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Reportagem Cultural

- Publicada em 05 de Maio de 2022 às 16:10

Os 270 anos do patrimônio cultural açoriano em Santo Amaro do Sul

Impregnada de história, cidade às margens do rio Jacuí é um dos principais berços da imigração açoriana no Rio Grande do Sul; por via rodoviária, está a 90 quilômetros de distância de Porto Alegre

Impregnada de história, cidade às margens do rio Jacuí é um dos principais berços da imigração açoriana no Rio Grande do Sul; por via rodoviária, está a 90 quilômetros de distância de Porto Alegre


/PEDRO HAASE FILHO/ESPECIAL/JC
Debruçada numa elevação à margem esquerda do rio Jacuí, Santo Amaro do Sul parece viver num paradoxo entre a realidade e a ficção, o que pode surpreender só a quem ainda não a conhece. Como se fosse um cenário cinematográfico, que de fato chegou a ser, está impregnada de história, que se revela arquitetonicamente nas ruas do contorno urbano com seu casario dos séculos XVIII e XIX, a maioria ainda em apreciável estado de preservação. O lugarejo, que celebrou 270 anos de existência em 1º de maio, nos remete irremediavelmente ao passado. Fundado em 1752, é um povoamento mais antigo do que Porto Alegre, que comemora 250 anos. Sem dúvida, constitui-se num dos principais e mais simbólicos berços da imigração açoriana no Rio Grande do Sul. Por via rodoviária, fica tão somente a 90 quilômetros da Capital.
Debruçada numa elevação à margem esquerda do rio Jacuí, Santo Amaro do Sul parece viver num paradoxo entre a realidade e a ficção, o que pode surpreender só a quem ainda não a conhece. Como se fosse um cenário cinematográfico, que de fato chegou a ser, está impregnada de história, que se revela arquitetonicamente nas ruas do contorno urbano com seu casario dos séculos XVIII e XIX, a maioria ainda em apreciável estado de preservação. O lugarejo, que celebrou 270 anos de existência em 1º de maio, nos remete irremediavelmente ao passado. Fundado em 1752, é um povoamento mais antigo do que Porto Alegre, que comemora 250 anos. Sem dúvida, constitui-se num dos principais e mais simbólicos berços da imigração açoriana no Rio Grande do Sul. Por via rodoviária, fica tão somente a 90 quilômetros da Capital.
A localidade surgiu como um entreposto comercial de base fluvial para abastecer os colonos portugueses que, vindos do Arquipélago dos Açores, se estabeleceram como sesmeiros por ali. Até então, a área era habitada majoritariamente por indígenas. Muitos desses imigrantes partiram daquele sítio para colonizar outras regiões do Estado. Em 1773, tornou-se freguesia, ganhando o nome de Santo Amaro. Com o transcorrer do tempo, cresceu, virou vila, depois distrito, mais adiante sede de município e voltou a ser um distrito no final dos anos 1930, quando General Câmara, à qual hoje pertence, foi elevada à condição de cidade por passar a sediar o Arsenal de Guerra do Exército Brasileiro.
O nobre e oficial militar português Antônio Gomes Freire de Andrade, que governava o Rio Grande na metade do século 18, é considerado o fundador de Santo Amaro. Com a assinatura do Tratado de Madrid (1750), Freire de Andrade foi designado pela coroa portuguesa para a missão de delimitar as fronteiras com as colônias espanholas. Conhecedor da região, estabeleceu às margens do Jacuí este posto que serviria de apoio aos imigrantes que chegavam para ocupar as terras reservadas a Portugal naquelas bandas e, também, àqueles que estavam de passagem em direção a outras áreas.
