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TENDÊNCIAS

- Publicada em 17 de Maio de 2019 às 03:00

Rótulos com diferencial: cheios de arte e história

Rótulo feito um a um pela Tinta Tinto, vinícola chilena; La part du Colibri da França tem design e história

Rótulo feito um a um pela Tinta Tinto, vinícola chilena; La part du Colibri da França tem design e história


DE LACROIX/DIVULGAÇÃO/JC e LA CHARBONNADE/DIVULGAÇÃO/JC
Roberto Carranca e Javiera Fuentes produzem artesanalmente os vinhos da pequena bodega chilena Tinta Tinto. Eles se envolvem desde a escolha da matéria-prima, uvas de qualidade cultivadas em Casablanca e Maipo, até a produção dos rótulos pintados e numerados à mão. A arte é feita com a ajuda de uma batata utilizada como carimbo e a caligrafia dele dá personalidade à garrafa que carrega a essência do "vinho de autor". "Esse é um mercado que permite que cada vinícola possa inventar algo novo sempre", observa Maynon Heidrich, sommelier e gerente comercial da La Charbonnade, importadora de bebidas e adega de vinhos, localizada em Canela, e focada em vinícolas boutiques, projetos de enólogos conceituados e vinhos incomuns.
Roberto Carranca e Javiera Fuentes produzem artesanalmente os vinhos da pequena bodega chilena Tinta Tinto. Eles se envolvem desde a escolha da matéria-prima, uvas de qualidade cultivadas em Casablanca e Maipo, até a produção dos rótulos pintados e numerados à mão. A arte é feita com a ajuda de uma batata utilizada como carimbo e a caligrafia dele dá personalidade à garrafa que carrega a essência do "vinho de autor". "Esse é um mercado que permite que cada vinícola possa inventar algo novo sempre", observa Maynon Heidrich, sommelier e gerente comercial da La Charbonnade, importadora de bebidas e adega de vinhos, localizada em Canela, e focada em vinícolas boutiques, projetos de enólogos conceituados e vinhos incomuns.
Ainda que o rótulo não seja fator determinante nas escolhas dos produtos garimpados pela importadora - uma vez que, para Heidrich, a máxima "quem vê cara não vê coração" se aplique muito bem ao mundo dos vinhos - é possível notar esse pode ser um diferencial para o consumidor está começando a se interessar pela bebida. "O que a gente nota é que os jovens levam isso mais em conta", observa. A seleção dos produtos leva em conta, acima de tudo, as pessoas que estão por trás do vinho. "Há inúmeras vinícolas por aí que fazem excelentes produtos, mas, além do terroir, pesamos muito a relação da pessoa com o vinho e a nossa interação com o produtor".
Guilherme Mendes, criador do e-commerce VinhoMix, também acredita neste movimento. "Estamos ligados a um movimento que une chefs, sommelieres, selecionadores e importadores diretamente ligados ao consumo consciente e autossustentável. A filosofia de cada produtor é mais importante que o rótulo do vinho que ele faz. Conhecer e principalmente se identificar com cada produtor é o mais importante para fazer a nossa seleção", explica.
Para Mendes, o rótulo mais ousado é uma consequência da liberdade de expressão do produtor refletida na arte gráfica e no vinho. "No mercado internacional, o que tenho observado é uma tendência para inovar e ficar livre para criar rótulos mais ousados por parte de produtores que têm vinhos que não fazem mais questão de pertencer e seguir às leis das DOCS (denominação de origem). Ser contemporâneo me parece mais uma vontade do produtor de ser livre e fazer o vinho que realmente deseja do que uma questão de rótulo", comenta.
Fernanda Xavier, representante da De La Croix Importation, empresa dedicada em trazer ao Brasil vinhos franceses especiais, observa que rótulos mais contemporâneos parecem ser uma tendência no chamado "velho mundo". O rótulo de um vinho, na prateleira, pode chamar a atenção por sua arte, pelo próprio nome do vinho, mas também pela mensagem que transmite. Vincent Caillé, produtor francês, está entre os exemplos. Um de seus rótulos mais famosos, batizado de "La Part du Colibri", faz menção a lenda do beija-flor. "Essa é uma história conhecida: o pássaro captava pequenas gotas de água com seu bico para ajudar a apagar um grande incêndio na floresta. Quando confrontado pelos outros animais, que diziam que o que estava fazendo não adiantaria, o beija-flor responde que pelo menos estava fazendo a sua parte. Uma boa metáfora ao trabalho de produtores como Caillé que trabalham com o cultivo biodinâmico na região do Loire, demonstrando preocupação e cuidado com o meio ambiente", conta Fernanda.
Seguindo exemplos de vinhos internacionais de países como França e Chile, o mercado brasileiro mostra-se com espaço para modernização de rótulos com mais criatividade, design e conteúdo de marca. "Mesmo que de forma lenta, o mercado avança em direção a este tipo de proposta. Os produtores de vinhos naturais têm trabalhado de forma mais intensa na construção de rótulos mais contemporâneos e divertidos", comenta.
Mendes observa ainda que o movimento dos vinhos naturais tem tido papel importante para a concepção de rótulos com mais leveza. "O rótulo reflete a filosofia das empresas que vendem esses vinhos", reconhece.

Bons vinhos e bons amigos

Arte da LH Zanini é assinada por artista belga

Arte da LH Zanini é assinada por artista belga


/VALLONTANO/DIVULGAÇÃO/JC
A Vallontano deu o nome de seu poeta vinhateiro, Luís Henrique Zanini, ao espumante mais especial da vinícola gaúcha. O rótulo, que é alegre, colorido e divertido, foi criado pelo renomado artista belga Maurice Rosy. O cartunista morou boa parte de sua vida em Paris, na França, foi autor de centenas de obras clássicas do cartoon francês e sua obra já foi traduzida para dezenas de países.
O rótulo foi um presente-surpresa para o vinhateiro. Em sua passagem pela França, durante estágio na Borgonha, Zanini conheceu Maurice, e se tornaram amigos. Após um farto e bem regado jantar, Zanini brincou e perguntou para o cartunista se ele não criaria um rótulo para a Vallontano, sua vinícola. Ele ficou sério e não respondeu. Meses depois, Zanini recebeu um envelope pelo correio diretamente da Europa. Desde então, a obra inédita ilustra cada garrafa da linha. Quando eles se reencontraram, Zanini mostrou a intenção de pagar pela arte do rótulo e Maurice disse: "fica pela causa", referindo-se ao modo mais natural e artesanal de se fazer vinhos, bandeira levantada por Zanini.