a gente, vamos combinar, tomar cuidado. Isso deve ser interpretado de uma maneira didático-pedagógica para a gente não cometer os pecados da autoconfiança ou do subconsciente que nos traem. Isso no futebol existe, é muito comum, de a gente se trair pela autoconfiança. Por isso, que pezinho no chão, tudo bem articulado e finalizado, com o emocional de todos bem amarrado, é fundamental. É fun-da-men-tal.
JC - O Renato também caiu no pecado da autoconfiança?
Bolzan - O que fizemos foi a nossa autotraição inconsciente. Todos, ele e eu também. Eu fui para lá muito autoconfiante, claro que sim. Por que não? Com a vantagem daquele tamanho (o Grêmio venceu o primeiro jogo contra o Athletico-PR na Arena por 2 a 0). Todos ficamos traídos. Tenho de confessar isso como uma espécie de reconhecimento daquilo que a gente não pode mais cometer de erros.
JC - Como foi o momento em que o time errou o último pênalti e a vaga da final escapou?
Bolzan - Quando o Grêmio errou o último pênalti, estávamos no camarote e a torcida do Athletico-PR tinha jogado cerveja em todos nós. Tinha sido uma chuva. A polícia toda estava na porta. Atiraram também uma latinha. Para mim, terminou ali. Acabamos indo registrar tudo o que tinha acontecido. Não tive tempo de viver a derrota.
JC - Quanto perder esta vaga e ainda a chance de decidir com o ‘coirmão’ foi pior do que outras derrotas?
Bolzan - Isso foi tratado absolutamente como uma grande decepção. Mas imediatamente à decepção - lembrando que mais próximo do sucesso está a decepção -, temos de buscar a recomposição. Rapidamente, ganhamos de 4 a 1 do Cruzeiro, depois de 3 a 0 do Goiás, buscamos a recuperação no Campeonato Brasileiro e estamos nos condicionando para jogar contra o Flamengo. (Neste sábado (21), outra vitória, com o 3 a 0 sobre o Santos
JC - Esta arrancada embala mais o time para a semifinal da Libertadores?
Bolzan - Muito mais do que você imagina. Isso dá uma revigorada emocional e de atitude, dá uma indignação, uma capacidade de redobrar esforços, de coletivizar, de cobrar do seu companheiro, de fazer todo um processo de ajuste de um time que fica muito solidário, muito coletivo, muito forte em seu conjunto e muito disposto a vencer. Quando tem 11 cabeças dispostas a vencer e aquilo só produzindo ações para vencer, vontade de fazer isso, dá outro efeito.
JC - Isso vai surpreender o Flamengo?
Bolzan - Não acho que vai surpreender, eles esperam isso de nós e nós deles. Vão ser jogos de iguais.
JC - O senhor falou da autoconfiança como um pecado, e a soberba é pior?
Bolzan - A soberba é um comportamento que despreza o outro. Tu adotas um estado de comportamento que está dizendo: sou melhor e automaticamente vou ganhar. É pior, é muito pior. Autoconfiança é um estado de espírito que se trai, mas a soberba, você subestima e despreza o adversário. Aí que está o pecado. A autoconfiança é um erro de comportamento grosseiro, tem de se policiar para não cometer.
JC - E o Renato?
Bolzan - É uma figura fantástica. Uma das figuras mais inteligentes, mais intuitivas que conheço, um ser humano fantástico, generoso e fraterno com os amigos, e, principalmente, tem um comportamento muito, muito, muito leal com todos. Quem pensa que ele é, às vezes, de uma maneira … um pouco arrogante, ele é extremamente frágil. Tem senso de disciplina fantástico e de hierarquia. Às vezes, faz para se autoproteger ou, por ser um grande caráter, se colocar no processo de outra maneira que não é a do verdadeiro Renato. Sabe qual é o verdadeiro Renato? Aquele que desabou em choro quando inauguramos sua estátua aqui na Arena em março.
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O verdadeiro Renato é o que desabou no choro ao inaugurar a estátua, diz Bolzan 

JC - Ele fica ou depende de algumas coisas?
Bolzan - É só ele querer. Ele renova anualmente, discute a cada temporada, ele tem todas as condições de permanecer. Ele jamais vai encontrar um ambiente tão receptivo e amigo, que aceita tanto a sua forma de ser como aqui no Grêmio.
JC - Ele tem essa vontade de dirigir o Flamengo.
Bolzan - É uma situação natural. Não há problema, faz parte do jogo. Ele tem todas as condições de fazer isso, daqui a um tempo ele vai treinar a Seleção Brasileira. E vai fazer isso por méritos. Essas ambições da vida são rigorosamente normais. Pior é o ser humano conformado.
JC - Se o Grêmio ganhar a Libertadores, aumenta a chance do Renato ficar?
Bolzan - Se ganhar, ele sela mais o homem mítico que está cada vez mais caracterizado, simbolizado e reverenciado. O Renato é um vencedor inveterado. Se não classificarmos para a final da Libertadores, não quer dizer que fizemos algo errado, fizemos tudo certo. O que tem de mérito é que o Grêmio está sempre chegando e não só ocasionalmente. O Grêmio disputa tudo. No futebol, você pode ganhar algumas coisas, mas não tudo, mas disputar tudo poucos times fazem. O Grêmio esse ano chegou na semifinal da Libertadores e da Copa do Brasil, está em processo de recuperação no Campeonato Brasileiro, foi campeão gaúcho. O futebol, e o esporte em si, não é para vencer sempre, é simplesmente para ser competitivo. O título é a consagração. Para nós, estar sempre disputando tem um sentido muito importante.