Somando-se as populações rural e urbana, cerca de 1.200 habitantes vivem por lá nos dias atuais. A parcela economicamente ativa divide-se entre atividades agrícolas e de pesca. A área central do vilarejo apresenta-se como um museu a céu aberto, formado por prédios em estilo barroco que conservam características originais de quando foram construídos. A maioria há mais de 200 anos. Quatorze destas edificações e a praça central, batizada Marechal Câmara, são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). A igreja matriz é a quarta mais antiga existente em território gaúcho, inaugurada em 1787, sobressaindo-se no largo formado por imensas figueiras e outras espécies pelo realce de suas cores azul celeste e branco. Na rua aos fundos do templo católico, localiza-se o casarão onde nasceu e viveu na idade adulta José Gomes de Vasconcelos Jardim, herói na Guerra dos Farrapos (1835) e primeiro presidente da República Rio-grandense. De propriedade particular, ainda que tombado, o prédio está em más condições de conservação e se encontra, inclusive, à venda.
A presença açoriana no Rio Grande do Sul remonta, justamente, ao período logo posterior à assinatura do tratado de divisão territorial da América do Sul entre Portugal e Espanha. Na época, durante cinco anos, em 14 diferentes viagens de navio, atravessando o Atlântico, desembarcam na antiga Ilha do Desterro (atual Florianópolis) cerca de 15 mil imigrantes vindos das ilhas que formam os Açores. Destes, um pouco mais de 5 mil aventuraram-se por terras gaúchas.
De ascendência açoriana e entusiasta da cultura de seus antepassados insulares, o viajante e jornalista alegretense Marçal Alves Leite, nos conta como ocorreu o assentamento por aqui: "Pelo Tratado de Madrid, os portugueses devolveram Colônia do Sacramento (situada no Uruguai) aos espanhóis e receberam em contrapartida as regiões das Missões e Campanha. Para a ocupação destas áreas, o governo lusitano realocou para lá parte dos imigrantes recém estabelecidos em Rio Pardo, Triunfo e Santo Amaro, além de outras áreas nos arredores dos rios Jacuí e Taquari. Da mesma forma, outras levas de açorianos que aportaram no Sul do País se quedaram no litoral ou seguiram no rumo delineado pela Lagoa dos Patos e cercanias."
Beneficiado pela posição estratégica neste movimento populacional do século XVIII, o assentamento fundado por Freire de Andrade logo tornou-se freguesia, sob o nome de Santo Amaro. A escolha, feita pelos religiosos imigrantes açorianos, foi em louvor ao monge Amaro, discípulo de São Bento, que viveu até meados do século VI. A localidade gaúcha tem quatro homônimos no Brasil homenageando o santo beneditino, nascido em Roma no final dos anos 400. O mais saliente é Santo Amaro, na Bahia. Terra da família Veloso. De dona Canô, Caetano e Bethânia... Os demais estão em Santa Catarina ("da Imperatriz"), Maranhão ("do Maranhão") e Sergipe ("das Brotas").
Houve um tempo em que todos eles eram apenas Santo Amaro, até um decreto federal de 1941 determinar a eliminação de topônimos municipais idênticos no País. A cidade baiana teve a primazia de ser a única a carregar oficialmente o nome de Santo Amaro tão somente, ainda que muitos a conheçam com o apodo de "da Purificação". Aqui, em função da nova lei, antes de agregar "do Sul" ao nome, o então município de Santo Amaro chegou a chamar-se Amarálopis. Este é, inclusive, o nome que identifica a desativada estação ferroviária local.

