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Esportes

- Publicada em 04 de Julho de 2019 às 19:04

Viva o futebol, viva a Copa América, viva um continente que vibra como nenhum outro!!

Caras, culturas e cores marcaram as cinco partidas do torneio em Porto Alegre

Caras, culturas e cores marcaram as cinco partidas do torneio em Porto Alegre


montagem sobre fotos de RAUL ARBOLEDA/AFP e JUAN MABROMATA/AFP
Juliano Tatsch
Porto Alegre cansa de receber jogos internacionais. Os dois grandes clubes da cidade são assíduos frequentadores das disputas continentais e todos os anos vemos por aqui torcedores de clubes argentinos, uruguaios, paraguaios, chilenos, colombianos, bolivianos, peruanos, equatorianos e venezuelanos. O que difere, então, o clima de um jogo de Libertadores do clima de uma partida de Copa América? A resposta mais fácil seria dizer que somente indo em partidas das duas competições para saber a diferença. A mais óbvia é a que a competição que teve nesta quarta-feira o último jogo na Capital envolve seleções e não clubes. Mas, então, podemos dizer que Porto Alegre reviveu neste mês de junho em cinco oportunidades a mesma atmosfera que tivemos em 2014, quando da Copa do Mundo do Brasil? Em partes sim. Em partes não.
Porto Alegre cansa de receber jogos internacionais. Os dois grandes clubes da cidade são assíduos frequentadores das disputas continentais e todos os anos vemos por aqui torcedores de clubes argentinos, uruguaios, paraguaios, chilenos, colombianos, bolivianos, peruanos, equatorianos e venezuelanos. O que difere, então, o clima de um jogo de Libertadores do clima de uma partida de Copa América? A resposta mais fácil seria dizer que somente indo em partidas das duas competições para saber a diferença. A mais óbvia é a que a competição que teve nesta quarta-feira o último jogo na Capital envolve seleções e não clubes. Mas, então, podemos dizer que Porto Alegre reviveu neste mês de junho em cinco oportunidades a mesma atmosfera que tivemos em 2014, quando da Copa do Mundo do Brasil? Em partes sim. Em partes não.
A primeira grande diferença entre as competições reside na ausência de rivalidades regionais no torneio mundial – salvo raras exceções. Na Copa América, é difícil encontrar um duelo que não envolva disputas históricas, nos campos político ou militar, que acabam dando um tempero a mais aos confrontos. Assim, um Chile contra Peru, partida da noite desta quarta-feira em Porto Alegre, não é apenas um jogo de futebol, pois o encontro rememora a Guerra do Pacífico (1879-1883), que colocou as duas nações em lados opostos nos campos de batalha – não de futebol – e resultou na vitória chilena e consequente anexação de territórios dos derrotados.
A segunda diferença estava no comportamento das torcidas. No Mundial, o clima de festa, confraternização e alegria é muito maior. Na Copa de 2014, a Capital viveu dias de consagração, nos quais o jogo dentro de campo era apenas mais um dos vários eventos que envolviam a cidade (quem não lembra do arrastão laranja que a torcida holandesa fez na avenida Borges de Medeiros?). Na Copa América, o que se vê nos olhos de quem vem de fora acompanhar sua seleção é o desejo de vitória acima de tudo. Existe festa sim, ela faz parte, mas a competitividade latina fala mais alto do que o sentimento de harmonia dos povos que se vê em uma Copa do Mundo.
A terceira coisa que distinguiu as duas competições foram as arquibancadas. Enquanto no Mundial de 2014 tivemos um Beira-Rio cheio em todas as oportunidades, com ingressos tendo se esgotados com meses de antecedência, na Copa América de 2019 tivemos uma Arena ora cheia – como nos jogos entre Brasil e Paraguai, Argentina e Catar e Uruguai e Japão - e ora quase vazia, como no confronto entre Peru e Venezuela. O motivo disso é sabido: ingressos a preços altíssimos em um continente quase todo em crise econômica. Além disso, os valores de alimentação dentro do estádio – com uma fatia de pizza custando R$ 18,00, por exemplo – também não eram muito convidativos.
Isso sem falar na qualidade dos gramados dos dois estádios. Só esse ponto daria um texto à parte.
Por outro lado, há sim coisas que aproximam os dois torneios de seleções. Uma delas é a presença de estrangeiros em grupos circulando pela Capital. Seja no Centro, perto dos hotéis, seja nos bares da boêmia Cidade Baixa, bastava dar uma caminhada breve para cruzar com argentinos em chamas entoando seus gritos de guerra, com peruanos orgulhosos com a brava campanha de seu selecionado, ou com uruguaios mateando uniformizados com a belíssima camiseta celeste. Até os contidos japoneses estiveram por aqui. A torcida brasileira, por sua vez, não é mesma que, costumeiramente, vai a estádios de futebol. Os altos valores dos ingressos levam um público diferente às Arenas, com mais condições financeiras para arcar com os altos custos da jornada, menos assíduo no futebol do dia dia, e mais ligado na celebração de um jogo de seleção brasileira. 
A organização do campeonato continental também precisa ser elogiada. Tirando os já conhecidos problemas de circulação nos arredores da Arena – que a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) se esforçou para resolver, melhorando de jogo para jogo, aprendendo com os erros, mas, ainda assim, não conseguindo resolver de todo em nenhuma das partidas – no estádio as coisas funcionaram quase à perfeição. Com os orientadores contratados e treinados pela Conmebol muito bem informados e instruídos e um estádio devidamente sinalizado, dentro e fora dele, foi fácil para torcida e imprensa, brasileiras e estrangeiras, curtirem e trabalharem na Capital.
Ao fim e ao cabo, o balanço que se pode fazer da Copa América em Porto Alegre é positivo. A troca cultural sempre é bem-vinda – como é bonito ver rostos diversos e ouvir línguas diferentes! – e a organização não deixou a desejar. Há pontos a serem corrigidos e melhorados para uma próxima ocasião? Muitos. Isso, porém, não tira o brilho do torneio e o charme de ser a mais antiga competição de seleções. O futebol sul-americano vibra como nenhum outro no mundo, a Copa América vive e segue forte há 46 edições, e Porto Alegre, ainda viva, respirou um pouco desse ar cheio de energia por quase um mês. Vai dar saudade.
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