JC - Mas o título é o que garante os números (cifras)..
Bolzan - Claro, ajuda muito. O que o Palmeiras não ganhou até hoje, nem o campeonato paulista. Em compensação, tem números fantásticos.
JC - A trajetória do Grêmio, incluindo a gestão do clube, serve de lição para o futebol brasileiro?
Bolzan - Não. As regras de governança que o Grêmio adotou são as mais tranquilas possíveis. Não temos nenhuma situação muito inovadora aqui. A não ser a compreensão que não é um salvador da pátria, mas que é uma governança sólida, que trabalha exatamente para promover várias instâncias e cenários de decisão e quando decide, decide e quando decide disciplinadamente cumpre. Nossa governança passa pelo Conselho de Administração que discute tudo, pelo CEO que vai executar as ordens do conselho e pelo time de profissionais em cada área que é acionado pelo CEO. Essa governança foi mais culturalmente instituída a partir de 2015. Existia isso antes, mas agora ela opera a pleno. Desses todos, o Conselho de Administração é o único sem remuneração. Ou seja, temos uma gestão muito profissionalizada com molho de acompanhamento cultural das visões do clube e sobre aquilo que a governança manda fazer, que é ter cuidados com todas as áreas.
JC - O senhor falou do potencial da arena para gerar mais receitas...
Bolzan - Sou muito fã disto.
JC - A comunicação dentro do estádio em dia de jogo é terrível.
Bolzan - Os serviços de wi-fi e 4G mudaram muito após a Copa América. A Arena instalou redes novas por exigência do protocolo para a competição. Mas nós não administramos o estádio. Temos várias situações de conforto para resolver. Temos um aplicativo pronto para quem está sentado na cadeira pedir um lanche e comer sem precisar se levantar. Isso será ativado quando assumirmos, junto a várias melhorias e a uma melhor estruturação.
JC - O Grêmio vai revisar os contratos de quem explora serviços, como bares?
Bolzan - Vamos procurar melhorar bastante a governança do estádio.
JC - Muitos torcedores reclamam dos preços ...
Bolzan - Não temos controle sobre os preços. Também pagamos para estar aqui,  R$ 1,8 milhão por mês de cessão onerosa para garantir os direitos dos sócios. Compramos 28 mil cadeiras que são administradas pelo Grêmio.
JC - Assumindo a Arena, como vai ser o primeiro dia sob comando do Grêmio?
Bolzan - Só não começamos isso ainda para não gorar o negócio. Temos todo um projeto pronto para melhorar e aprofundar a discussão de como vamos fazer, inclusive a questão de governança. A forma como vamos operar. Se vamos manter a empresa, se vamos extinguir, se vamos ter um vice-presidente político e um CEO da Arena, como vamos fazer a manutenção. Tudo isso está rigorosamente pensado, só não está decidido. Quem decide é o Conselho de Administração. Quando a situação (da antecipação da devolução da Arena) tiver bem encaminhada e tivermos certeza do negócio, vamos aprofundar os estudos e finalizar a forma como vamos conduzir.
JC - O senhor vai ser candidato ao governo em 2022?
Bolzan - Todo mundo me pergunta isso (risos). Vou colocar uma coisa, pois, às vezes, estar no clube parece proibido fazer política. Não existe isso. A vida da gente não é um momento, é uma sequência, é um resultado de várias coisas. Sinceramente, a pessoa que simplesmente nega o seu passado, nega as suas coisas ou o que fez, porque está na experiência de hoje, é um imbecil. É um homem sem valores, oportunista, até diria. Deixa eu colocar: tenho grande parte da minha vida voltada para questões políticas - fui prefeito e vereador da minha cidade. Presidi um partido (PDT) por oito anos no Rio Grande do Sul que, quando saí, deixei numa posição importante - tinha um senador e oito deputados - três a quatro deputados federais, e um terço dos prefeitos gaúchos da legenda. Eu sou um trabalhista de raiz, tenho vínculos políticos, um partido político, tenho lado político. Não posso nesta convivência simplesmente desconsiderar tudo isso. Convivo muito bem com tudo isso, mas, neste momento, meu projeto, meu processo, é Grêmio. Não gostaria, não quero e não vou aproveitar a notoriedade que o Grêmio me dá para um ambiente político. Enquanto eu estiver aqui, não tem candidatura política, mas posso conviver com meus companheiros, com meus amigos. Colaboro sempre que posso de uma maneira muito pequena.
JC - Seus colegas partidários estão convidando o senhor para se candidatar?
Bolzan - Eles têm falado sobre isso, não sou eu que digo. Isso virou pauta ou agenda porque eles falam, pois tenho dito que, enquanto eu estiver no clube, não tem isso.
JC - O senhor teria vontade de ser governador?
Bolzan - Eu sou um homem de partido e me sinto devedor de algumas coisas. É só isso.
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