A realidade e a ficção

Santo Amaro do Sul foi cenário para filme baseado nos escritos de Erico Verissimo, o que marcou a história do distrito

Santo Amaro do Sul foi cenário para filme baseado nos escritos de Erico Verissimo, o que marcou a história do distrito


/PEDRO HAASE FILHO/ESPECIAL/JC
Entre os prédios tombados pelo Iphan em Santo Amaro do Sul, além da igreja e da casa de Gomes Jardim, destacam-se na paisagem local, principalmente, os do próprio terminal ferroviário (fundado em 1883 e desativado desde 1961) e da antiga sede da intendência, que hoje abriga o Centro de Atendimento ao Turista (CAT) junto com um pequeno museu ainda em processo de formação. Ali, estão alguns móveis e utensílios de tempos passados. Ao lado do CAT, outros dois casarões sobressaem-se no cenário ao redor da Praça Marechal Câmara, na face oposta à da matriz. Nas cercanias, fica ainda o antigo hotel, um sobradão construído em 1882 para abrigar viajantes que passavam pelo vilarejo. Recentemente, foi restaurado, mas se encontra desocupado.
A estação de trens, inicialmente, servia como ponto de partida para quem vinha de outras regiões do norte e leste do Estado e seguia no rumo oeste, com parada final em Cachoeira do Sul, de onde continuavam em carroças ou a cavalo. A viação férrea estendeu sua malha até Uruguaiana só em 1907. E até a década de 1910, a ligação Porto Alegre-Santo Amaro era feita por navegação fluvial. Em 1911, a inauguração da linha até Montenegro fez a conexão terrestre com a Capital. Bem próxima ao prédio da estação, está localizada a Barragem Eclusa de Amarópolis, concluída em 1974. A obra tem a função de ajudar embarcações a superarem o desnível do rio e, assim, seguirem em direção a Cachoeira. À exceção do terminal ferroviário e de um bem conservado sobrado do século 18, ambos situados praticamente à margem do Jacuí, as demais edificações ficam próximas umas das outras, formando um quadrilátero na elevação de terreno nos entornos da praça central, onde uma imensa e bicentenária figueira repousa garbosamente até hoje.
Com todo este cenário à disposição, estando ainda mais preservado 52 anos atrás, não foi difícil para os produtores do filme Um Certo Capitão Rodrigo escolherem Santo Amaro do Sul como principal locação das cenas que transportariam para a tela a história do personagem criado pelo escritor gaúcho Erico Verissimo. Naquele tempo, inclusive, as ruas locais eram ainda de chão batido, nem calçamento havia. Em junho de 1970, o diretor Anselmo Duarte, atores, equipe de produção e toda a parafernália de equipamentos cinematográficos desembarcaram no vilarejo para gravar o épico.
O longa-metragem é baseado no primeiro volume de O Continente, parte inicial da trilogia de O Tempo e o Vento, e está ambientado nos idos de 1820. No papel do destemido gaudério Rodrigo Cambará, figurava o ator Francisco Di Franco, enquanto a atriz Elza de Castro interpretava Bibiana, formando o casal romântico. E o pai da heroína, Pedro Terra, foi representado pelo icônico folclorista, musicista, agrônomo e escritor santanense Paixão Côrtes, falecido em 2018, aos 91 anos. Além de Santo Amaro, ocorreram outras locações em Triunfo, Santa Maria e General Câmara.

Testemunha ocular

Estação de trens desativada ainda traz o antigo nome Amarápolis na fachada

Estação de trens desativada ainda traz o antigo nome Amarápolis na fachada


PEDRO HAASE FILHO/ESPECIAL/JC
O jornalista José Antônio Vieira da Cunha iniciava sua carreira como repórter da extinta Folha da Manhã quando foi destacado para fazer a cobertura daquelas filmagens e teve a oportunidade de ir algumas vezes a Santo Amaro do Sul. Aposentado e vivendo em Florianópolis, Vieirinha, como é chamado por seus colegas de profissão, lembra bem as circunstâncias que envolveram a produção dirigida por Anselmo Duarte: "O casario local, de fato, facilitou muito para a reconstituição de época. Bastou que fossem retirados os postes de iluminação pública, além de outros dois ou três retoques, para que o vilarejo se transformasse na Santa Fé (cidade fictícia onde se passa a saga dos Cambará) idealizada por Verissimo em O Tempo e o Vento."
Não à toa, Vieira da Cunha, numa das suas incursões a Santa Amaro, para acompanhar uma visita do escritor ao set de gravações, ouviu do próprio Erico uma exclamação de espanto: "É tudo igual!", referindo-se às semelhanças entre o cenário real que via in loco e aquele fictício que imaginou em sua obra clássica. Em recente artigo na sua coluna semanal no site Coletiva, lembrando-se de quando esteve nas filmagens, o jornalista descreveu: "A visita de Erico foi tão comemorada, tanto pelos cidadãos reais como por aqueles imaginados por ele, que a cidadezinha literalmente parou nesse dia. E mais: vivenciaram um inédito momento, com os personagens literalmente desfilando para o escritor. Foi incrível: na rua principal, todos eles, com o vestuário de época criado pra o filme, fizeram uma apresentação especial para o seu criador, mesmo desafiando uma chuvinha fria que se arrastou pela tarde."
Outra recordação preciosa do atento repórter refere-se à trilha sonora do filme, que foi apresentada ao escritor naquela ocasião pelo compositor Paulo Ruschel. "Erico só fez um pedido, que certo versinho de sua obra não ficasse de fora. E ele próprio declamou: 'Sou valente com as armas/ Sou guapo como um leão/ Índio velho sem governo/ Minha lei é o coração'", recapitulou Vieira da Cunha.

A gente local

Anajara tinha 12 anos quando longa-metragem foi rodado na região

Anajara tinha 12 anos quando longa-metragem foi rodado na região


/PEDRO HAASE FILHO/ESPECIAL/JC
Até hoje, o rebuliço causado pelas filmagens em Santo Amaro do Sul está na memória afetiva dos seus habitantes, em especial daqueles poucos que chegaram a vivenciar o evento. É o caso de Anajara Maria de Melo da Silva, que tinha 12 anos quando foi rodado o longa-metragem, no qual participou como figurante. Atualmente, ela é a diligente coordenadora do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), onde também cuida do pequeno museu que abrigas vários utensílios de séculos passados e parte do figurino utilizado nas locações - réplicas de vestimentas da época -, além de uma coleção completa de obras e escritos do historiador, advogado e ex-prefeito Francisco Pereira Rodrigues, este por si só um personagem à parte. Estudioso e apaixonado por Santo Amaro, lá nasceu e viveu até morrer, em 2020, aos 107 anos. Colaborador durante décadas do jornal Correio do Povo e membro da Academia Rio-grandense de Letras, deixou uma extensa bibliografia, quase toda dedicada ao torrão natal.
Anajara ainda guarda bem presente em suas reminiscências alguns episódios que vivenciou durante as filmagens. "Lembro bem das gravações do casamento do Capitão Rodrigo e da Bibiana. Foi nessa parte que eu participei como figurante na igreja, com várias outras crianças. A gente primeiro assistiu à cerimônia e, dali, fomos para o casarão do Gomes Jardim, atrás da igreja, onde filmaram as cenas da festa de casamento. Também recordo que no pátio aos fundos da casa havia mesas grandes e fizeram um churrasco e cozinharam aipim", contou.
Outra situação que ficou viva nas lembranças da santamarense foi quando o ator Francisco Di Franco recém havia se instalado na comunidade. "Eles tinham feito uma venda que era réplica do bolicho do Nicolau (conforme descrito em O Continente) no casarão aqui ao lado do CAT. Tinha uma sala para descanso onde alguns figurantes jogavam carta. Quando aquele bonitão entrou para conhecer o local, o pessoal olhou meio atravessado para ele, um cara tão diferente chegando na vila... Ele então falou: 'Eu chego, sento e me espalho. Quem me olhar atravessado eu dou de talho.' Então, o capitão (Di Franco) se sentou e pediu para comer linguiça frita. Em seguida o ambiente ficou amigável". A frase citada por Anajara refere-se à fala descrita no livro de Erico Verissimo quando da chegada de Rodrigo Cambará a Santa Fé, que virou uma citação clássica sobre a personalidade do protagonista da trama.

A guardiã alemã

Dona Olinda cria pinturas a óleo, com temáticas ligadas à herança açoriana

Dona Olinda cria pinturas a óleo, com temáticas ligadas à herança açoriana


PEDRO HAASE FILHO/ESPECIAL/JC
Dona Olinda Guilhermina Konrad foi morar em Santo Amaro do Sul há mais de 40 anos, apenas dois depois das famosas filmagens. Nascida em Venâncio Aires e de ascendência alemã, já conhecia um tanto da história local. Mas foi a convivência na comunidade que a transformou numa verdadeira divulgadora da cultura açoriana. "Sou natural de Venâncio Aires e, quando estudante na Escola Normal Nossa Senhora Aparecida, a gente recebia muitas informações sobre a história daqui, por ser o município mãe de Venâncio, que era quarto distrito de Santo Amaro no final do século XIX", explica, do alto dos seus 79 anos. Casada há 55 anos com seu Pedro Konrad, os dois são proprietários da Pousada e Restaurante Coqueiro, também uma espécie de centro cultural não oficial do lugar.
Além de dona Olinda ser uma especialista na história santamarense, seu apreço e esmero em preparar pratos da culinária açoriana, em particular aqueles à base de peixes, é uma atração à parte na localidade. Sua imersão na cultura açoriana teve um incremento quando começou a trocar informações com o Instituto Cultural Português, sediado em Porto Alegre. A partir desta relação, ela pôde contribuir para o inventário do tombamento histórico de prédios da vila, servindo de base para a homologação pelo Iphan.
Todo este envolvimento fez dela uma consulesa informal de Portugal na região, além de ter recebido, juntamente com o esposo, o título de Cidadão Camarense em 2009. Sua paixão por Santo Amaro se expressa nas artes plásticas. Seu estabelecimento é decorado com diversos quadros pintados a óleo com temática local. "Aos 12 anos, eu era interna na escola e tinha aula de pintura. Aprendi com a Irmã Lindberg, muito detalhista. Peguei as manias dela e, quando comecei a fazer telas de cenas e casas de Santo Amaro, apliquei esta influência", completa.
 

No caminho para o futuro

Igreja de Santo Amaro é uma das edificações mais emblemáticas do patrimônio histórico local

Igreja de Santo Amaro é uma das edificações mais emblemáticas do patrimônio histórico local


/PEDRO HAASE FILHO/ESPECIAL/JC
Os predicados para ser um local de atração turística estão bem presentes em Santo Amaro do Sul. Entretanto, por muito tempo, este potencial não recebeu a atenção merecida. Ainda que o vilarejo seja divulgado em obras editoriais, como naquelas de autoria de Francisco Pereira Rodrigues e em pelo menos dois outros livros de anos recentes - Arquitetando Santo Amaro a Partir de Suas Origens, organizado por Angelita Martins de Brito e Vera Lucia Maciel Barroso, e O Patrimônio da Fé: Santo Amaro do Sul, também de Angelita em parceria com Marcelo Mallmann -, além de trabalhos acadêmicos.
No âmbito da administração pública, a partir de 2018 começou a ser concebido um projeto de roteiro turístico pela prefeitura de General Câmara. Este recebeu a denominação de Caminho Açoriano, sob o conceito de valorizar a memória, cultivar as raízes e construir uma nova história. Como explica a secretária de Planejamento, Carla Müller, "o projeto visa a ampliar o conhecimento sobre a importância histórica de Santo Amaro e, ao mesmo tempo, criando ações para atrair visitantes e trazendo recursos que possam ser revertidos para a recuperação do patrimônio local e outros objetivos em termos de preservação cultural.".
O andamento do projeto Caminho Açoriano sofreu os percalços causados pelas circunstâncias com a chegada da pandemia de Covid-19, no começo de 2020, ficando, então, sem continuidade. Mas em julho de 2021, com a visita oficial a Santa Amaro do Sul do embaixador português no Brasil, Luís Faro Ramos, a ideia foi revigorada, e o roteiro turístico voltou a ser protagonista nos planos do governo municipal. Tanto que, recentemente, no dia 27 de março, já como parte desta retomada, e celebrando os 270 anos, realizou-se o festival Santo Amaro em Portugal, que teve apresentações artísticas de colegiais e do grupo de danças Rancho Folclórico, mais desfile temático e o show musical Alma Portuguesa, além de comida típica. Um passo a mais no caminho ao futuro.
 

* Pedro Haase Filho é graduado em Jornalismo e História. Atuou nas rádios Gaúcha, Bandeirantes e Guaíba e nas redações de Zero Hora, Correio do Povo e Diário Catarinense. Em 1994, foi editor-executivo do jornal Brasil Today, publicado na Califórnia, EUA. Desde 2000 dedica-se à edição de livros, tendo produzido mais de 120 títulos. É autor de três obras de memória corporativa e está escrevendo um livro sobre os 125 anos do Clube do Comércio de Porto Alegre.